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Mundial de Clubes: Rexona-Sesc saca melhor e vai à semifinal; Vôlei Nestlé cai perdido em quadra e agora briga pelo quinto lugar

Sidrônio Henrique

12/05/2017 04h02

Drussyla marca e comemora: a ponteira de 20 anos e 1,86m fez 22 pontos (fotos: FIVB)

Campeão brasileiro e sul-americano, o Rexona-Sesc está na semifinal do Mundial de Clubes Feminino, disputado em Kobe, no Japão. Já o outro representante do Brasil, o Vôlei Nestlé, vice-campeão da Superliga, está fora da disputa de medalhas, restando-lhe apenas a briga pelo quinto lugar do torneio.

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Na manhã desta sexta-feira (12) na Ásia, noite de quinta-feira no Brasil, o Rexona-Sesc superou o Dínamo Moscou por 3-1, numa boa exibição da ponta Drussyla. Na sequência, o Vôlei Nestlé, campeão mundial em 2012 e que jamais havia deixado de subir ao pódio nas quatro vezes em que participou da competição, caiu em sets diretos para o Volero Zurich, da Suíça.

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Será justamente o Volero, que ainda não perdeu um set, o adversário do Rexona na semifinal, neste sábado, às 3h40 (horário de Brasília). Antes, à 0h55, clássico turco entre o favorito VakifBank e o Eczacibasi, ambos recheados de estrelas. As duas partidas serão transmitidas pelo SporTV. Antes do torneio, Bernardinho afirmou que tinha como expectativa "alcançar a semifinal e ver o que vai acontecer". No ano passado, o time ficou na quinta colocação.

Monique tenta superar o bloqueio de Poljak: oposta brasileira teve participação importante

Rexona-Sesc vs. Dínamo Moscou
O Rexona-Sesc avançou à semifinal ao bater o Dínamo Moscou, campeão russo e quarto colocado no Campeonato Europeu, por 3-1 (25-23, 23-25, 25-23, 25-23), numa partida intensa, como as parciais demonstram, mas com nível técnico apenas razoável. Embora o número de erros que resultaram em pontos diretos tenha ficado dentro do aceitável (16 da equipe russa e 19 da carioca), as falhas foram se acumulando dos dois lados, prejudicando a execução do jogo. Ganhou quem melhor utilizou o serviço. Ainda que tenha feito menos aces, cinco contra seis do Dínamo, o Rexona-Sesc sacou melhor, tornando ainda mais previsível o estilo marcado das campeãs russas.

Quem olhasse as duas equipes no papel, diria que o Dínamo Moscou era amplamente favorito. Afinal, das sete titulares, cinco são ou já foram da seleção da Rússia e as outras duas são a ponta/oposta dominicana Bethania de la Cruz, aproveitada na entrada de rede, e a central croata Maja Poljak, ambas estrelas internacionais. A principal jogadora, no entanto, é a oposta russa Nataliya Goncharova, uma das melhores atacantes de saída de rede do mundo. Na manhã desta sexta-feira em Kobe, ela foi responsável por quase 40% das tentativas de ataque do Dínamo, mas causou menos estrago do que o esperado, apesar de ter deixado a quadra como maior pontuadora do confronto, empatada com a ponta brasileira Drussyla, com 22 pontos.

No duelo entre as principais atacantes de cada time, o desempenho foi bem parecido – embora Drussyla, como ponta, tenha que se preocupar com a recepção. Goncharova marcou 21 no fundamento, ante 18 da brasileira. Mas enquanto o aproveitamento da estrela russa foi de 40,4%, Drussyla alcançou 41,9%.

Goncharova ataca: estrela russa não impediu a derrota do Dínamo Moscou para o time carioca

Pelo Rexona-Sesc, vale ressaltar a distribuição correta, ainda que nem sempre precisa, da levantadora Roberta Ratzke. A central Juciely, a oposta Monique e a ponta Gabi, com 17, 15 e 13 pontos, respectivamente, tiveram participação importante no jogo.

Não há como não citar o técnico Bernardinho, o grande responsável por transformar um time taticamente obediente, porém com uma linha de passe irregular e tendo baixa estatura para os padrões internacionais, em um sexteto capaz de superar uma equipe com diversas estrelas. Mesmo sem ter um bloqueio alto, o Rexona-Sesc marcou 11 pontos no fundamento e amorteceu várias bolas, na maioria das vezes recuperadas pela defesa e transformadas em contra-ataque.

