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“Podemos ganhar do Brasil outra vez”, diz técnico da Argentina sobre o Sul-Americano

Sidrônio Henrique

25/07/2017 06h00

Julio Velasco: "Os brasileiros têm uma equipe superior a nossa, mas cada partida tem sua história" (fotos: FIVB)

Animado com a primeira vitória sobre a seleção A do Brasil depois de 17 anos, o time masculino da Argentina treina forte desde o final de junho para quebrar a hegemonia brasileira no Campeonato Sul-Americano. A próxima edição será disputada de 7 a 11 de agosto, no Chile. "Os brasileiros são campeões olímpicos, têm uma equipe superior a nossa, mas ficou claro que cada partida tem sua história e podemos ganhar do Brasil outra vez", disse o técnico da Argentina, Julio Velasco, ao Saída de Rede, numa referência à vitória ocorrida há pouco mais de um mês durante a Liga Mundial.

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Nas 31 edições do Sul-Americano, a seleção brasileira faturou 30 títulos – não participou da competição em 1964, vencida pela Argentina. Jamais o Brasil perdeu para os hermanos no torneio. No geral, se enfrentaram 102 vezes, com 92 triunfos brasileiros. Porém, no encontro mais recente, pela Liga Mundial 2017, os argentinos ganharam por 3-1. A última vez que haviam derrotado a seleção principal do Brasil havia sido nas quartas de final da Olimpíada de Sydney, em 2000, pelo mesmo placar – depois disso, derrotaram a seleção B por 3-2 na final dos Jogos Pan-Americanos 2015.

A eficiência na defesa é um dos trunfos da seleção argentina

Respeito
"Estamos trabalhando pesado para corrigir defeitos e integrar os atletas que estavam fora. Acredito que estamos no caminho certo, evoluindo, mas vamos ao Sul-Americano demonstrando um grande respeito pelo Brasil", afirmou ao SdR o treinador argentino, um dos finalistas na eleição da Federação Internacional de Vôlei (FIVB) para o melhor da função no século XX – vencida pelo japonês Yasutaka Matsuidara.

Velasco ganhou notoriedade ao conduzir ao estrelato a seleção masculina da Itália nos anos 1990, a chamada Generazione di Fenomeni, com a qual venceu dois Mundiais (1990 e 1994) e conquistou uma prata olímpica (Atlanta 1996). Também foi técnico da seleção feminina italiana, depois voltou ao voleibol masculino, passando clubes da liga daquele país. Treinou outras seleções europeias e mais recentemente foi ao Oriente Médio, onde teve destaque à frente do Irã, antes de realizar o antigo sonho de dirigir a Albiceleste – sua trajetória com a equipe argentina começou em 2014.

Em junho, pela Liga Mundial, a Argentina derrotou o Brasil

Ausência e retornos
A seleção argentina tem competido em 2017 sem seu principal jogador, o ponta Facundo Conte, que esta temporada ganhou uma folga oferecida por Velasco. O levantador Luciano De Cecco integrou-se ao grupo na última semana da fase classificatória da Liga Mundial e foi fundamental na vitória sobre o Brasil. Entre os que retornam ao time após se recuperarem de lesões estão dois opostos: o jovem Bruno Lima, 21 anos, um dos destaques nos Jogos Olímpicos do Rio, e o veterano Santiago Darraidou, 36 – quando derrotaram os brasileiros este ano, o central Martín Ramos jogou improvisado na saída de rede.

O time da Argentina é bem estruturado, joga com apuro técnico, defende muito. Saca com inteligência, sem forçar desnecessariamente, até porque confia em seu sistema defensivo – o bloqueio não é alto, mas faz boa marcação, ajudando o fundo de quadra. No ataque, sem contar com nenhum matador, mais uma vez eles se valem da técnica. São indiscutíveis a superioridade física e o favoritismo dos brasileiros, mas nada disso intimida os argentinos.

A Albiceleste tentará quebrar a hegemonia brasileira no Sul-Americano

Ganhando ritmo
O treinador definiu uma lista com 14 jogadores, que deverão ser os mesmos que irão ao Sul-Americano, talvez com uma ou outra alteração entre os reservas. O grupo está em Gatineau, no Canadá, para a disputa da Copa Pan-Americana, competição anual secundária, para a qual o Brasil, que às vezes participa com uma equipe B, sub23 ou juvenil, não enviou time desta vez. Americanos e canadenses serão representados por seleções B. Velasco quer dar ritmo aos seus atletas, que vinham treinando em Buenos Aires há quase um mês.

Os brasileiros seguem se preparando no Centro de Treinamento da Confederação Brasileira de Vôlei (CBV), em Saquarema (RJ), e não farão amistosos antes do Sul-Americano. Na edição anterior, disputada em 2015, em Maceió (AL), o Brasil perdeu apenas um set, para o Chile – mais por falta de concentração do que por méritos do adversário –, vencendo com facilidade o time B da Argentina na decisão.

Vaga para o Mundial
Quem ganhar a edição de 2017 se classifica para o Mundial 2018. Caso não consiga a vaga desta vez, o Brasil ainda terá outra chance, no torneio qualificatório continental, de 31 de agosto a 4 de setembro. Curiosamente, no calendário da Confederação Sul-Americana de Voleibol (CSV), a repescagem está programada para ser realizada na Argentina. Se os hermanos conquistarem o Sul-Americano, uma nova sede para o qualificatório será definida pela CSV.

O Sul-Americano será disputado nas cidades chilenas de Temuco e Santiago. O Brasil está no Grupo A, ao lado de Colômbia, Venezuela e Paraguai. Na outra chave estão Chile, Argentina, Uruguai e Peru. A seleção brasileira estreia dia 7 contra os paraguaios, no dia seguinte enfrenta os venezuelanos e encerra a fase classificatória dia 9 diante dos colombianos. A chave A terá Temuco como sede. O grupo B e as finais terão suas partidas em Santiago – semifinais no dia 10 e disputas do bronze e do ouro no dia 11. Nenhuma emissora de TV brasileira confirmou a transmissão do torneio até agora. Os jogos serão exibidos ao vivo no site da CSV.

Colaborou Sol Didiego, do site argentino Somos Vóley

Sobre a autora

Carolina Canossa - Jornalista com experiência de dez anos na cobertura de esportes olímpicos, com destaque para o vôlei, incluindo torneios internacionais masculinos e femininos.

Sobre o blog

O Saída de Rede é um blog que apresenta reportagens e análises sobre o que acontece no vôlei, além de lembrar momentos históricos da modalidade. Nosso objetivo é debater o vôlei de maneira séria e qualificada, tendo em vista não só chamar a atenção dos fãs da modalidade, mas também de pessoas que não costumam acompanhar as partidas regularmente.

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