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Bala na Cesta

Neste começo de NBB, a surpresa mais agradável vem de Joinville

Fábio Balassiano

22/10/2018 06h20

O NBB começou faz pouco mais de uma semana, apenas Flamengo e Pinheiros permanecem invictos, mas o nome do campeonato até agora atende por Joinville, que veio ao Rio de Janeiro para fazer seus três jogos logo de cara e voltou pro Sul do país com nada menos que duas vitórias (Botafogo e Vasco) e um revés com déficit de um ponto contra o rubro-negro carioca (e tendo o arremesso final pra vencer aliás). E pra explicar o porquê da equipe ser a sensação da temporada nada melhor do que a sensata e realista declaração do próprio treinador Daniel Lazier:

"De verdade eu não esperava voltar para casa com duas vitórias aqui do Rio de Janeiro. E quase beliscamos a terceira naquele jogo contra o Flamengo. Nosso objetivo pra este NBB sempre foi se manter na elite, fugindo da última colocação, mas sabemos que treinando muito, jogando focados e respeitando os nossos limites podemos conseguir ir além disso. E agora com esses dois triunfos nos permitimos sonhar em chegar ao playoff. Com pés no chão, mas podemos sonhar", disse-me Lazier em São Januário após seu time vencer o Vasco de forma categórica por 74-66.

Lazier, aliás, é um dos motivos que fazem Joinville ir bem. Contratado às vésperas do começo da temporada (menos de 20 dias de treino com a equipe ele tem…) devido ao seu ótimo trabalho com a base em Curitiba (ele estava dirigindo a equipe local na Liga de Desenvolvimento aliás), implanta uma filosofia de rotação frenética (8 jogadores com 16+ minutos de quadra), muita pressão defensiva no perímetro (em vários momentos dos jogos ele gritava para seu time que tiros longos livres não eram permitidos…), troca intensa de passes e arremessos equilibrados. Não é a toa que seu time tem 48 assistências em 69 arremessos de quadra convertidos, um ótimo índice de 0,69 passes por chutes certos. Na precisão, outro dado que mostra como o início de campeonato tem sido bom: 38% nas bolas longas e 40% nos tiros de dois pontos.

Foto: Divulgação Flamengo

Individualmente falando em um time onde o coletivo se destaca mais do que qualquer coisa, os destaques ficam com os irmãos Felipe Vezaro e Lucas Vezaro, o Vezarinho. O primeiro (26 anos) 15,3 pontos e 4 assistências de média. O segundo, o mais novo da família (21 anos), 13,3. Além deles destacam-se o jovem William Weihermann (21 anos, 40% nas bolas longas e 10,3 pontos), o veterano Andre Bambu (10,5 pontos com seus 39 anos) e o bom Jefferson Socas, que lidera a equipe em assistências com 6,3 por jogo.

De verdade ninguém, mas ninguém mesmo, esperava que Joinville estivesse jogando neste nível. No jogo contra o Flamengo, Gustavo de Conti, técnico que saiu vencedor, disse na entrevista coletiva que o rival não merecia ter perdido e que havia tempos não assistia a uma partida tão boa em termos táticos de um time brasileiro. Na sexta-feira, Alberto Bial deu um abraço em Daniel Lazier e felicitou o time rival por ter feito tudo como mandam os princípios do basquete (jogo coletivo, defesa forte e pensamento antes da execução).

Rafael Ribeiro/Vasco

Jogando no limite, em seu limite, sabendo que erros devem ser diminuídos (17 por partida) e que ainda há muito a fazer, pode parecer precipitado elogiar demais a equipe do Sul do país. Mas na real é o que eles merecem depois de terem vindo ao Rio de Janeiro e vencido dois times de camisa, com orçamento mais alto e com imensa tradição na modalidade. Agora é seguir em frente e usar o fator casa pra seguir crescendo, já que cinco dos próximos seis jogos serão em casa (Corinthians, Basquete Cearense, Bauru e Brasília, com Minas no meio em Belo Horizonte).

O primeiro duelo diante da torcida será neste segunda-feira, quando Joinville recebe o Pinheiros às 19h pra fazer o seu primeiro jogo em casa. A galera local tem obrigação não de encher o ginásio, mas sim de receber uma turma que tem jogado um basquete lindíssimo neste começo de temporada.

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