Topo

Bala na Cesta

A receita de Bauru, que saiu de 0-2, empatou a semi com o Pinheiros em 2-2 e tem o jogo 5 em casa

Fábio Balassiano

22/05/2017 13h30

Bauru estava nas cordas na semifinal do NBB. Perdeu os primeiros dois jogos, via o Pinheiros dominar amplamente a série, o rival tinha 12 pontos de vantagem no jogo 3 (que poderia ser o da eliminação) e aparentemente não havia solução para modificar o panorama do confronto. Uma semana passou, e quanto está o duelo? Dois a dois, com o quinto jogo sendo realizado nesta terça-feira, às 19h30, no Panela de Pressão, no interior de São Paulo. Afinal, o que mudou no panorama da série? Vamos lá:

A primeira coisa que Bauru fez foi dobrar / triplicar a marcação em Desmond Holloway. Em nenhum momento o armador do Pinheiros, que fez 32 pontos no primeiro e 26 no segundo jogo, teve dificuldade para pontuar no começo da série, mas nos últimos seis quartos (os dois últimos do jogo 3 e a partida toda deste sábado, com vitória bauruense em SP por 76-72), sim. Holloway obteve apenas 12 pontos, 3/13 nos arremessos e foi ao lance-livre apenas cinco vezes. Nos 2 primeiros confrontos da semifinal, 26 foram as oportunidades que o norte-americano teve de pontuar da linha do lance-livre. A diminuição do volume foi fundamental.

Outro ponto importante foi tirar os pontos de transição / contra-ataque do Pinheiros. Logo após pegar o rebote o time pinheirense saía rápido rumo a cesta rival, e nos 2 primeiros jogos acabava conseguindo converter. Bennett, Neto e Holloway se refestelaram de pontuar em bandejas fáceis, o que abalava a confiança e aumentava a pressão para pontuar dos bauruenses. Contendo os pontos em transição, a conversão dos arremessos do Pinheiros caiu, os pontos também (77 e 72 pontos no jogos 3 e 4 contra 98 e 89 na abertura da série) e Bauru teve tranquilidade para fazer o seu jogo de forma mais cadenciada e controlando o ritmo do duelo. Deu certo.

Conseguindo conter bandejas e frear os pontos de Holloway, Bauru meio que obrigou o Pinheiros a fazer algo que não gosta (ou não faz bem) nesta temporada – chutar de longe. O time teve o quarto pior aproveitamento nos arremessos de três pontos na fase regular (31%), mas como espaçava bem a quadra e via as rotações bauruenses falharem teve 41 e 43% neste quesito nos primeiros dois jogos. Sem a menor cerimônia, Bauru fechou o garrafão para impedir as cestas "de pertinho" e deu o perímetro para o Pinheiros arremessar. Como que dizendo "aqui dentro você não entra, então se quiser pontuar na gente vai ter que chutar de fora". Deu certo. No jogo 3 o time da capital de São Paulo errou 17 de suas 23 tentativas de longe. Na quarta partida neste sábado, desperdiçou 15 de 21. Foram 27,2% de aproveitamento nas bolas de três pontos, portanto.

Via defesa, a sua grande arma nesta temporada 2016/2017 do NBB (mérito do grande técnico Demétrius), Bauru está mais vivo do que nunca. Acreditar que, com o 2-2 e o quinto jogo em casa, a vaga na terceira final consecutiva é barbada / questão de tempo é um erro que os bauruenses não podem cometer. O Pinheiros provou que possui inúmeras armas, já saiu de uma situação surrealmente difícil (de 0-2 para 3-2 contra o poderoso Flamengo) e está bem longe de estar nas cordas.

O jogo cinco (mais um jogo cinco!) deste sensacional playoff do NBB promete ser sensacional.

Sobre o blog

Por aqui você verá a análise crítica sobre tudo o que acontece no basquete mundial (NBB, NBA, seleções, Euroliga e feminino), entrevistas, vídeos, bate-papo e muito mais.