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Bala na Cesta

Há 20 anos Michael Jordan jogou final de NBA com 40 graus de febre, fez 38 pontos e ganhou

Fábio Balassiano

11/06/2017 06h00

O dia 11 de junho de 1997 é considerado um dos mais marcantes da história da NBA. Foi o do jogo 5 da final entre Utah Jazz e Chicago Bulls. Com a decisão empatada em 2-2, esta foi a partida em que Michael Jordan atuou com 40 graus de febre, fez 38 pontos e liderou o seu time a vitória por 90-88. Mais do que a performance em si, o absurdo é como Jordan teve forças para anotar quase a metade dos pontos do Chicago com uma condição física tão debilitada.

O Bulls, que havia vencido as duas primeiras da final, perdera as partidas 3 e 4 em Salt Lake City e optou por permanecer na cidade mesmo com o intervalo de três dias entre as partidas. A ideia era concentrar ao máximo o time e evitar que a pressão da cidade de Chicago influenciasse a equipe.

Só que Phil Jackson, o técnico da equipe, não contava com uma infecção alimentar em seu melhor jogador. Michael Jordan pediu uma pizza em seu quarto na terça-feira à noite e foi dormir. A uma da madrugada de quarta-feira, 11 de junho, ele ligou para o quarto do médico do Bulls e contou o ocorrido. Quando chegou ao quarto de MJ, o médico viu o ala sentado no chão em posição fetal, suando muito e tremendo. No mesmo momento quem foi acordado foi Phil Jackson, informado pelo doutor do Bulls que Michael Jordan não jogaria devido a uma infecção alimentar gravíssima.

No bate-bola da manhã do jogo, Michael ficou em seu quarto com o médico, os demais atletas da equipe não viram seu líder na quadra e a comissão técnica explicou o ocorrido. Sem pensar em contar com Jordan para a partida que começaria às 19h, Phil Jackson estava pensando. Colocar Steve Kerr, o armador reserva, e deslocar Ron Harper para a ala era uma opção. Trazer Toni Kukoc do banco para titular, outra.

O ônibus que chegou ao ginásio Delta Center não tinha o camisa 23 dentro dele, só que às 17h50 Jordan decidiu tentar. Saiu com o médico do hotel rumo ao ginásio sem dar uma palavra, com um saco plástico na mão para o caso de uma necessidade e uma toalha em volta da cabeça. Deu "oi" para seus companheiros no vestiário e foi pra quadra. Ouviu o hino com os olhos fechados, fez um sinal de positivo para o banco de reservas e foi tentar.

Sabendo da fragilidade do ídolo do Chicago, John Stockton armava jogadas para "maltratar" o físico de Jordan, que em quadra colocava as mãos no joelho, olhava pra baixo e buscava forças. A cada pedido de tempo ele se enrolava na toalha, colocava um saco de gelo na nuca e olhava fixamente pro nada. Seu fiel companheiro Scottie Pippen jogava mal (terminaria a partida com 5/17 nos arremessos e 17 pontos) e não ajudava naquela noite. O problema é que, até o final do primeiro quarto, Michael não estava na quadra, no jogo, pronto. O técnico Phil Jackson, porém, optou por mantê-lo mesmo com o 29-16 a favor do rival após 12 minutos. No desespero, um Jordan com febre poderia solucionar melhor o problema do que os outros saudáveis.

No segundo período, o craque deu a resposta. Foram dele 17 dos 33 pontos do Bulls, que se recuperou e foi para o vestiário perdendo de 53-49. Tímido na volta do intervalo, Michael Jordan salvou o melhor para o final: anotou 15 dos 23 pontos de seu time nos 12 últimos minutos, onde o Chicago fez 23-16 para vencer a partida por 90-88 com um arremesso de três dele a 25 segundos do final para desempatar a série, fazer 3-2 e voltar para Illinois a apenas uma vitória do título da NBA.

No jogo seguinte em Chicago Michael Jordan manteve o pé no acelerador e alucinou a defesa do Utah. Naquele 13 de junho de 1997 ele fez 39 pontos, comandou o Bulls a vitória por 90-86 e conquistou o quinto título de campeão da NBA e o quinto troféu de MVP das finais (médias de 32,3 pontos, 7 rebotes e 6 assistências).

Muita gente analisa o jogo 5 em Utah como o maior e o resumo da história de Michael Jordan – superação, transpiração, genialidade, liderança, decisivo e classe acima da média.

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