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Pela primeira vez em 30 anos, Brasil termina mundiais juvenis fora do pódio

João Batista Junior

24/07/2017 06h00

Seleções brasileiras juvenis lamentam mundiais sem medalhas (fotos: FIVB)

Quinto lugar no Mundial feminino sub-20, que terminou na noite do domingo (23), no México, quarto colocado na versão masculina do torneio (sub-21), disputado há algumas semanas, na Rep. Tcheca. Os campeonatos mundiais juvenis deste ano impuseram ao vôlei brasileiro o fim de uma sequência positiva que já durava três décadas: a última vez em que o país ficou fora do pódio de ambos os naipes nessa categoria havia sido em 1985 (embora a seleção, à época, fosse defendida por nomes como Carlão, Ana Moser e Ida).

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Se levar em consideração que a categoria sub-23 (adotada recentemente pela FIVB) é composta, em sua maioria, por jogadores que já possuem vínculo profissional com um clube, alguns, até, já defendendo seleções nacionais, como foi o caso de Lucarelli e dos sérvios Atanasijevic, Uros Kovacevic e Lisinac, no mundial de 2013, a última divisão por idade de atletas predominantemente ainda "de base" é a juvenil.

Nesse aspecto, o sinal de alerta da CBV deve estar ligado: se essa categoria já rendeu dez títulos mundiais ao Brasil (seis no feminino e quatro no masculino), o que é muito bom, o último troféu de campeão nessa faixa etária foi em 2009, com a equipe masculina, o que é indicativo de que, na base, o voleibol daqui está defasado.

É lógico que não se cobram títulos nas categorias menores. Até porque, eles não asseguram o sucesso das seleções adultas – os EUA, por exemplo, conquistaram três olimpíadas, mas nunca foram campeões mundiais na base, apesar da força de seu esporte no ensino médio e universitário.

Porém, a dificuldade que o Brasil tem tido na formação de novos jogadores ficou bastante evidente na elevada média de idade das seleções brasileiras na Rio 2016. Isso, mais do que o mencionado jejum, é que merece ser ressaltado.

Tainara enfrenta bloqueio da Rússia, no sub-20

Feminino
No torneio feminino, o time comandado pelo técnico Hairton Cabral passou invicto pela primeira fase, batendo EUA, Sérvia e Cuba, mas só conheceu reveses no estágio seguinte da competição, diante de Polônia, Turquia e Rússia.

Com efeito, o Brasil foi para o torneio de consolação, bateu a Bulgária e, no domingo, fechou sua participação vencendo a Polônia por 3 a 1, num jogo que valia o quinto posto (parciais de 25-17, 25-21, 27-29, 25-21, com 16 anotações da oposta Tainara, do Hinode Barueri).

O primeiro lugar ficou com a China, que venceu a Rússia por 3 a 0 e levantou o troféu da competição pela terceira vez. Hexacampeão, o Brasil, que não ganha nessa categoria desde 2007 (quando teve Natália, Tandara, Amanda, Camila Brait), ainda é o maior vencedor de mundiais sub-20.

Nas semifinais do sub-21, o Brasil não conseguiu parar a Polônia

Masculino
Já na competição masculina, a equipe brasileira venceu os três rivais da primeira fase (Egito, China e Japão). Na segunda fase, avançou às semifinais com uma derrota para a Rússia e vitórias sobre Canadá e, sobretudo, Argentina – vingando a derrota na final do sul-americano no ano passado.

Na disputa por um lugar na final, no entanto, o sexteto dirigido pelo técnico Nery Tambeiro, que tinha no oposto Felipe Roque, do Minas, seu principal nome, perdeu para a Polônia por 3 sets a 2. Na decisão do terceiro lugar, uma derrota por 3 a 0 para a Rússia tirou a equipe do pódio.

A Polônia venceu Cuba na decisão por 3-0 e se sagrou campeã sub-21 pela terceira vez. A Rússia, que vinha de três títulos consecutivos, é a maior vencedora na categoria, com dez troféus.

É bom lembrar que o Brasil, quando foi campeão pela última vez, em 2009, contava com cinco jogadores convocados este ano por Renan Dal Zotto: o levantador Murilo Radke, o líbero Thales, o oposto Renan Buiatti, o central Isac e o ponta Maurício Borges, MVP naquela ocasião.

Mais campeonatos
A temporada dos mundiais de base está apenas no início. Os torneios infantojuvenis serão disputados entre os dias 18 e 27 de agosto: na Argentina, a competição feminina (sub-18) e no Bahrein, a masculina (sub-19). Pelo mesmo período, entre os dias 18 e 25, o Egito recebe o campeonato masculino para jogadores até 23 anos, ao passo que o torneio feminino dessa faixa etária terá vez entre os dias 10 e 17 de setembro, na Eslovênia.

Sobre a autora

Carolina Canossa - Jornalista com experiência de dez anos na cobertura de esportes olímpicos, com destaque para o vôlei, incluindo torneios internacionais masculinos e femininos.

Sobre o blog

O Saída de Rede é um blog que apresenta reportagens e análises sobre o que acontece no vôlei, além de lembrar momentos históricos da modalidade. Nosso objetivo é debater o vôlei de maneira séria e qualificada, tendo em vista não só chamar a atenção dos fãs da modalidade, mas também de pessoas que não costumam acompanhar as partidas regularmente.

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