Topo

Fórmula 1

Alonso defende que F-1 vive de especulações porque corridas são monótonas

Experiência de Alonso na Indy o fez repensar a Fórmula 1 - Brian Spurlock/Reuters
Experiência de Alonso na Indy o fez repensar a Fórmula 1 Imagem: Brian Spurlock/Reuters

Julianne Cerasoli

Do UOL, em Montreal (CAN)

10/06/2017 04h00

A experiência nas 500 Milhas de Indianápolis abriu os olhos de Fernando Alonso para a realidade atual da Fórmula 1 e o espanhol chegou a uma conclusão: as corridas previsíveis fazem com que a categoria fique demasiadamente focada no futuro e em especulações. E ligue muito pouco para a corrida em si.

“Um bom exemplo é a coletiva de imprensa: não houve nenhuma pergunta sobre esta corrida”, disse Alonso em Montreal, onde disputa o GP do Canadá neste final de semana. “É só sobre o futuro, o que vou fazer ano que vem, se as novidades do carro vão surtir efeito. Sempre se está pensando muito no futuro, não há muito foco no que está acontecendo nesta corrida.”

Para o espanhol, isso é resultado direto da previsibilidade das corridas. “Isso acontece porque sabemos mais ou menos onde todos vão terminar. Dá para colocar em um papel os 15 primeiros colocados da corrida e 99% vão acertar todas elas. Essa falta de imprevisibilidade nas corridas gera esse pensamento focado no futuro, e muita especulação. É claro que há uma parte do esporte que se beneficia disso, porque isso gera muito assunto para a mídia e muitas interações com os torcedores - mas não tem a ver com o que vai acontecer neste final de semana.”

"99% acertariam os 15 primeiros", diz Alonso - Mark Thompson/Getty Images - Mark Thompson/Getty Images
"99% acertariam os 15 primeiros", diz Alonso
Imagem: Mark Thompson/Getty Images

Questão de distribuição de renda

Para Felipe Massa, trata-se de um problema difícil de resolver, pois a falta de competitividade está diretamente ligada à diferença de investimento entre as corridas que, por sua vez, tem a ver com as discrepâncias na divisão do dinheiro vindo da comercialização dos direitos comerciais.

Na F-1, isso é feito a partir de um acordo denominado Pacto da Concórdia, renovado periodicamente. E o contrato atual, que vence em três anos, determina a distribuição de dinheiro tanto pela posição de cada equipe no campeonato, quanto por meio de bônus negociados de maneira unilateral, que fazem com que times como Ferrari e Mercedes arrecadem muito mais dinheiro que a própria Williams de Massa ou a McLaren de Alonso.

“Isso é uma coisa que vai demorar para resolver. Como uma equipe que tem 80 milhões pode lutar com uma equipe que tem 400? Isso acontece em vários outros campeonatos - como no futebol, por exemplo. Essa diferença é muito difícil resolver, mas vamos ver o que eles conseguem após o final do Pacto da Concórdia em 2020.”

Melhorar a distribuição financeira é uma das metas dos novos donos, que tomaram o controle do esporte no início desta temporada. Mas o chefe Ross Brawn é o primeiro a admitir que essa missão não será fácil. “Não acredito que exista qualquer equipe que queira ouvir falar em diminuir os gastos”, afirmou em Montreal.

Fórmula 1