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Russo teve chance em time grande. Agora está prestes a levar gancho inédito

Alonso e Kvyat se chocam na primeira curva do circuito em Spielberg - Reuters
Alonso e Kvyat se chocam na primeira curva do circuito em Spielberg Imagem: Reuters

Julianne Cerasoli

Do UOL, em Londres (ING)

16/08/2017 04h00

A classificação do Mundial de Pilotos aponta quatro pontos para Daniil Kvyat, contra 35 de seu companheiro Carlos Sainz. Mas não são estes números que mais preocupam o piloto: o russo está apenas a dois pontos de ser banido por uma corrida, no que poderia ser o último ato de sua carreira na Fórmula 1.

A suspensão seria a primeira desde a introdução, em 2014, do sistema de pontos na superlicença, espécie de CNH de pilotos de F-1. As regras dizem que, se um piloto chegar a 12 pontos em um ano, fica automaticamente de fora da corrida seguinte. E os primeiros pontos de Kvyat, que tem 10, expiram somente na segunda-feira após o GP dos Estados Unidos.

O piloto, portanto, precisa ficar longe de confusões nas próximas seis etapas.

A atitude do piloto, que namora a filha de Nelson Piquet, Kelly, dá a entender que será difícil escapar da punição. Afinal, Kvyat tem arriscado bastante nas manobras e reclamado ostensivamente de sua sequência de punições. “O que estamos fazendo aqui? Eu ganho pontos na minha carteira, o que é uma regra estúpida. Somos taxistas agora? Ou pilotos de F-1? Não entendo isso. É um circo estúpido”, disse após ser punido no Azerbaijão, postura que continuou a mesma após duas novas penas, por tirar Fernando Alonso e Max Verstappen na largada na Áustria e atrapalhar a classificação de Lance Stroll na última prova, na Hungria.

O chefe Franz Tost tenta relativizar, mas reconhece que sente que os incidentes são resultado da frustração pela falta de resultados.

“Daniil está fazendo um bom trabalho, tirando às vezes as largadas, quando ele é muito impaciente ou quando ele arrisca demais”, avaliou Tost. “A velocidade nas corridas, quando ele tem pista livre, é muito boa. Ele quer ter sucesso, quer ultrapassar rivais quando talvez não haja essa possibilidade, e nessa parte ele precisa ser mais disciplinado.”

Kvyat, na verdade, nunca mais teve grandes performances desde que foi substituído por Max Verstappen na Red Bull após quatro corridas em 2016, mesmo depois de ter conquistado seu primeiro pódio na etapa anterior. Rebaixado para a equipe satélite, o piloto passou a ser superado consistentemente por Sainz.

A chefia da Red Bull vem tentando dar confiança ao russo, declarando que pretende mantê-lo ao lado do espanhol ano que vem, mas nem isso tranquiliza o piloto, que já cobrou publicamente uma decisão. “Não vejo por que não possamos continuar, mas preciso de uma resposta o quanto antes porque está chegando aquela parte da temporada em que você quer saber de seu futuro”, disse o russo, que pode perder a vaga para o francês Pierre Gasly, atualmente na Super Fórmula japonesa e atual campeão da GP2 (hoje F-2).

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