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Hoje tem 1 milhão de fãs: "No início ninguém apoia", diz Zigueira

Zigueira 3 - Reprodução - Reprodução
E a mira, tá cavala? Na foto, Zigueira usa ainda a camisa de seu antigo time, Black Dragons. Atualmente, o pro player está na equipe BRK e-Sports.
Imagem: Reprodução

Barbara Gutierrez

Do UOL, em São Paulo

08/07/2017 04h00

Você pode não conhecer Leo “zigueira” Duarte ainda, mas o pro player de 28 anos faz muito sucesso com seus vídeos e transmissões, enchendo a internet com bordões como “a mira tá cavala” e toda aquela marra de quem curte jogos de tiro.

Seu canal no Youtube soma quase 1 milhão de seguidores, mas Zigueira dedica a maior parte de seu tempo treinando com a atual equipe BRK e-Sports de “Rainbow Six Siege”. No currículo, muito além da fama, o jovem natural de Petrópolis ostenta o título de vice-campeão mundial no game de tiro da Ubisoft.

Se hoje o jogador profissional tem até loja própria, foi a custo de muito tempo investido. Quando fala sobre o apoio de sua família, ele até ri.

“No início ninguém apoia, né? É complicado. Todo mundo acha que é só um jogo”, diz ao UOL Jogos. “Hoje, tudo que eu tenho é pelos games, meu canal, o eSport… Eu consigo viver com isso. A partir desse momento as pessoas começaram a aceitar. A pergunta que realmente importa é ‘isso dá dinheiro?’, ninguém pergunta se você tá feliz, só querem saber se dá dinheiro, aí apoiam.”

Quando questionado como faz para lidar com suas mil e uma funções, o jovem admite que essa vida corrida não é para qualquer um.

Zigueira - Reprodução - Reprodução
"É muito difícil equilibrar. É treino, YouTube, as lives… Você consegue tirar uma renda legal, mas só pra sobreviver. Nos bastidores, tem jogador de LoL que fala de salário de R$ 15 mil, mas no FPS tem time que paga R$ 1,5 mil para os integrantes."
Imagem: Reprodução

Sua rotina é basicamente treinar, gravar vídeo para o canal e fazer lives. "Precisa de muita disciplina para manter o foco e o objetivo. O social pra mim hoje é no Netflix, deitar e descansar. De vez em quando dá vontade de chutar o PC, por mais que eu faça algo que eu goste, é complicado."

Como tudo começou

Zigueira diz que nunca planejou ser pro player: simplesmente aconteceu. “Eu já estava no meio e um dia eu percebi que estava recebendo para jogar. Agora é mais fácil falar ‘quero ser jogador profissional’, mas há 15 anos isso não existia.”

Zigueira 2 - Reprodução - Reprodução
O início de Leo nos eSports começou em 2002, sempre focado em jogos de tiro. Desde os 13 anos, Zigueira já ficava mais de 10 horas em contato com games como “Counter-Strike”, “Battlefield” e outros, até finalmente chegar a “Rainbow Six Siege”.
Imagem: Reprodução

“Você jogava pelo simples prazer de jogar e foi assim que comecei, nas lan houses de Petrópolis. Um dia, minha mãe viu um cara fumando na frente da lan house e resolveu me dar um computador para eu jogar em casa.”

“Tudo começou a ficar mais sério em 2012, quando a palavra ‘eSports’ chegou pra valer. Para todo mundo, os games estragavam a televisão e estamos mudando esse pensamento de cinco anos para cá."

Desde então, o pro player vê uma melhora na mentalidade de outras pessoas a respeito dos games.

"Hoje todo mundo apoia e quer tirar foto comigo. Minha mãe na final do mundial de ‘Rainbow Six Siege’ botou a TV na sala pra todo mundo assistir com até minha vó, que não entende nada.”

Futuro

Zigueira está noivo de Anne Peixoto desde junho deste ano, quando fez o pedido de casamento ao vivo em uma transmissão oficial de "Rainbow Six Siege". Mesmo com planos para se casar, ele não pretende se aposentar tão cedo.

Pelo contrário: quando questionado sobre parar de jogar, o jogador tem fortes opiniões a respeito. 

"Essa conversa de que quanto mais velho, menos reflexo ou velocidade de raciocínio é mentira. Eu com 28 anos consigo acompanhar a molecada de 18, de 19. Os jogadores aposentados se aposentam porque querem, não porque não conseguem mais jogar."

E quanto ao futuro? "Eu já pensei muitas vezes em sair fora disso, sei que não vai durar pra sempre. Mas minha mãe me falou que se eu estou dentro desse meio, é para eu continuar."

"Eu só não sei se vou virar técnico ou dono de time, mas é um passo de cada vez. Quero continuar jogando, e, quem sabe num futuro próximo, virar dono de uma equipe."