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Bala na Cesta

Trocado pelo Thunder, Victor Oladipo se transforma e transforma o Indiana Pacers na NBA

Fábio Balassiano

11/12/2017 07h30

Era consenso entre todos que acompanham a NBA que o Oklahoma City Thunder se dera muito bem quando levou Paul Geroge na troca que jogou Victor Oladipo + Domantas Sabonis para o Indiana Pacers. O OKC ganhava um All-Star e tirava de cena um jogador indo pro segundo ano (o lituano) e outro que deveria ter sido o principal companheiro de Russell Westbrook.

O tempo passou, e as verdades são: o OKC não embala nem por decreto (12-13) e o Indiana Pacers tem em Victor Oladipo uma estrela até certo ponto inesperada. Neste domingo, Dipo teve o recorde pessoal de sua carreira com 47 pontos (além de 7 rebotes e 6 assistências) para dar a vitória para a franquia contra o Denver Nuggets em casa por 126-116 na prorrogação. Foi o quarto triunfo consecutivo do Pacers, que agora tem 16-11 e está na surpreendente quinta posição na conferência Leste. Para quem iria entrar em profunda reconstrução, é um resultado e tanto, não?

E tudo realmente passa pelas mãos de Oladipo, que antes dos 47 de ontem havia anotado 33 contra o Cleveland na vitória incrível de sexta-feira também em casa (106-102, com direito a arremesso de três certeiro no último minuto). Após ter sido trocado pela primeira vez em sua carreira pelo Orlando Magic para o Oklahoma, onde não se adaptou ao ritmo de Russell Westbrook e a pressão maluca por vitórias apesar das razoáveis médias de 15,9 pontos e 4,3 rebotes – seus playoffs é que foram muito ruins, com 10,8 pontos e 34% nos arremessos), o camisa 4 foi despachado para Indianápolis e responde com uma temporada de All-Star.

Sendo o líder do time da cidade onde já havia brilhado na Universidade (como um Indiana Hoosier por 3 anos ele teve 13,3 pontos no terceiro e último ano em que vestiu a camisa da tradicional faculdade), Oladipo, totalmente à vontade no papel de estrela de um time sem pressão alguma, nada que tire o seu mérito, por favor, registra incríveis 24,5 pontos (49% nos arremessos), 5,3 rebotes e 4 assistências por jogo. Pra quem era chamado de tudo que é nome em Oklahoma, ter a sua "pior" partida na temporada com 14 pontos (o resto foi daí pra cima) é uma baita resposta. Ele está consistente, agressivo, consciente da responsabilidade e, de novo, totalmente à vontade – algo que não acontecia nem em Oklahoma e nem em Orlando.

Com ele sendo a estrela altruísta e menos chamativa que Paul George nos tempos de Indiana, o Pacers consolida um jogo bem coletivo (são 9 com 7+ pontos e 7 com 7+ arremessos por partida) e com um ataque bem fluído (são 109 pontos por jogo, a quinta melhor marca da NBA, e 48% de conversão nos arremessos, também a quinta maior eficiência da liga). Jovens em busca de espaço têm a bola, atacam como se não houvesse o menor problema e defendem coletivamente bem sobretudo no perímetro (o time sofre uma média de 35% das bolas de fora, a décima melhor marca da liga na temporada).

No ataque o time joga exatamente como manda o basquete atual: rápido, com um ala-pivô móvel aberto para espaçar a quadra (Thaddeus Young), dois chutadores de três nas extremidades prontos para arremessar (Oladipo e o croata Bogdan Bogdanovic, autor de 14,6 pontos/jogo, o segundo do time) e um pivô, o ótimo Myles Turner (14,4 pontos e 7,4 rebotes), leve e capaz de correr a quadra com agilidade. Do banco saem Domantas Sabonis (12,1 pontos/jogo e atuando bem de maneira bem livre, sem guardar posição perto da cesta), o bom Cory Joseph (armador ex-Toronto), o maluco-beleza Lance Stephenson e o calouro TJ Leaf, que formam a rotação de praticamente nove jogadores do técnico Nate McMillan, que abraçou a causa jovem e dá o que mais a molecada gosta – espaço pra correr e liberdade no setor ofensivo para se atacar a cesta.

Ainda é cedo pra dizer onde o Indiana de Oladipo, provavelmente um All-Star pela primeira vez na carreira, chegará, porque a NBA é uma gangorra só nesta temporada, mas o time tem jogado muito bem e é capaz, sim, de brigar por vaga no playoff neste Leste ainda tentando encontrar as suas melhores peças.

E adivinhem contra quem é o jogo em casa na terça-feira, dia 13 de dezembro? Sim, contra o Oklahoma City Thunder que não fez muito esforço para manter Victor Oladipo, o grande candidato a ganhar o prêmio de maior evolução de um campeonato pro outro. Motivação não vai faltar pro camisa 4, sem dúvida alguma.

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