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Baixa eficiência do saque é problema para o Brasil na busca do título da Liga Mundial

Sidrônio Henrique

07/07/2017 11h00

Éder: "Acho que todos estão tendo problemas com o serviço" (foto: Guilherme Cirino/Saída de Rede)

Curitiba (PR) – O saque nunca foi o melhor fundamento da seleção brasileira, mas raramente a deixou na mão. Nas finais da Liga Mundial 2017 o time comandado por Renan Dal Zotto tem tido problemas com o serviço e atribui isso às referências na Arena da Baixada. Contra a Rússia, na vitória do Brasil por 3-2, foram 24 erros de saque. Essa irregularidade pode comprometer o time nesta sexta-feira (7), na semifinal diante dos Estados Unidos – o jogo começa às 15h05, com transmissão da Rede Globo e do SporTV. Além daqueles para fora ou na rede, muitas vezes o Brasil sacou mal, sem ameaçar o adversário. Com o passe na mão, o habilidoso levantador americano Micah Christenson teria facilidade na distribuição.

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"Nós temos que correr um risco um pouco maior, encarar a possibilidade de cometer um erro a mais e monitorar isso. Ver de quem é o saque que está entrando melhor e, aquele que não estiver, começar a substituir ou pedir para passar a executar o flutuante", afirmou Renan.

Dimensões da Arena da Baixada têm atrapalhado os jogadores na hora do saque (fotos: FIVB)

Mudança de estratégia
O assistente técnico Marcelo Fronckowiak ressalta o problema e cita o caso específico de um jogador. "Não estamos sacando bem aqui. Veja o saque do Lucarelli, que funcionou bastante na fase classificatória, rendeu muito, mas agora não está entrando. Ele mesmo pediu para começar a sacar flutuante. Mas nós não podemos abrir mão do viagem de caras como o Lucarelli, o Lucão e o Wallace".

Para Fronckowiak, a quebra na sequência de partidas também atrapalha. "Jogar dois dias seguidos faz diferença, dá ritmo. A gente teve um dia de folga e não treinamos mais no estádio após a estreia contra o Canadá. As referências aqui são outras, o teto é muito mais alto, as dimensões são maiores".

Laurent Tillie diz que é complicado sacar viagem num estádio de futebol

Flutuante perigoso
Pode até soar como desculpa, mas os estrangeiros engrossam o coro. Laurent Tillie, técnico da seleção francesa, primeira colocada da outra chave, também vê problemas para a execução do saque em um estádio de futebol. "Para sacar viagem é complicado, porque no momento em que o atleta lança a bola a sensação é completamente diferente de estar em um ginásio. Já o flutuante fica ainda mais perigoso, se bem executado, porque a bola oscila mais. Porém, para ter vantagem nisso, trocando o viagem pelo saque flutuante, o atleta tem que saber executar bem os dois, como o (Julien) Lyneel, que fez isso contra a Sérvia", disse Tillie ao Saída de Rede.

O SdR conversou com o ponta francês Lyneel, que descreveu a sensação de sacar em um espaço bem diferente do que está habituado. "Aqui eu me perco na hora de sacar viagem. Lanço a bola e não sei exatamente quando vai cair, o que compromete minha confiança, meu movimento. Já o flutuante cai muito bem nessa situação. Como não estamos acostumados, vamos tateando, descobrindo aos poucos".

Nikola Grbic viu seu time ter problemas ao não executar bem o saque

Quem apostava no saque, se deu mal
Campeã da Liga Mundial em 2016 e eliminada nas finais este ano depois de perder para EUA e França, a Sérvia, que tem no serviço uma de suas principais armas, viu seu poderio diminuir na Arena da Baixada. "É bastante complicado sacar viagem aqui. Hoje (ontem), contra os franceses, fomos bem no terceiro e no quarto set. Já no primeiro jogo, contra os americanos, fomos muito mal no saque. Mesmo quando acertávamos, não saía como queríamos. O resultado é que os EUA tiveram 67% de passes excelentes. Agora imagina um levantador como o Christenson recebendo dois de cada três passes na mão para trabalhar, fica difícil para o nosso sistema de bloqueio e defesa", afirmou ao blog o técnico da seleção sérvia, Nikola Grbic.

Um dos melhores sacadores do Brasil, o central Éder é mais um a apontar o contratempo. "Acho que todos estão tendo problemas com o serviço. É uma das minhas principais qualidades e eu estou com bastante dificuldade por causa das referências no estádio. Acho que hoje só acertei o primeiro saque viagem e depois errei todos, aí passei pro saque flutuante. Somente com o decorrer dos jogos a gente pode melhorar nesse fundamento", ponderou o meio de rede. Infelizmente, faltam apenas duas partidas.

Lucarelli, que já havia demonstrado à comissão técnica durante o jogo a insatisfação com seu serviço, falou sobre a questão após a suada vitória sobre a Rússia. "Não estou satisfeito com meu saque. Fui até bem no viagem no primeiro e no terceiro set, mas depois tive que voltar pro flutuante. Ainda não estou com confiança suficiente para sacar viagem, então, até obter isso, vou continuar sacando flutuante para ajudar a equipe e não dar prejuízo".

Colaborou João Batista Junior

Sobre a autora

Carolina Canossa - Jornalista com experiência de dez anos na cobertura de esportes olímpicos, com destaque para o vôlei, incluindo torneios internacionais masculinos e femininos.

Sobre o blog

O Saída de Rede é um blog que apresenta reportagens e análises sobre o que acontece no vôlei, além de lembrar momentos históricos da modalidade. Nosso objetivo é debater o vôlei de maneira séria e qualificada, tendo em vista não só chamar a atenção dos fãs da modalidade, mas também de pessoas que não costumam acompanhar as partidas regularmente.

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