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Novato na seleção principal, Thales diz que oportunidade veio mais cedo do que esperava

Sidrônio Henrique

15/06/2017 06h00

Líbero Thales Hoss, no dia da sua estreia, 3 de junho, conversa com o ponteiro Ricardo Lucarelli (fotos: FIVB)

Destaque quando passou pelas categorias de base da seleção e nos clubes da Superliga, o líbero Thales Hoss recebe, aos 28 anos, sua primeira chance no selecionado principal. "Esperava ter uma oportunidade de jogar, mas não tão cedo", afirmou ao Saída de Rede o gaúcho da cidade de São Leopoldo. Pode parecer estranho alguém dessa idade achar "cedo" para ter espaço na seleção adulta. É que a maioria dos líberos, assim como grande parte dos levantadores, leva mais tempo do que os atacantes para atingir seu auge. A função de especialista em passe e defesa exige uma leitura apurada de cada aspecto do jogo, algo que vai sendo aperfeiçoado paulatinamente.

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Thales tem agradado à comissão técnica. Com presença em cinco das seis partidas do Brasil até aqui na Liga Mundial 2017, ele lidera as estatísticas de passe da competição, tendo 62,3% de eficiência – seguido de outro brasileiro, o ponta Maurício Borges, com índice de 59,8%. A estreia de Thales foi no segundo jogo da seleção, a vitória por 3-1 sobre o Irã. O novato vinha recebendo elogios do técnico Renan Dal Zotto por seu empenho desde a fase inicial de treinamento, em Saquarema (RJ). "Na partida contra os iranianos, quando fiquei o tempo inteiro, acredito que tenha conseguido corresponder às expectativas do Renan e da comissão técnica. A partir dali, acho que eles ganharam confiança para me colocar no passe. No jogo seguinte, começaram a alternar os líberos e essa dobradinha com o (Tiago) Brendle está funcionando bem", comentou.

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Desde a terceira partida, Thales Hoss tem permanecido em quadra na hora de receber o saque, enquanto Brendle, 31 anos, entra na virada de bola do adversário. O próprio Tiago Brendle teve que esperar até os 29 anos para finalmente ganhar uma chance para valer na seleção principal, que durante os quatro últimos ciclos olímpicos, com breves interrupções, teve Serginho absoluto na posição.

Thales e outros jogadores da seleção brasileira observam telão e aguardam resultado do desafio em vídeo

Experiência e equilíbrio
"O Thales é um líbero jovem, porém já experiente no cenário nacional por ter jogado várias edições da Superliga. Na mais recente, teve um bom rendimento que o credenciou a estar na seleção. Agora o passo mais importante é que vá adquirindo cada vez mais vivência internacional", disse Brendle ao SdR sobre o colega.

Assistente técnico na seleção e treinador de Thales no Lebes/Gedore/Canoas na última edição da Superliga, Marcelo Fronckowiak ressaltou as qualidade do atleta, mas fez uma ressalva. "Ele teve uma temporada muito boa em Canoas e o que está fazendo aqui na seleção é reflexo disso. Mas ele precisa manter os pés no chão porque os desafios a partir de agora são muito maiores, são níveis diferentes. Ele está enfrentando saques agressivos e mais regulares, mais pressão de jogo".

Fronckowiak, que tem em seu currículo de técnico dois títulos de Superliga e seis temporadas e meia no concorrido mercado europeu, apontou ainda ao Saída de Rede um aspecto importante com o qual tanto Thales quanto Brendle estão tendo que lidar. "Eles convivem com a lembrança dessa figura mítica que acabou de deixar a seleção brasileira que é o Serginho. Qualquer um que passar por esse posto vai sofrer comparação. Espero que ele e o Tiago Brendle sejam suficientemente fortes para suportar isso e colocar em quadra o que têm feito nos treinamentos".

Thales entra na frente de Lucarelli para receber um saque durante partida da Liga Mundial 2017

Estudo e apoio
O pouco conhecimento sobre os adversários tem sido, conforme Thales Hoss, seu maior obstáculo até agora. "Preciso conhecer os adversários de forma mais profunda. Este (a Liga Mundial) é o meu primeiro campeonato internacional adulto e é necessário saber bem como jogam os atletas das outras seleções para enfrentá-los da melhor forma. Para minimizar isso, tenho me dedicado muito ao estudo, assistido vários vídeos e tenho contado com a ajuda de toda a comissão técnica".

O nível de um torneio internacional entre seleções de ponta o obriga a estar ainda mais alerta. "O padrão aqui é bem alto, não tem jogo fácil. Mesmo a equipe que está mais abaixo na classificação pode fazer uma partida difícil. Na Superliga, de vez em quando, encontramos um jogo um pouco mais fácil. Aqui realmente não há essa possibilidade", ponderou o líbero, que na próxima temporada de clubes irá jogar no Funvic Taubaté.

Confrontos na Argentina
A partir desta sexta-feira até domingo, em Córdoba, na Argentina, a seleção brasileira enfrentará, respectivamente, a Bulgária (às 18h10, no horário local, que é o mesmo de Brasília), depois o time da casa (às 19h10) e finalmente a Sérvia (às 16h10), na terceira e última etapa da fase preliminar da Liga Mundial. Os três jogos terão transmissão do SporTV. O Brasil está classificado para as finais como país-sede, uma vez que a competição será decidida em Curitiba, na Arena da Baixada, de 4 a 8 de julho. Seis equipes disputarão as finais. Além da seleção brasileira, a França, única invicta após seis partidas, também já garantiu a classificação.

Sobre a autora

Carolina Canossa - Jornalista com experiência de dez anos na cobertura de esportes olímpicos, com destaque para o vôlei, incluindo torneios internacionais masculinos e femininos.

Sobre o blog

O Saída de Rede é um blog que apresenta reportagens e análises sobre o que acontece no vôlei, além de lembrar momentos históricos da modalidade. Nosso objetivo é debater o vôlei de maneira séria e qualificada, tendo em vista não só chamar a atenção dos fãs da modalidade, mas também de pessoas que não costumam acompanhar as partidas regularmente.

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