Topo

Saída de Rede

Em “ano excepcional”, ZRG admite: é preciso aprender a jogar com asiáticas

João Batista Junior

19/10/2017 06h00

Zé Roberto enaltece resultados da seleção feminina: "Acima das expectativas" (fotos: FIVB)

Com títulos no Torneio de Montreux, no Grand Prix e no Sul-Americano, além de uma medalha de prata na Copa dos Campeões, numa temporada em que apenas quatro jogadoras com experiência olímpica foram convocadas a compor o time feminino do Brasil, o técnico José Roberto Guimarães pode dizer que a seleção cumpriu bom papel em 2017. "Foi um ano excepcional, acima das expectativas, com um grupo novo e com planejamento até 2020", enalteceu o treinador.

Porém, quando o assunto é o retrospecto do Brasil este ano contra sextetos orientais, a situação muda de figura. Em contraste com vitórias sobre sérvias, norte-americanas, holandesas e russas, o time sofreu reveses diante de chinesas, japonesas e, até, tailandesas. Essa dificuldade, como ressaltou Zé Roberto, não é nova nem é exclusiva do elenco atual.

"Aprender a jogar contra essas equipes, que têm uma velocidade diferenciada, é importante. Esse grupo tem que aprender a jogar contra equipes asiáticas, o que sempre foi uma grande dificuldade (para as seleções que o Brasil já montou)", lembrou o tricampeão olímpico, que também comanda o Hinode Barueri, na Superliga feminina.

Siga o @saidaderede no Twitter
Curta a página do Saida de Rede no Facebook

No cômputo dos torneios deste ano, as brasileiras encontraram asiáticas do outro lado da rede em oito oportunidades e perderam cinco vezes. Na fase classificatória do Grand Prix, caíram para as tailandesas em sets diretos e para as japonesas no tie break, e ainda perderam para as chinesas por 3-0. Na Copa dos Campeões, foram batidas pelas chinesas depois de abrirem 10-5 no set desempate e desperdiçarem dois match points, e perderam também por 3-2 para o Japão. "Ter perdido mostrou que o caminho é aprender a jogar com elas, tentar fazer mais jogos", analisa.

Japão venceu Brasil duas vezes em 2017

Por outro lado, o técnico brasileiro lembra que o fator torcida também deve ser considerado na hora de avaliar o rendimento da seleção diante dessas rivais. Ele toma como exemplo o sexteto japonês.

"A gente tem a felicidade de jogar com o Japão em casa, ano que vem, e os dois jogos que perdemos (para as japonesas) foram no Japão. Vamos ver em casa como o time vai se comportar na primeira fase da Liga Mundial feminina", ressaltou Zé Roberto – como o Saída de Rede informou em primeira mão, há três meses, o Brasil terá Japão, Sérvia e Alemanha no primeiro fim de semana da competição que substitui o Grand Prix e se chamará Volleyball Nations League.

Mundial
Necessidade de se adaptar ao jogo das asiáticas à parte, o técnico José Roberto Guimarães demonstra otimismo em relação ao 2018 da seleção brasileira, o ano do Campeonato Mundial do Japão.

É claro que os Jogos Olímpicos são a obsessão de seleções e atletas do vôlei, são o ponto final na linha do tempo do planejamento das comissões técnicas. Isso, no entanto, não diminui em nada a relevância do Campeonato Mundial e a importância de uma boa campanha no torneio.

Para o campeonato do ano que vem, Zé Roberto afirma que os resultados obtidos em 2017 trazem confiança para um elenco que tem se renovado e que ainda deve ser reforçado por atletas mais experientes.

Bronze em 2014, seleção feminina nunca foi campeã mundial

"Vamos ver, nesse próximo ano, como a volta de algumas jogadoras vai encaixar nesse grupo, que teve um ano muito interessante. Estou numa expectativa muito grande em relação à seleção, porque a gente saiu com resultados positivos. As jogadoras que participaram este ano estão com uma autoestima importante pelo que realizaram. Agora, fica a expectativa pela manutenção desses resultados", frisou o treinador.

O título mundial de seleções ainda é uma lacuna no histórico do vôlei feminino do Brasil, três vezes vice-campeão da competição (1994, 2006 e 2010), e também na carreira de José Roberto Guimarães: ele comandou as brasileiras nos três últimos mundiais, quando conquistaram duas pratas e um bronze (2014), e dirigiu a equipe masculina na campanha do quinto lugar na edição de 1994.

Colaborou Carolina Canossa

Sobre a autora

Carolina Canossa - Jornalista com experiência de dez anos na cobertura de esportes olímpicos, com destaque para o vôlei, incluindo torneios internacionais masculinos e femininos.

Sobre o blog

O Saída de Rede é um blog que apresenta reportagens e análises sobre o que acontece no vôlei, além de lembrar momentos históricos da modalidade. Nosso objetivo é debater o vôlei de maneira séria e qualificada, tendo em vista não só chamar a atenção dos fãs da modalidade, mas também de pessoas que não costumam acompanhar as partidas regularmente.

Blog Saída de Rede