Do lado russo, foi incompreensível a insistência do treinador Yuri Panchenko em manter em quadra a ponteira Yana Shcherban, que esteve mal no ataque e na recepção. Apenas no quarto set ela saiu para a entrada de Natalia Krotkova, que rendeu mais. A veterana Bethania de la Cruz fez 17 pontos e, em diversos momentos, foi o desafogo da levantadora Ekaterina Kosianenko. Por falar na armadora, se ela mostrou entrosamento com a central Ekaterina Lyubushkina, que deixou a quadra com 14 pontos, sendo sete no ataque, seis no bloqueio e um ace, não se pode dizer que havia sintonia com a craque Poljak, uma das melhores do mundo no meio de rede. A croata marcou oito pontos, sendo sete no bloqueio, sua especialidade, mas quase não conseguia atacar, desperdiçada ofensivamente por Kosianenko.

Destaque para as defesas das duas líberos, a brasileira Fabi e a russa Anna Malova.

Uma curiosidade: a exemplo do time turco VakifBank diante da equipe carioca, o campeão russo marcou impressionantes 19 pontos de bloqueio em quatro sets e fez seis aces. Entretanto, o Dínamo Moscou amorteceu menos ataques do Rexona-Sesc e o saque não foi tão agressivo ao longo da partida como o do VakifBank.

Vôlei Nestlé chegou perto de fechar o primeiro set, mas estagnou e foi caindo ao longo da partida

Vôlei Nestlé vs. Volero Zurich
O time de Osasco, treinado por Luizomar de Moura, entrou em quadra diante da equipe suíça sem poder perder mais do que um set. Do outro lado, bastava exatamente um para garantir o primeiro lugar da chave. Num jogo de baixo nível técnico, com alguns lampejos do Volero Zurich no ataque e no bloqueio, o Vôlei Nestlé perdeu por 3-0 (27-25, 25-22, 25-18) e agora disputa o chamado torneio consolação, valendo do quinto ao oitavo lugar. Entra em quadra às 7h10 (horário de Brasília) deste sábado (13) contra o Hisamitsu Springs, do Japão, para decidir se brigará pelo quinto ou pelo sétimo lugar no dia seguinte. A partida não terá transmissão pela TV.

O vice-campeão da Superliga chegou a liderar a primeira parcial por 23-20, mas estancou e viu o adversário empatar o placar. Ainda resistiu mais um pouco na virada de bola, mas com duas cravadas na diagonal, a ponta cubana Kenia Carcaces, ex-jogadora do Osasco, definiu o set para o Volero. A liderança da chave estava assegurada para o time suíço.

Volero Zurich fechou a fase de grupos do Mundial com três vitórias em sets diretos

Duas titulares da equipe europeia, a levantadora sérvia Bojana Zivkovic (titular na ausência da brasileira Fabíola, que passou por cirurgia no joelho recentemente e não pôde ir ao Mundial) e a central americana Foluke Akinradewo, sequer voltaram para o restante da partida. O saque do Volero incomodou a linha de passe do Vôlei Nestlé. O vice-campeão brasileiro oscilou na virada de bola e exibiu desorganização nas transições da defesa para o contra-ataque. Mesmo sem que o oponente se empenhasse muito – Osasco chegou a marcar um ponto de manchete e outro numa largada alta no meio da quadra –, o time brasileiro não conseguiu estabelecer um ritmo que atrapalhasse o rival. Até esboçou uma reação, marcando quatro pontos seguidos quando perdia por 16-22, mas já era tarde. O Volero Zurich fechou a parcial, tirando o Vôlei Nestlé da disputa por medalha.

O terceiro e último set foi meramente protocolar. O time da Suíça colocou mais reservas em quadra e o Osasco, sem motivação alguma, jogou ainda pior.

A ponteira Tandara, do Vôlei Nestlé, foi a maior pontuadora do confronto, marcando 14 vezes, todas no ataque. Ela virou metade das bolas que recebeu. A levantadora Dani Lins, campeã olímpica em Londres 2012, teve uma atuação irregular, com erros de distribuição e de precisão.

Pelo Volero, a oposta ucraniana Olesia Rykhliuk liderou com 12 pontos, tendo jogado apenas nos dois primeiros sets. Destaque para Carcaces, que também esteve em quadra somente nas duas primeiras parciais e virou 11 vezes em 14 tentativas – todos os seus pontos foram de ataque.

Sobre a autora

Carolina Canossa - Jornalista com experiência de dez anos na cobertura de esportes olímpicos, com destaque para o vôlei, incluindo torneios internacionais masculinos e femininos.

Sobre o blog

O Saída de Rede é um blog que apresenta reportagens e análises sobre o que acontece no vôlei, além de lembrar momentos históricos da modalidade. Nosso objetivo é debater o vôlei de maneira séria e qualificada, tendo em vista não só chamar a atenção dos fãs da modalidade, mas também de pessoas que não costumam acompanhar as partidas regularmente.

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