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Bala na Cesta

Com suspensão retirada, Guy Peixoto tem novo desafio - conseguir patrocinador para a CBB

Fábio Balassiano

26/06/2018 06h30

No dia 14 de novembro de 2016 a Federação Internacional de Basketball fez o que deveria ter feito havia muito tempo: suspendeu a Confederação Brasileira de Carlos Nunes por total falta de controle da entidade no esporte do país. Dívidas, ausência de credibilidade, nenhuma perspectiva de melhora e zero cuidado com a base da modalidade. Era a crônica da suspensão anunciada. E aí o caos veio. Seleções suspensas, clubes suspensos, tudo muito nebuloso por aqui (e quem acompanha este blog há anos não pode-se dizer surpreso com o que ocorreu).

O tempo passou e em março de 2017 Guy Peixoto assumiu como presidente da entidade máxima depois de 16 anos de uma dupla da pesada – Grego e Carlos Nunes. Entre todo tipo de problema (o site, por exemplo, saiu do ar porque a antiga gestão esqueceu de pagar, vejam só vocês, o servidor…), Guy meteu a mão no bolso para sanear as principais dívidas e arregaçou as mangas para colocar ordem na casa e trazer um pouco de gestão empresarial para um ambiente que fazia absolutamente tudo errado quando o assunto era administração esportiva. Não consigo imaginar um empresário de sucesso, como ele é, chegando a um ambiente tão caótico quanto a CBB deixada por Carlos Nunes, sinceramente.

Guy, de cara, montou um Conselho de Administração, trouxe profissionais do mercado, melhorou bastante a comunicação da entidade com seus stakeholders (do lado da imprensa posso atestar que a melhoria é bem nítida), contratou um bom técnico estrangeiro para a seleção masculina (Aleksandar Petrovic), voltou a investir na base (os campeonatos de clubes voltaram com boa dose de força) e conseguiu patrocinadores pontuais (Motorola, por exemplo).

Não demorou muito e na semana passada a Federação Internacional deu o voto de confiança que o novo mandatário da CBB precisava. Retirou a suspensão e atestou que a gestão de Guy e seu time está sendo bem feita. Fontes da FIBA ouvidas pelo blog afirmam que o trabalho tem sido muito bem planejado e com ataques corretos às principais frentes, que as mudanças já são vistas por todo mundo e que a confiança é imensa que o Brasil resgatará seu lugar de protagonista no basquete mundial.

O desafio de Guy, agora, é conseguir algo que ele mesmo falou quando completou um ano de mandato à frente da CBB: um patrocinador máster para a entidade. Com ideias boas e arejadas, o presidente e seus diretores sabem que a chegada de um novo mantenedor não seria importante "apenas" pelo lado financeiro da coisa, mas sobretudo para mostrar que o basquete, no tocante a sua entidade máxima, encontra-se em uma nova etapa, em uma nova Era.

Seria basicamente dizer ao mercado publicitário que a Confederação encontra-se "sob nova direção", para usar uma expressão comum no mundo corporativo, e que patrocinadores podem, sim, confiar que o basquete está em outro momento. Só que trazer apoiadores não se trata de uma ciência exata, algo fácil.

Embora se prove a cada dia com uma cabeça pra lá de arejada e com ideias bem em linha com o que há de mais moderno no mundo empresarial, Guy sabe que, no entanto, não será nada fácil conseguir este novo patrocinador. E a culpa nem é do presidente em si. As empresas privadas estão com a torneira bem fechada devido a crise econômica do país. As públicas olham torto para a CBB desde que Carlos Nunes, o antigo mandatário, ordenou a abertura de um processo contra a Eletrobras, antiga mantenedora da entidade.

Eis o maior desafio de Guy Peixoto no momento. Torçamos para que ele consiga atingir seu objetivo. Seria bom para todos do basquete brasileiro.

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