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Dinheiro, pressão interna e Kubica motivaram decisão de Massa sair da F-1

Felipe Massa é piloto da Williams na Fórmula 1 - Dan Mullan/Getty Images
Felipe Massa é piloto da Williams na Fórmula 1 Imagem: Dan Mullan/Getty Images

Julianne Cerasoli

Do UOL, em São Paulo

04/11/2017 14h12

Há quem diga que a temporada de 2017 foi um bônus na carreira de Felipe Massa, chamado de volta à Williams depois de anunciar sua aposentadoria da F-1 no final do ano passado. Afinal, com a surpreendente aposentadoria de Nico Rosberg e cessão de Valtteri Bottas para a vaga do alemão na Mercedes, o brasileiro ganhara a chance de correr por mais um ano.

Feliz com o novo regulamento, que tornou os carros mais velozes, Massa sempre indicou, desde o início do ano, que não trataria 2017 como uma temporada de despedida novamente: defendendo que ainda pilotava em alto nível, o piloto estava decidido a permanecer na F-1.

Tanto, que em junho, no GP do Canadá, Massa destacou ao UOL Esporte que não havia no mercado opções melhores para a Williams para fazer dupla com o jovem Lance Stroll em 2018.

O ar de confiança começou a mudar depois da pausa da F-1 em agosto. A partir do GP da Bélgica, no final do mês, Massa passou a ser mais duro em relação à falta de desenvolvimento do carro da Williams, sempre deixando claro que estava contente com seu desempenho. Internamente, setores do time pediam sua substituição na temporada seguinte e outros nomes começaram a ser estudados. Antigo sonho de Claire Williams, Fernando Alonso chegou a ser cogitado, mas as negociações logo foram descartadas.

Fatores financeiros também entraram na equação: a Williams vai ter em 2018 cerca de US$ 30 milhões a menos do que o orçamento deste ano e o salário de Massa é relativamente alto, entre US$ 6 e 8 milhões. Trabalhando para sua permanência, o piloto aceitou ter uma redução e passou a procurar patrocinadores no Brasil. “Mostrei para a equipe o que eu quero e agora falta eles verem o que querem. Na Fórmula 1, todos os que entendem de corrida estão do meu lado. Mas lógico que às vezes as decisões são tomadas por aqueles que não tomam o caminho profissional do automobilismo”, disse o brasileiro ao UOL Esporte no GP da Malásia, no fim de setembro.

Efeito Kubica
O cenário se complicou de vez para Massa quando a Renault, que vinha realizando testes com Robert Kubica, decidiu contratar Carlos Sainz, em um negócio que envolveu a mudança de fornecimento de motores da McLaren. Com o polonês, que está há sete anos afastado por um grave acidente de rali, mas é muito bem avaliado pelos engenheiros, no mercado, a Williams resolveu também oferecer um teste ao piloto.

Tendo ganhado espaço na Williams depois de ter substituído Massa quando o brasileiro teve uma vertigem postural no GP da Hungria, o reserva Paul Di Resta, muito em função da relação com o pai de Lance Stroll, Lawrence, também ganhou um teste, realizado entre os GPs do Japão e dos EUA.

Mesmo não tendo sendo tão veloz quanto Di Resta em termos de tempo de volta, Kubica melhorou o acerto do carro e deu um bom retorno aos engenheiros, e sua candidatura passou a ganhar espaço. Tanto, que o polonês, que conta com um patrocinador, já teria recebido uma pré-proposta da Williams e a estaria avaliando.

A demora na decisão passou a irritar Massa, que confessou estar descontente com a forma como estava sendo tratado pela equipe que defende desde 2014. “Na situação econômica em que a equipe está, acho complicado ficar fazendo testes que não vão indicar muita coisa”, disse o piloto nos Estados Unidos, há três semanas. O brasileiro nunca escondeu que queria uma decisão antes do GP do Brasil.

À medida que foi ficando claro que a decisão demoraria ainda mais a sair, com o interesse demonstrado por outros pilotos, como Daniil Kvyat, dispensado da Red Bull em Austin, Massa decidiu que o anúncio partiria dele e, se não houvesse nenhuma alteração no cenário antes do GP do Brasil, seu futuro ficaria claro. E, desta vez, o brasileiro garante a amigos mais próximos que, se a Williams pedir, ele não volta.
 

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