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Bala na Cesta

Novato do Sixers ficou um ano parado e hoje tem médias melhores que a de LeBron James

Fábio Balassiano

09/11/2017 06h10

No Draft de 2016 da NBA não se falava em outra coisa. Prestes a completar 20 anos, Ben Simmons, da LSU University, ouvia elogios de todos os cantos. O de Magic Johnson era o que mais ecoava: "Ben é o jogador mais completo que eu vejo desde que LeBron James saiu do segundo grau direto para a NBA". Com a primeira escolha, o Philadelphia 76ers nem pensou muito para cravar a sua escolha. O armador australiano de 2,08m vestiria a camisa 25 da Pensilvânia.

Só que a estreia dele como jogador profissional de basquete teria que esperar um pouco. No último treino antes da temporada 2016/2017 começar Simmons torceu o tornozelo com gravidade. Foi medicado, examinado e, com toda má sorte do mundo, operado logo em seguida. Tempo de recuperação: de 3 a 4 meses. Era setembro de 2016 e muita gente ainda acreditava que o armador ainda jogaria na segunda metade da temporada regular. Só que em fevereiro de 2017 o Sixers não quis arriscar. Enviou comunicado a imprensa e informou que Ben Simmons estava fora de TODO campeonato. O baile de debutante teria que aguardar.

No meio disso tudo o nome de Ben Simmons ficou muito menos em voga devido a três fatores: de novo com a primeira escolha do Draft, o Sixers escolheu um armador (Markelle Fultz); o carismático pivô Joel Embiid jogava a cada dia melhor; e Dario Saric, o croata também trazido em 2016 e outro que gosta de jogar com a bola nas mãos, brilhava demais. Seria o australiano preterido para a temporada 2017/2018? Como ele reagiria depois de ficar quase um ano todo parado? Em uma liga cada vez mais rápida e física, como seu corpo estaria preparado para 82 jogos em menos de seis meses (da fase regular)?

O técnico Brett Brown decidiu dar um voto de confiança. Não custa lembrar que Brown foi técnico da seleção australiana por muito tempo, conhecia Simmons e sua família de longa data e apostou no garoto por saber que tinha, em mãos, um jogador de exceção, o diferente, o fora de série. Não demorou muito e o camisa 25 ganhou a titularidade nos primeiros treinos da pré-temporada e viu a lesão no ombro de Fultz, seu principal concorrente, se agravar. Os minutos de armador titular do Phila estavam quase todos garantidos pra ele. E como o rapaz agora com 21 anos reage?

Mesmo tendo ficado um ano no estaleiro, dá pra dizer a vocês que jogando e performando melhor do que LeBron James (pra usar o nome dito por Magic Johnson lá no começo do texto) quando o agora camisa 23 do Cavs também era um novato. Cada vez mais confortável em liderar o ataque do Sixers, Simmons é o grande responsável pela franquia ter vencido os seus cinco últimos jogos e pela campanha de 6-4 até agora, a terceira melhor do Leste. Passando na meia quadra, puxando contra-ataque, infiltrando, o cara faz quase tudo muito bem.

E é assim que Simmons tem as médias sublimes de 17,8 pontos, 10,1 rebotes, 8 assistências, 48% nos arremessos e 1,7 roubos nos 10 jogos em que atuou até agora. Em nenhuma de suas partidas ele teve menos que 11 pontos, em duas ele conseguiu o triplo-duplo e o mais inacreditável de tudo é que ele ainda não acertou NENHUMA bola de três pontos na NBA (0/6 até agora).

A base de comparação é pequena, colocar o nome do garoto australiano na mesma frase de LeBron James também não é recomendável pela pressão que isso acarretará, mas o astro do Cavs teve em 2003/2004, seu primeiro ano na liga, 20,9 pontos, 5,5 rebotes, 5,9 assistências, 41% nos arremessos e 1,6 roubos em 79 jogos como titular.

LeBron, que treinou com Simmons nas férias e foi uma espécie de tutor do australiano em seus primeiros dias na liga, recentemente comentou na ESPN americana sobre o primeiro triplo-duplo do novato, cujo estilo de jogo parece realmente com o do camisa 23 do Cleveland: "É o primeiro (triplo-duplo) de muitos, pode ter certeza. Ele é o que a gente chama de tripla ameaça: pode pontuar em transição, pega rebote incrivelmente bem e passa a bola com maestria. Seu passe é a sua maior qualidade e seu futuro na liga é brilhante. Torço por ele".

Ben Simmons tem muito a evoluir (em termos físicos e nos arremessos de média e longa distância), mas de longe é o melhor novato da temporada – e um dos melhores jogadores do Leste também. Sua visão de quadra é extraordinária, seu altruísmo para encontrar os companheiros é elogiável e a velocidade com que ele consegue cruzar a quadra puxando contra-ataques é realmente assustadora. Com braços longos, passadas largas e nenhuma dose de estrelismo, sempre ouvindo os atletas mais experientes do elenco e também a comissão técnica, Simmons tem tudo pra ser uma das principais figuras da NBA nos próximos anos.

Seus números, de cara, já são melhores que os de LeBron James em alguns fundamentos. A dúvida é o espaço de desenvolvimento que seu jogo conseguirá escalar. Não para que ele seja igual ou melhor que LeBron. Mas para que ele seja exatamente aquilo que a franquia Sixers espera que ele seja para mudar os rumos da história do Philadelphia na NBA. Se Embiid é o carisma que deixa todos sorrindo na Pensilvânia, Ben Simmons é o motor e o cérebro do time.

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