Dono de empresa que agencia jogadores da seleção vira diretor na CBB
Em uma comparação rasa, imagine que Juan Figger ou Wagner Ribeiro, apesar da grande e expressiva carteira de clientes que têm, assumissem um cargo na diretoria da Confederação Brasileira de Futebol. É exatamente isso que está acontecendo na Confederação Brasileira de Basquete (CBB), que tem como um dos seus diretores aquele que é apontado como um dos principais agentes de jogadores do país, Marcelo Maffia.
Maffia é sócio da Martin & Maffia Sports Ltda, dividindo as cotas da empresa em iguais partes com o espanhol Luiz Martin Sá desde 1998. Na carteira de clientes, o mais conhecido é Tiago Splitter, atualmente sem clube. Mas, de acordo com a Federação Internacional de Basquete (Fiba), a empresa também agencia Rafael Luz, Rafael Hettsheimer e Vitor Faverani, todos selecionáveis. Além disso, eles trabalham com diversos atletas menos conhecidos.
Ao Olhar Olímpico, Maffia garantiu que, para assumir a diretoria de relações internacionais da CBB, renunciou ao seu trabalho na Martin & Maffia. "Eu me afastei da empresa já faz um tempo. Sou o dono da empresa, mas estou regularmente afastado dela. Eu não faço mais nada lá. Faz um tempo que eu só estava cuidando do marketing, não cuidava mais de contato com os jogadores", alega o empresário.
Ainda assim, ele continua sendo o proprietário da Martin & Maffia, que tem parte de seus ganhos (e de seus atletas) relacionados a fatores que dependem da CBB, como a convocação para a seleção brasileira de jogadores que a empresa agencia. Não só isso: em 2013, por exemplo, a confederação "fritou" o próprio Splitter convocando-o para uma Copa América apesar de seu pedido para não ser convocado, porque estava sem clube na NBA. Aí, coube ao pivô pedir dispensa e correr o risco de ser exposto como alguém que estava rejeitando a seleção. Um ruído de comunicação que talvez não exista com o empresário atuando nas duas pontas.
Maffia nega, entretanto, que haja qualquer conflito de interesses. "Eu não tenho autonomia nem autorização formal para falar com jogadores pela empresa. Quando eu fui para a CBB, fiz um documento no qual não recebo e não dou informações sobre jogadores, dos dois lados. Não tenho nenhuma ingerência sobre convocações ou relações com atletas", disse.
A CBB também refuta a hipótese de conflito de interesses. "Sua função (de Maffia) é a de manter contato com confederações de outros países, organizações internacionais e todas as entidades esportivas não brasileiras que se relacionem com a CBB. Por seu enorme conhecimento do basquete mundial e seus variados contatos internacionais, já que por muito anos atuou como agente de jogadores, Maffia vem cuidando nesse momento, por exemplo, de estimular contato com clubes para possíveis períodos de intercâmbio para técnicos brasileiros, a participação do Brasil em um novo torneio no Japão, que reunirá nove seleções, e um outro na China, para o qual o Brasil foi convidado. Ele não tem qualquer participação em atividades relacionadas à atletas. Quem faz a liberação dos atletas juntos aos clubes é o gerente de seleções, Renato Lamas", escreveu a confederação, em nota ao blog.
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