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Teste com as novas regras desagrada técnicos das seleções sub-23

João Batista Junior

15/08/2017 06h00

Treinador da seleção sub-23, Giovane não gostou das mudanças impostas no ataque e no saque (Bruno Miani/Inovafoto/CBV)

Às vésperas da abertura do Campeonato Mundial masculino sub-23 do Egito, o público do vôlei se prepara para acompanhar uma competição que testa algumas das mudanças mais radicais que a modalidade sofreu nos últimos anos. O mesmo valerá para a versão feminina do torneio, que ocorrerá em setembro, na Eslovênia.

Haverá três grandes modificações nas regras para os mundiais desta categoria em 2017: (1) as partidas serão disputadas em até sete sets de 15 pontos, (2) o jogador que efetuar o serviço não poderá aterrissar dentro da área de jogo, o que deve inibir o saque viagem, assim como (3) quem efetuar o ataque do fundo de quadra não poderá cair dentro da linha de 3 metros, o que deve mudar bastante a dinâmica da armação de jogadas.

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Tanto o técnico Giovane Gávio, da seleção brasileira masculina sub-23, quanto Wagão, da feminina, demonstram otimismo em relação às sete parciais de 15 pontos. Os dois enxergam na mudança matemática uma tentativa da Federação Internacional de Vôlei (FIVB) para dinamizar o jogo e, com isso, atrair a televisão – uma tendência, lembra Giovane, que acompanha a modalidade já há algum tempo.

"Desde 1996, a FIVB vem fazendo adaptações no vôlei, principalmente com o objetivo de facilitar as transmissões ao vivo, (propiciar) mais emoção. Acho que estão seguindo nessa linha. Acho que esse é o principal objetiva da mudança pra sete sets de 15 pontos, e pode ser que consigam", comentou o bicampeão olímpico em Barcelona 1992 e Atenas 2004.

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Contudo, as modificações no ataque e no saque desagradaram os dois treinadores. "Elas vão na contramão da evolução do voleibol. Tira um pouco do brilho do espetáculo", sentenciou Wagão.

Wagão: "Ataque do fundo e saque forçado são evoluções do esporte" (foto: FIVB)

"O ataque do fundo e o saque forçado são evoluções do esporte. Nesse caso, não acredito que vale a pena fazer teste, pois estaremos voltando ao passado do voleibol. As propostas que agilizam o jogo são válidas, mas, com os aspectos técnicos do ataque de fundo e invadir a linha do saque, eu não concordo, pois tira parte do aspecto plástico do jogo", criticou o comandante da seleção brasileira feminina sub-23.

Nessa mesma esteira, Giovane afirma que limitar a ação do atacante no fundo de quadra "é uma regra mal feita. Não existe isso de você não poder cair dentro da área de 3 metros. Isso não existe", enfatizou.

"Teria de mudar toda a mecânica do movimento e acho que não está sendo bem pensada. Sou contra, acho que não traz benefício nenhum pro vôlei. Pelo contrário, tira essa parte espetacular do ataque pelo fundo, o salto em extensão, que é bonito, (diminui) possibilidades de ataque que foram conquistadas pela evolução (física e tática) que aconteceu ao longo dos anos. Não consigo enxergar o voleibol melhor com essa regra aí",  lamentou o ex-ponteiro.

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Autor do ace que levou o Brasil ao primeiro título mundial adulto, em 2002, na Argentina, Giovane completa que, nestas semanas de treinamento da seleção masculina sub-23, não percebeu que a mudança no saque tenha trazido melhorias para o jogo. "Benefícios? Não consegui enxergar ainda".

"Talvez diminua um pouco a força do saque em salto e aumente esse flutuante lá do fundo. Sinceramente, não sei dizer se é bom ou ruim, e também não consigo entender por que estão mexendo nisso. Nós treinamos com as regras novas, e essa (mudança) do saque só dificultou sacar, a verdade é essa", avaliou.

Mundiais
O Campeonato Mundial masculino sub-23 será disputado no Cairo, entre os dias 18 e 25 deste mês. Vencedor na primeira edição do torneio, em 2013, o Brasil está no grupo A, junto com Cuba, Polônia, Japão, Egito e México, contra quem estreia na próxima sexta-feira, às 9h30 (horário de Brasília) – Argélia, Argentina, Irã, China, Turquia e Rússia, atual campeã, compõem a outra chave.

Já no torneio feminino, entre os dias 10 e 17 de setembro, em Liubljana (Eslovênia), as brasileiras, que tentam defender o título levantado em 2015, encaram Quênia, Argentina, China, Tailândia e Eslovênia na primeira fase. Egito, Rep. Dominicana, Turquia, Cuba, Japão e Bulgária estão no outro grupo.

Colaboraram Carolina Canossa e Sidrônio Henrique

Sobre a autora

Carolina Canossa - Jornalista com experiência de dez anos na cobertura de esportes olímpicos, com destaque para o vôlei, incluindo torneios internacionais masculinos e femininos.

Sobre o blog

O Saída de Rede é um blog que apresenta reportagens e análises sobre o que acontece no vôlei, além de lembrar momentos históricos da modalidade. Nosso objetivo é debater o vôlei de maneira séria e qualificada, tendo em vista não só chamar a atenção dos fãs da modalidade, mas também de pessoas que não costumam acompanhar as partidas regularmente.

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