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Stroll está sofrendo por não ter ralado na base, diz brasileiro da F-2

Mark Thompson/Getty Images
Imagem: Mark Thompson/Getty Images

Julianne Cerasoli

Do UOL

20/04/2017 04h00

Os primeiros passos de Lance Stroll na Fórmula 1 têm sido mais difíceis do que se esperava. Ao mesmo tempo em que o piloto deu um grande salto da F3 para a F1 - o mesmo feito por Max Verstappen - sua preparação foi sem precedentes em uma época na qual o tempo de pista das equipes é limitado.

Com o dinheiro de seu pai, o bilionário Laurence Stroll, Lance contou com um carro de 2014 e uma equipe própria para testar em várias pistas que fazem parte do campeonato da F1. Antes disso, sempre teve as melhores equipes nas categorias de base - e respondeu com títulos.

Quem testemunhou isso de perto foi o brasileiro Sergio Sette Câmara, que correu com Stroll no ano passado na F3 Europeia.

"Ele é como um projeto, preparado para a F1:  treinando com as melhores pessoas, ele virou um bom piloto”, afirmou Sette Câmara em entrevista exclusiva ao UOL Esporte. “Não é só porque ele tem dinheiro que ele é ruim, ele é bom, mas chegou lá com muitas facilidades. Eu acho que é muita pressão em cima dele”, acredita o brasileiro, que se identifica de certa forma com o canadense. Afinal, Sette Câmara entrou no programa de jovens pilotos da Red Bull no final de 2015 e passou a ter de conviver com a obrigação de mostrar resultados, o que acabou sendo contraproducente para suas performances.

“Eu vi o tanto que perdi para mim mesmo no ano passado: sou o mesmo piloto, mas vi o tanto que eu ia mais devagar por isso, e acredito que isso possa estar acontecendo com ele. Ele nunca teve um ano de muita pressão porque teve todos os companheiros de equipe comprados, então ele começava a corrida na F3 sabendo que ganharia, pois além disso ele tinha a equipe mais competitiva, e sabia que, se alguém da equipe fosse mais rápido que ele, na próxima volta teria um carro mais lento por interferência da equipe ou o companheiro vai receber uma ordem para tirar o pé, o que é ridículo em uma categoria de base.”

Por conta das facilidades que o piloto de 18 anos teve, em função da estrutura montada por seu pai para que chegasse à Fórmula 1 da melhor maneira possível, Sette Câmara vê que, hoje, Stroll está lidando com uma situação nova na carreira, o que explica a dificuldade inicial de adaptação.

“Acho que é isso que ele está sofrendo, não ter ralado o suficiente. Tem piloto que rala muito e aí o psicológico destrói, porque você nunca tem o resultado, você sempre vai para as piores equipes, você não confia em si mesmo. Mas existe também o outro extremo que é o Stroll, ele sempre teve tudo do bom e do melhor, nunca teve que ralar na vida profissional, e agora entra numa Williams, que não é mais o carro vencedor, então ele tem que começar a acelerar e aí está sofrendo um pouco com isso. Mas vamos ver como ele se adapta. Eu não torço contra, não. Ele vai continuar na F1 de qualquer jeito."

Após andar com Stroll na F3 europeia ano passado, o piloto brasileiro faz sua estreia neste ano na F2, pela equipe MP Motorsport. Na primeira etapa do ano, no Bahrein, Sette Câmara terminou a primeira corrida em 13º e foi o último na segunda, após ter tido problemas em seu carro. A próxima etapa da categoria será junto com o GP da Espanha da Fórmula 1, dia 14 de maio.

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