Topo

Saída de Rede

Franco-atiradores, Rexona-Sesc e Vôlei Nestlé entram em disputa de gigantes

João Batista Junior

08/05/2017 17h30

Finalistas da Superliga, Rexona e Osasco disputam mundial no Japão (fotos: Wander Roberto e de Marlon Falcão – Inovafoto/CBV)

As competições da temporada 2016/2017 no vôlei nacional já acabaram, mas Rexona-Sesc e Vôlei Nestlé ainda têm uma semana de compromissos pela frente. A partir da madrugada desta terça-feira, as duas principais equipes femininas do país disputam o Mundial de Clubes de Kobe, no Japão, torneio já conquistado em três oportunidades por times brasileiros – Sadia (1991), Leite Moça (1994) e Sollys Nestlé (2012). A final será no domingo e, para chegar lá, cariocas e osasquenses terão um caminho sinuoso a percorrer.

O campeonato conta com apenas três campeãs continentais na temporada: o VakifBank venceu na Europa, o NEC Red Rockets, do Japão, ganhou na Ásia e o Rexona-Sesc, na América do Sul. No mais, o Hisamitsu Springs Kobe é clube anfitrião e os outros quatro participantes – o Eczacibasi VitrA, o Dínamo Moscou, o Volero Zürich e o próprio Vôlei Nestlé – figuram como equipes convidadas.

Já publicamos matéria a respeito desses convites e do caráter "comercial" do torneio. Por isso, passemos à parte esportiva do certame.

Não que Rexona e Vôlei Nestlé tenham plantéis fracos na cena do vôlei mundial, nada disso. O torcedor brasileiro conhece bem a história dos clubes e o potencial de cada um dos elencos.

Atual campeão da Superliga, o time do Rio tem a líbero bicampeã olímpica Fabi, tem Gabi, Juciely e a holandesa Anne Buijs, que disputaram a Rio 2016, Carol, Roberta e Monique, todas com recente passagem pela seleção, e Drussyla, jogadora que fechou o campeonato nacional como um dos destaques do time.

O Vôlei Nestlé, por sua vez, tem duas campeãs olímpicas em Londres 2012 (Tandara e Dani Lins) e uma medalhista de prata no Rio (a sérvia Malesevic), além das opostas Paula Borgo, com passagem pela seleção B, e Ana Bjelica, que defendeu a seleção sérvia, além de centrais competentes, como Bia e Nati Martins – o desfalque é na defesa, com a ausência de Camila Brait, substituída por Tássia, que defendeu o Praia.

O problema das equipes brasileiras é que os times europeus alinham verdadeiras seleções mundiais, servem, muitas vezes, como exemplos de que o investimento compensa, até mesmo, a falta de tradição do voleibol local – caso dos representantes da Turquia e da Suíça.

Curta o Saída de Rede no Facebook
Siga o @saidaderede no Twitter

Dominicana De La Cruz é uma das poucas estrangeiras do Dínamo Moscou (CEV)

Semifinalista da Liga dos Campeões e campeão da superliga russa, o Dínamo Moscou, que está no grupo do Rexona, é a exceção europeia: é um timaço e tem "apenas" três estrangeiras – a central croata Maja Poljak, a ponta sérvia Aleksandra Crncevic e a atacante dominicana Bethania De La Cruz. No mais, a equipe é composta de jogadoras russas e muitas delas, como a central Fetisova e a craque Goncharova, da seleção nacional.

O outro adversário europeu do Rexona é o VakifBank, da MVP olímpica Ting Zhu, da oposta holandesa Lonneke Slöetjes, da central sérvia Milena Rasic, da ponta americana Kimberly Hill, campeão europeu com campanha avassaladora e, por isso, favorito ao título mundial.

Como o terceiro rival das cariocas é o Hisamitsu Springs, dá para imaginar que o Rexona-Sesc veja na equipe moscovita um rival direto pela segunda vaga do grupo às semifinais: se, por um lado, o favoritismo nesse hipotético duelo é russo, por outro é bom lembrar que as cariocas, no mundial do ano passado, em outubro, disputaram tie breaks contra o Eczacibasi VitrA e o Pomì Casalmaggiore – campeão e vice daquela edição.

VakifBank e Eczacibasi: disputa que deve valer o título mundial

Na outra chave, as osasquenses terão pela frente o Eczacibasi VitrA, atual campeão do mundo e terceiro colocado na Champions League. Desfalcado de Thaisa, contudida, o time turco foi, seguramente, uma das equipes que mais investiram na temporada e conta com as sérvias Boskovic e Ognjenovic, as norte-americanas Rachael Adams e Jordan Larson e a russa Kosheleva. A equipe estreou em outubro levantando o título nas Filipinas, mas depois passou a sofrer com lesões e com o regulamento da liga turca – que só permite três estrangeiras em quadra por vez –, e acabou por não conquistar nenhum troféu nacional nem continental. Mesmo assim, é difícil crer que não seja o adversário mais forte do VakifBank em Kobe.

Restaria, assim, ao Vôlei Nestlé, que ainda tem o NEC Red Rockets pela frente, investir numa disputa com o Volero Zürich, da ponta Mari Paraíba, pela segunda posição do grupo. Contudo, o time suíço, a exemplo do Eczacibasi, tem várias estrangeiras gabaritadas, como a azeri Mammadova, a ucraniana Olesia Rykhliuk, a norte-americana Foluke Akinradewo, a cubana Carcaces, de passagem recente pelo próprio Osasco, e é um adversário de respeito – embora não possa contar com a levantadora Fabíola, lesionada.

Contra elencos tão fortes, é difícil fazer um prognóstico otimista quanto à participação das equipes brasileiras no Mundial feminino de Clubes. Melhor pensar que terão duras batalhas pela frente para chegarem, ao menos, às semifinais – que serão disputadas no sábado.

O confronto entre Dínamo Moscou e VakifBank abre o torneio às 22h desta segunda-feira (pelo horário de Brasília). À 0h45 da terça, é a vez de Volero Zürich e Eczacibasi VitrA entrarem em quadra. O Vôlei Nestlé estreia às 3h30 da madrugada, contra o NEC Red Rockets. Já o Rexona-Sesc só entra em quadra às 7h da manhã, diante do Hisamitsu Springs Kobe. O SporTV transmite ao vivo as partidas das equipes brasileiras.

Sobre a autora

Carolina Canossa - Jornalista com experiência de dez anos na cobertura de esportes olímpicos, com destaque para o vôlei, incluindo torneios internacionais masculinos e femininos.

Sobre o blog

O Saída de Rede é um blog que apresenta reportagens e análises sobre o que acontece no vôlei, além de lembrar momentos históricos da modalidade. Nosso objetivo é debater o vôlei de maneira séria e qualificada, tendo em vista não só chamar a atenção dos fãs da modalidade, mas também de pessoas que não costumam acompanhar as partidas regularmente.

Blog Saída de Rede