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Pilotar sem um braço? Entenda quais são as reais limitações de Kubica

Kubica testa Williams - Reprodução/Twitter Williams
Kubica testa Williams Imagem: Reprodução/Twitter Williams

Julianne Cerasoli

Do UOL, em São Paulo

05/12/2017 04h00

Muito desconhecimento da real situação física de Robert Kubica vem marcando o noticiário da Fórmula 1 desde que começaram, ainda em junho, as especulações de que o polonês estaria tentando retornar à categoria sete anos depois de um grave acidente de rali sofrido dias após o piloto ter liderado uma sessão de treinos da pré-temporada de 2011, em janeiro daquele ano.

Na ocasião, Kubica teve lesões em praticamente toda a parte direita de seu corpo, do pé ao ombro, mas o braço direito foi o mais atingido. De lá para cá, foram 18 cirurgias, mas os movimentos do antebraço e do punho não puderam ser totalmente recuperados.

Por conta destas lesões, o polonês, que completa 33 anos em dezembro, demorou anos para retornar ao cockpit de um carro de fórmula: simplesmente não havia espaço para que ele pilotasse devido à falta de supinação de seu punho, que o obriga a segurar o volante com a mão mais afastada que o normal. Em um carro de rali, por exemplo, isso não é uma limitação e, por isso, Kubica voltou a este tipo de competição mais rapidamente.

Com sua evolução física, contudo, Kubica fez seu primeiro teste em um carro de fórmula em maio deste ano, e desde então já andou em seis oportunidades em carros de F-1 - da Renault e da Williams - sendo que em duas vezes guiou modelos de 2017.

kubica braço - Charles Coates/Getty Images - Charles Coates/Getty Images
Imagem: Charles Coates/Getty Images
O piloto garante que está preparado. “Fisicamente, acho que fiz um ótimo trabalho nos últimos seis meses. Não foi fácil. Provavelmente, estou fisicamente em minha melhor forma, de longe melhor do que eu estava quando corria em 2010. Então, a motivação existe e meu corpo está reagindo de boa forma. É claro que estou começando praticamente do zero, porque a Fórmula 1 mudou demais nos últimos sete anos. Mas a experiência que ganhei ao longo dos anos em que corri na Fórmula 1 me ajudou a superar o processo de aprendizado mais rápido do que já fiz no passado.”

Mas quais são as adaptações da Williams? São duas as grandes diferenças: Kubica utiliza apenas a mão esquerda para acionar a embreagem (utilizada na F-1 apenas para a largada e a parada dos boxes, ou seja, para engatar a primeira marcha) e a borboleta de troca de marchas. Geralmente, os pilotos usam uma mão para subir as marchas e outra para descer.

Outra adaptação visível no cockpit do carro testado por Kubica semana passada em Abu Dhabi é uma abertura maior no lado direito para acomodar o punho do piloto, já que ele não consegue toda a extensão de movimento.

Além disso, especulou-se que o volante de Kubica teria comandos em posições diferentes para melhorar o acesso, mas a Williams nega. Na verdade, esse tipo de diferença é comum (Hamilton e Rosberg, por exemplo, tinham volantes distintos na Mercedes por uma questão de gosto pessoal) e não seria um grande problema. A dúvida, no entanto, é como Kubica operaria os botões prioritariamente com a mão direita, uma vez que a esquerda estaria mais presa ao volante devido à troca de marchas.

Dúvidas à parte, o fato é que o polonês não está pilotando com uma mão só, como ele mesmo salientou. “Acho que é impossível guiar um carro de Fórmula 1 com uma só mão. Mas tenho algumas limitações, então meu corpo, de alguma forma, compensa isso, o que não é errado. Somos seres humanos e nossos cérebros estão acostumados a ajudar nossos corpos a superar qualquer problema. Isso é um dia normal em nossa vida. Isso é algo que acho que já superei.”

Kubica é o maior favorito à vaga de Felipe Massa e deve andar no simulador da Williams nesta semana em Grove, na Inglaterra.

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