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Pilotos jovens se veem presos a programas de grandes equipes. Mas agradecem

Carlos Sainz tem tentado achar uma saída da Red Bull, mas encontra dificuldades -  AFP PHOTO / SAEED KHAN
Carlos Sainz tem tentado achar uma saída da Red Bull, mas encontra dificuldades Imagem: AFP PHOTO / SAEED KHAN

Julianne Cerasoli

Do UOL, em Londres (ING)

08/08/2017 06h34

“Meu foco principal é estar na Red Bull ano que vem, lutando por pódios, vitórias. E vou continuar forçando para que isso aconteça. Se isso não acontecer, um quarto ano na Toro Rosso não é provável, e não quero fechar a porta para qualquer oportunidade.”

O discurso é de Carlos Sainz, mas poderia ser o de qualquer um dos pilotos que estão na F-1 ou envolvidos com a categoria por meio dos programas de desenvolvimento das grandes equipes. Mas a realidade é bem diferente desta desenhada pelo piloto espanhol: ao mesmo tempo que promovem a chegada de pilotos talentosos, na grande maioria dos casos independentemente do dinheiro que eles trazem, tais programas também acabam diminuindo suas possibilidades.

O caso de Sainz talvez seja o mais emblemático do atual grid. Em seu terceiro ano na Toro Rosso, o espanhol é bem visto no paddock, mas está preso ao contrato com a Red Bull - e os dirigentes já avisaram que, se alguém quiser tirá-lo de lá, terá de pagar uma multa. Seria a hora de aguentar mais um ano no meio do pelotão apostando que haverá uma vaga no time titular em 2019 ou arriscar um rompimento que pode encerrar sua carreira?

Mesmo fazendo apenas sua primeira temporada na F-1, Esteban Ocon também começa a viver situação parecida com a de Sainz. Com a alta possibilidade de renovação de Valtteri Bottas na Mercedes, o francês começa a questionar sua posição no programa de jovens pilotos dos alemães. Ao mesmo tempo, chama a atenção de Ferrari e tem as portas abertas na Renault, que o apoiou no início da carreira.

Baixo-clero

giovinazzi - Clive Mason/Getty Images - Clive Mason/Getty Images
Giovinazzi pode sobrar no programa da Ferrari
Imagem: Clive Mason/Getty Images
Mas problemas como os de Sainz e Ocon são relativamente bons de se ter. O que já gerou o fim de carreiras de bons pilotos que faziam parte de programas de desenvolvimento foram decisões tardias, que os deixaram sem opções no mercado.

É isso que Daniil Kvyat, também da Toro Rosso, teme. “Não vejo por que não possamos continuar, mas preciso de uma resposta o quanto antes porque está chegando aquela parte da temporada em que você quer saber de seu futuro.”

Sabendo que, sem patrocínio, é muito difícil se manter especialmente do meio para o fim do pelotão, a não ser que se tenha o apoio de uma grande montadora, resta a pilotos como Pascal Wehrlein, que está na Sauber por influência do chefe de seu programa na Mercedes, Toto Wolff, confiar nos parceiros.

“Continuar ou não no programa não é uma decisão difícil porque, sem a Mercedes, eu não estaria na F-1. Sou muito agradecido por isso. Veremos o que acontece no futuro, mas eu cuidar do meu futuro sozinho não é uma opção. Veremos quais são os planos deles para mim.”

Com o time suíço estreitando seus laços com a Ferrari, é outro piloto membro de um programa de desenvolvimento que está de olho na vaga de Werhlein, Antonio Giovinazzi, que já correu neste ano e tem feito um trabalho importante no simulador da Scuderia para acertar os carros para os titulares.

“É muito difícil chegar na F-1: são 20 vagas para pilotos do mundo inteiro, não é como no futebol”, avalia o italiano, que busca uma vaga para fazer sua primeira temporada completa em 2018. “E é apenas minha primeira temporada como piloto Ferrari. Eles são muito bons para mim e eu confio neles e sei o que eles podem fazer por mim. Neste ano, meu trabalho é focar nas oportunidades que eles me dão de fazer treinos livres e o simulador, e no futuro qualquer coisa pode acontecer. Meu objetivo é conseguir uma vaga, mas acho que só vou fazer perto de setembro o que vai acontecer.”

Mesmo estando bastante perto da F-1, Giovinazzi não pode relaxar, pois a Ferrari também tem Charles Leclerc, que está dominando o campeonato da F-2 logo em seu ano de estreia. Até de uma maneira mais cruel do que no próprio grid, a fila dos programas de desenvolvimento anda rápido.

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