Brasileiros que almejam a F-1 temem futuro do país na categoria sem Massa
A chance real do Brasil ficar sem um representante por toda uma temporada na F-1 pela primeira vez desde 1969 preocupa os pilotos que estão nas categorias de base mirando chegando ao topo do automobilismo. Já tendo de lidar com a falta de apoio financeiro, jovens como Sergio Sette Câmara, atualmente no último degrau antes da F-1, e Bruno Baptista, que está na GP3, temem ver o interesse na categoria despencar, mas ao mesmo tempo apostam que o tamanho do mercado brasileiro possa jogar a favor.
Mesmo sendo atualmente o piloto brasileiro mais próximo da F-1, Sette Câmara planeja ficar pelo menos mais um ano na F-2, categoria em que estreou neste ano e na qual vem tendo bons resultados na segunda metade do ano.
“Realmente, a chance é grande do Brasil não ter uma vaga, mas eu torço que o Felipe continue, porque sempre fomos muito bem representados e continuamos sendo por ele, que é um bom piloto. Caso isso não aconteça, é difícil dizer se afetaria diretamente minha carreira, até porque a audiência da F-1 no Brasil aumentou neste ano, mesmo sem um brasileiro andando na frente. Isso aconteceu porque a categoria ficou mais interessante”, avaliou o piloto da MP Motorsport ao UOL Esporte.
“Mas, ao mesmo tempo, não ter um brasileiro é um motivo a menos para o pessoal acordar cedo e ver as corridas e, se isso continuar por muito tempo, pouco a pouco a cultura de F-1 pode ir diminuindo. Então depende de como o país vai reagir a isso.”
Baptista, por sua vez, já faz as contas: se Massa não ficar na Williams ano que vem, o Brasil deve ficar um ou dois anos sem piloto. E ele mesmo planeja chegar à categoria em três ou quatro temporadas, passando antes pela F-2.
“Acho que pode ajudar e atrapalhar ao mesmo tempo. Por um lado, é muito difícil a F-1 ficar sem um brasileiro. Tenho certeza que, se o Ecclestone ainda estivesse lá, não deixaria a F-1 ficar sem brasileiro, daria uma ajuda para quem está chegando, porque sabia que o Brasil é importante, mas não sei qual a ideia da Liberty Media nesse sentido”, lembrou o piloto da DAMS.
Afinal, o Brasil tem os melhores índices em termos de números absolutos de audiência mundialmente na F-1 e é consolidado como um mercado importante para a categoria.
“Mas é claro que, se o Massa sair, tem a possibilidade da própria Globo deixar de mostrar na TV aberta, a cobertura das demais mídias cair. E eu e o Serginho, que somos os pilotos que estão mais perto, vivemos de mídia. Sem mídia, não temos patrocínio, e daí não temos como levantar dinheiro para conseguir correr.”
Mais distante da categoria principal do automobilismo, Guilherme Samaia, que fez neste ano seu primeiro ano na F-3 Britânica, acredita que esse momento difícil pode ser benéfico para ele, caso a importância global do país na F-1 desperte interesses de fora. Até porque, dentro do Brasil, ele não acredita que haja muito apoio.
“Acredito que o Brasil vá ficar um tempo sem piloto na F-1. Não tem ninguém pronto e, mesmo se tivesse, não vejo ninguém com o apoio suficiente de empresas brasileiras, pois 99% dos que entram, levam um patrocínio forte e depois, se a carreira engrenar, continuam. Isso é porque a tecnologia ficou muito cara o dinheiro passou a fazer parte do esporte. Mas a F-1 precisa de pilotos brasileiros e acho que meu timing é o ideal porque acredito que é eles vão perceber o peso do Brasil e vão apoiar”, acredita o atual líder da F-3 Brasil.
“Mas é uma pena que o próprio país não apoie seus atletas. A culpa do Brasil estar nessa situação é do próprio país, que não apoia seus pilotos para que eles se desenvolvam. Se isso mudasse, acho que poderíamos voltar a ter grandes pilotos e voltar a fazer o pessoal acordar cedo no domingo como foi com o Piquet e com o Senna.”
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