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Meus 5 maiores motivos para lamentar a ausência de Federer em Roland Garros

Alexandre Cossenza

16/05/2017 10h06

O suíço Roger Federer anunciou nesta segunda-feira que não disputará o torneio de Roland Garros este ano. Embora em circunstâncias diferentes, ele repete a escolha feita em 2016, quando abdicou do slam francês para se preparar melhor para a temporada de grama e o segundo semestre, todo em quadras duras.

Sem atuar desde o Masters de Miami, onde foi campeão, o ex-número 1 do mundo (atual #5) voltará só em junho, com um calendário cheio. Jogará em Stuttgart, a partir do dia 12, e em Halle, logo na semana seguinte. São os torneio de preparação na grama para Wimbledon, onde muitos esperam que Federer seja favorito.

Embora ninguém esteja comemorando a decisão de pular Roland Garros, afinal trata-se de uma opção bastante compreensível para um cidadão de 35 que pretende ficar no circuito por mais alguns anos (seu anúncio cita especificamente a palavra "longevidade"), cada fã de tênis tem seus motivos especiais e diferentes para lamentar a ausência do campeão de 2009. Estes são os meus.

5. Um sério candidato

Do jeito que jogou no início do ano e da maneira que vêm atuando os candidatos habituais a títulos de slam, não haveria por que Federer não ser um candidato seríssimo ao bicampeonato em Paris. Murray não se encontrou na terra batida, Djokovic não achou sua "faísca", Wawrinka chegou a Roma com uma vitória e duas derrotas no saibro, e Ferrer faz a pior temporada dos últimos dez anos.

Além disso, a chamada #NextGen da ATP vem mostrando pouca intimidade com o saibro. A clara exceção é Dominic Thiem, que, com 23 anos, já nem deveria fazer parte de tal grupo. Mas o fato é que é difícil imaginar Federer perdendo para alguém não chamado Rafael Nadal atualmente.

4. A rivalidade

E Rafa Nadal também me faz lamentar a ausência de Federer. Afinal, quem segue tênis há mais de dez anos sabe que o suíço foi muito bem cotado para algumas das finais de Roland Garros que fez contra o espanhol. Ele era favorito na semi de 2005 e na decisão de 2006. Aos poucos, Nadal foi evoluindo e levando mais vantagem na rivalidade, mas o "momento" é claramente do suíço. Seria interessantíssimo ver os dois duelando mais uma vez em Paris, desta vez com Federer carregando uma série de quatro vitórias e cinco sets vencidos de forma consecutiva sobre o rival. Como essa vantagem afetaria um novo duelo em Roland Garros? Nunca vamos saber.

3. Margem para especulações

Poucos minutos após o anúncio da ausência de Federer, a pergunta já circulava no Twitter: o domínio de Rafael Nadal no saibro teria influenciado a decisão do suíço? A sub-pergunta é clara: Federer estaria evitando mais um confronto nas condições favoráveis ao rival e, portanto, fugindo de um duelo que pudesse dar confiança ao espanhol e afetar sua soberania antes de Wimbledon?

Nunca me pareceu uma teoria muito plausível, mas é o que acontece em casos assim. Não importa o que aconteça, uma ausência assim – sem ser causada por lesões (embora seja para evitá-las) – sempre dá margem a especulações. As teorias de conspiração já circulam soltas, e nada consegue pará-las. Nem a entrevista de Severin Luthi, técnico de Federer, dizendo ao New York Times uma coisa não teve nada a ver com a outra. Leia no tweet acima.

2. Corrida pelo número 1

A disputa que vem se desenhando entre Federer e Nadal pela liderança do ranking perde um pouco da emoção, pelo menos por enquanto. Principalmente se o espanhol confirmar o favoritismo e faturar Roland Garros pela décima vez. Aí sim Federer terá uma desvantagem que não será fácil de reduzir. É claro que uma boa campanha em Wimbledon (onde Nadal não passa das oitavas desde 2011) por parte do suíço pode voltar a esquentar as coisas, mas tudo seria mais emocionante desde já com ambos na chave em Paris. Por enquanto, Nadal já somou 4.745 pontos em 2017, contra 4.045 de Federer. Com mais três mil em jogo no saibro, o espanhol pode abrir uma boa frente.

1. Highlights

Por fim, perderemos a chance de ver jogos assim (eu poderia fazer uma lista de uns 50 lances espetaculares do suíço em Paris, mas para economizar tempo e espaço na página, fiquemos com estas cinco partidas memoráveis):

Sobre o autor

Alexandre Cossenza é bacharel em direito e largou os tribunais para abraçar o jornalismo. Passou por redações grandes, cobre tênis profissionalmente há oito anos e também escreve sobre futebol. Já bateu bola com Nadal e Federer e acredita que é possível apreciar ambos em medidas iguais.
Contato: ac@cossenza.org

Sobre o blog

Se é sobre tênis, aparece aqui. Entrevistas, análises, curiosidades, crônicas e críticas. Às vezes fiscal, às vezes corneta, dependendo do dia, do assunto e de quem lê. Sempre crítico e autêntico, doa a quem doer.