Adeus de Massa leva emoção a repórteres da Globo. Por motivos diferentes

A despedida de Felipe Massa no GP do Brasil não foi só emocionante para o piloto e sua família em Interlagos. Na zona de entrevistas logo após o piloto ter sido o sétimo colocado na prova, o piloto tentou em vão segurar as lágrimas. E os repórteres que o acompanham por toda a temporada, também.

Especialmente Mariana Becker, que tem sua carreira na F-1 muito associada a Massa. A repórter da TV Globo fez corridas esporádicas por alguns anos até passar a acompanhar a categoria por todo o ano justamente em 2008, quando Massa lutou pelo título até a última prova.

Falando ao UOL Esporte, a repórter admitiu que a despedida deste domingo foi mais dura do que há 12 meses. "Há um ano, a gente já estava se preparando para essa despedida dele. Lembro que ele saiu do box e eu estava o esperando na saída do box para entrevistar, com o queixo já tremendo. Ele me deu um abraço e eu chorei. Mas era diferente porque tinha o Felipe Nasr aqui e ele tinha feito uma excelente corrida. Achei que ele ficaria neste ano. E até quando o Massa voltou ele brincou comigo, falou que eu chorei à toa. Mas hoje foi uma coisa mais pessoal. Sei o quanto a família representa para ele, sei que ele ficou muito tocado com a mensagem do Felipinho. Ele não é um cara que chora geralmente. Então hoje, quando ele estava tentando se segurar falando comigo na entrevista e eu também, foi muito tocante. Depois que terminou, eu olhei para a família e eles sabem que eu acompanhei tudo, então dei uma desabadinha de leve."

Quem acompanhou a entrevista de perto foi a esposa de Massa, Anna Raffaela, que também falou sobre a relação especial com a repórter da Globo ao UOL Esporte.

"É muito bacana porque a Mari acompanhou a gente em tudo. Na época do acidente, ela ficou lá no hospital, todas as notícias, as vitórias, então ela também participou e ela mora em Mônaco também. Neste ano, quando teve a volta, a gente ligou para ela. Mari: 'agora vem que você vai ter que anunciar o retorno também'. Faz parte da família da Fórmula 1 que é com quem a gente convive, com quem a gente viaja, com quem a gente fica junto. Para eles é difícil também enxergar o Felipe saindo, ver o Felipe emocionado e não se emocionar. Acaba tendo o carinho também, não é só um trabalho".

Ao seu lado na zona de entrevistas, o também repórter da Globo Guilherme Pereira foi outro que se emocionou muito. Tendo começado na Fórmula 1 apenas neste ano, o jornalista contava à família de Massa, que acompanhou as entrevistas do piloto de perto, sua trajetória de torcedor de Massa nas arquibancadas de Interlagos a profissional cobrindo a categoria.

"Já era fã do piloto, agora sou fã da pessoa", escreveu em seu Instagram. "Um cara que teve carinho e paciência para receber um moleque cheio de dúvidas e de vontade."

Ao UOL Esporte, Pereira revelou que a emoção no momento da despedida brasileira de Massa também tem a ver com a lembrança de seu pai, já falecido. "Meu pai era completamente apaixonado por F-1. Inclusive a lua-de-mel dele e da minha mãe foi em uma corrida: ele a colocou na garupa da moto dele e eles foram para o Rio ver a corrida. Quem diria que 31 anos depois estou cobrindo a categoria."

A reportagem do UOL Esporte também teve a oportunidade de acompanhar Massa especialmente nas últimas três temporadas e pôde comprovar como o piloto é querido e respeitado como poucos no paddock e sempre reconhece o trabalho dos profissionais que os cercam, em um esporte no qual a convivência acaba sendo mais forte que em outros devido à natureza das longas temporadas passando por vários países do mundo.

Tanto, que seguindo no clima familiar, até mesmo Fernando Alonso fez questão de falar com a mãe de Massa na área de entrevistas. E, bem a seu estilo, garantiu à mãe do piloto, Ana Elena, que fez questão de dificultar a vida de seu ex-companheiro durante o GP do Brasil, no qual o pressionou por grande parte da prova. "Eu dei trabalho para ele mesmo!", disse o espanhol.

Por Julianne Cerasoli e Luiza Oliveira
Do UOL, em São Paulo