Topo

Fórmula 1

McLaren quer garantia de andar na frente em 2018. Mas Honda parece perdida

McLaren ainda não marcou pontos no campeonato - Mark Thompson/Getty Images
McLaren ainda não marcou pontos no campeonato Imagem: Mark Thompson/Getty Images

Julianne Cerasoli

Do UOL, em Londres (ING)

14/06/2017 06h28

Tudo começou na quinta-feira antes do GP do Canadá, disputado no último final de semana: Fernando Alonso afirmou categoricamente que se “não estiver vencendo até setembro”, não continua na McLaren. “Todos queremos ganhar e se, depois de três anos, isso não aconteceu, talvez seja a hora da equipe mudar.”

O alvo do espanhol é claro: por todo o final de semana, Alonso exaltou a qualidade do carro da McLaren, dando a entender que toda a defasagem de um conjunto que não marcou um ponto sequer após sete etapas e carrega a lanterna do campeonato vem do motor Honda.

“Terminamos a classificação em 12º lugar, mas sabemos por nossas estimativas o quanto perdemos nas retas, então isso quer dizer que fomos muito, muito competitivos”, disse o bicampeão, que chegou a classificar a diferença de 10km/h nas retas como “perigosa”.

Perguntado em entrevista coletiva acompanhada pelo UOL Esporte em Montreal, contudo, Alonso fugiu da resposta quando questionado em que posição estaria com outro motor. “Não vou dar essa manchete para vocês.”

Alonso abandona o GP da Rússia na volta de aquecimento - Reprodução/Fórmula 1 - Reprodução/Fórmula 1
Imagem: Reprodução/Fórmula 1
Mas o espanhol não esteve sozinho nas críticas abertas à Honda ao longo do final de semana, dando a entender que a McLaren trabalha seriamente na possibilidade de encerrar a parceria com os japoneses após três anos. Nessa terça-feira, inclusive, o jornal britânico "Daily Mail" afirmou que a equipe romperá o contrato com a fornecedora e acertará com a Mercedes para 2018.

Porém, o divórcio seria complicado, uma vez que a Honda investe US$ 100 milhões por ano no time, que vem tendo dificuldade para atrrair patrocinadores, e seriam necessários pelo menos seis meses para a adaptação do projeto do carro de 2017 a um novo fornecedor.

Isso explica o aumento da pressão da McLaren em cima de sua parceira. O chefe do Grupo McLaren, Zak Brown, chegou a dizer em Montreal que a situação estava “perto do limite” e a prova contou ainda com a presença do principal acionista do time, Mansour Ojjeh. “O plano no momento é ter a Honda na traseira do nosso carro ano que vem, mas algumas coisas têm de acontecer para termos a confiança de que podemos estar na frente do pelotão ano em 2018”, disse Brown.

Melhora pode não sair do papel
Do lado da Honda, contudo, essa melhora desejada pela McLaren parece longe de se tornar realidade. Os japoneses tinham demonstrado evolução ano passado, mas decidiram mudar completamente o desenho de sua unidade de potência, acreditando que tinham obtido o máximo de performance do conceito anterior. Desde então, vêm enfrentando problemas básicos de confiabilidade, especialmente com vários vazamentos de óleo ocasionados pela instabilidade das peças.

O chefe da Honda na F-1, Yusuke Hasegawa, reconheceu em Montreal que ha problemas de correlação entre o dinamômetro, o banco de provas do motor, e os dados obtidos na pista. “Isso não estava acontecendo ano passado, então precisamos entender o porquê. Precisamos criar as mesmas condições de pista no dinamômetro.”

A dificuldade de encontrar soluções que efetivamente funcionem na pista significou que a atualização prometida para o GP do Canadá ficasse, a princípio, para a próxima prova, no Azerbaijão, dia 25 de junho, mas Hasegawa admite que “não pode prometer” que a Honda levará melhorias a Baku.

Nos bastidores, o UOL Esporte ouviu que o novo conceito no qual a Honda trabalhava não funcionou e que não haverá mudanças significativas nas próximas provas, o que explica a falta de paciência da McLaren em um momento crucial para a equipe entender suas possibilidades para 2018.

Até o comando da Fórmula 1 está envolvido na situação. O chefe Ross Brawn disse que teve “conversas com a Honda para ver o que podemos fazer para o futuro”, mas não deu detalhes. Mesmo se perderem a parceria com a McLaren, os japoneses fornecerão motores para a Sauber em 2018.

Fórmula 1