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Rosberg surpreende e anuncia aposentadoria da F-1 após conquistar o título

Do UOL em São Paulo

02/12/2016 11h21

O alemão Nico Rosberg fez um anúncio surpreendente nesta sexta-feira. Menos de uma semana após conquistar o título mundial da Fórmula 1, o piloto anunciou que está se aposentando da categoria.

O piloto de 31 anos, que foi campeão pela primeira vez nesta temporada após uma intensa batalha com o companheiro Lewis Hamilton, afirmou que não conseguirá repetir os esforços feitos para a conquista desta temporada e decidiu parar. O anúncio foi feito em entrevista coletiva e posteriormente divulgado em um comunicado no site da Mercedes e da página do piloto no Facebook.

"Nos 25 anos em que disputei corridas, esse foi o meu sonho, ser campeão do mundo da Fórmula 1. Por meio de trabalho duro, da dor, dos sacrifícios, esse foi meu objetivo. E agora eu consegui. Subi minha montanha, estou no pico, então isso parece ser a coisa certa. Minha emoção mais forte agora é uma imensa gratidão por todos que me apoiaram para tornar esse sonho realidade", disse Rosberg em um comunicado.

"A única coisa que torna minha decisão mais difícil é porque estou colocando minha família nas corridas em uma situação difícil. Mas Toto entendeu. Ele sabia desde o início que eu estava completamente convencido e isso me deu força. A coisa que me dá mais orgulho de ter conquistado nas corridas sempre será o campeonato mundial conquistado com esta equipe incrível, as Flechas de Prata", afirmou o campeão mundial.

Em sua conta no Twitter, a Mercedes agradeceu a Rosberg pelos anos de trabalho. Já o chefe da equipe Toto Wolf admitiu ter sido pego de surpresa pela decisão do piloto alemão. Ainda afirmou que a equipe terá que correr contra o tempo para definir um substituto.

“É uma decisão corajosa de Nico e uma demonstração da força de seu caráter. Ele escolheu sair no topo, como campeão do mundo, tendo atingido seu sonho de infância. A clareza de seu pensamento fez com que eu aceitasse sua decisão logo de cara quando ele me contou", disse Wolf,

O sucessor mais óbvio para Rosberg seria Pascal Werhlein, piloto ligado à Mercedes, que disputou esta temporada pela Manor e está sem cockpit para o ano que vem. Porém, a equipe tem dúvidas se o alemão de 22 anos está preparado para correr em um time grande ao lado de Lewis Hamilton. Isso abre caminho para que outros pilotos mais experientes e que estão sob contrato sondem os atuais tricampeões mundiais.
 
“Para a equipe, esta é uma situação inesperada, mas também empolgante. Estamos entrando em uma era de novas regras técnicas e há um cockpit livre na Mercedes para a próxima temporada. Vamos tomar o tempo que foi preciso para avaliar nossas opções e traçar nosso caminho para o futuro.”, completou o mandatário.

 

Adeus após 11 anos na Fórmula 1

Rosberg se despede da Fórmula 1 com 206 provas, com 30 pole positions e 23 vitórias. Campeão da GP2 em 2005, o alemão estreou na Fórmula 1 em 2006 pela Williams, equipe pela qual ficou por quatro anos e teve como melhor resultado um sétimo lugar no Mundial e Pilotos, em 2009.

O trabalho elogiado na escuderia britânica chamou a atenção da Mercedes, onde iniciou o projeto em 2010 tendo como companheiro Michael Schumacher. Apesar de um início difícil da equipe, longe da briga pelo primeiro lugar, Rosberg terminou três temporadas à frente do heptacampeão, que se aposentou em 2012.

O ano de 2013 marcou o início de uma relação que ficará marcada para a história da Fórmula 1. O bom trabalho nos anos anteriores garantiram a sua permanência na equipe, mas com o inglês Lewis Hamilton colocando mais pressão em seus ombros como novo companheiro.

As três primeiras temporadas seguiram a mesma tônica: o britânico na frente. Em 2013, ainda com a Mercedes pavimentando o caminho que a colocaria no topo nos anos seguintes, Rosberg viu Hamilton terminar o Mundial em quarto, duas posições à frente. Em 2014 e 2015, já com a equipe dominante na Fórmula 1, dois vice-campeonatos, sempre atrás do companheiro.

A situação deixou Rosberg visivelmente incomodado. Em sua entrevista ao final de 2015, ele foi rígido na avaliação e prometeu a reviravolta em 2016. E foi o que aconteceu. Diferente dos anos anteriores, conseguiu um ótimo início de temporada e deu sinais de que enfim conseguiria o sonhado título.

Mas não sem emoção. Uma sequência de quatro vitórias seguidas recolocou Hamilton na liderança na metade da temporada, aumentando a pressão em Rosberg. Desta vez, porém, o alemão reagiu, reassumiu a ponta e depois abriu vantagem com a vitórias no GP do Japão, controlando a diferença com quatro segundos lugares até a consagração no GP de Abu Dhabi. Prova que, naquele momento, poucos imaginavam que poderia ser a última em sua carreira na categoria.

Confira o anúncio na íntegra:

Nos 25 anos em que disputei corridas, esse foi o meu sonho, ser campeão do mundo da Fórmula 1. Por meio de trabalho duro, da dor, dos sacrifícios, esse foi meu objetivo. E agora eu consegui. Subi minha montanha, estou no pico, então isso parece ser a coisa certa. Minha emoção mais forte agora é uma imensa gratidão por todos que me apoiaram para tornar esse sonho realidade.

Nesta temporada, posso dizer a vocês, foi muito duro. Forcei como um louco em todas as áreas depois de decepções nos últimos dois anos; e isso deu um combustível a minha motivação em um nível que nunca tinha experimentado. E claro que teve um impacto nas pessoas que eu amo também - foi o esforço de toda uma família, colocando tudo atrás de nosso sonho.

Não posso encontrar palavras para agradecer minha esposa Vivian; ela foi incrível. Ela entendeu que este ano era o principal, nossa oportunidade de conseguir, e criou uma atmosfera para que eu tivesse uma recuperação total entre cada corrida, cuidando de nossa filha a cada noite, assumindo as coisas quando tudo ficou difícil e colocando nosso campeonato em primeiro lugar.

Quando ganhei a corrida em Suzuka, a partir da aquele momento quando o destino do meu título estava em minhas próprias mãos, a grande pressão começou e passei a pensar em terminar minha carreira quando eu me tornasse campeão do mundo. No domingo de manhã em Abu Dhabi, sentia que poderia ser minha última corrida e esse sentimento aclarou minha mente antes da largada. Queria curtir todos os momentos desta experiência, sabendo que poderia ser minha última vez. Depois de refletir por um dia, as primeiras pessoas para quem contei foram Vivian e Georg [seu assessor], e depois para Toto [seu chefe].

A única coisa que torna minha decisão mais difícil é porque estou colocando minha família nas corridas em uma situação difícil. Mas Toto entendeu. Ele sabia desde o início que eu estava completamente convencido e isso me deu força. A coisa que me dá mais orgulho de ter conquistado nas corridas sempre será o campeonato mundial conquistado com esta equipe incrível, as Flechas de Prata.

Agora, estou apenas curtindo o momento. Nas próximas semanas vou refletir sobre a temporada e curtir toda experiência que vier com isso. Depois, vou virar na próxima esquina da minha vida e ver o que terei adiante.

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