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Mais que grid girls: 5 vezes em que a F-1 mudou em ano sem Ecclestone

Bernie Ecclestone chega para o GP da Hungria de 2015 - Lars Baron/Getty Images
Bernie Ecclestone chega para o GP da Hungria de 2015 Imagem: Lars Baron/Getty Images

Julianne Cerasoli

Do UOL, em São Paulo

09/02/2018 04h00

“Eu construí um restaurante cinco estrelas, e eles o transformaram em um McDonald’s”. A frase de Bernie Ecclestone, dita em reação ao show de abertura do GP dos Estados Unidos promovido pela Liberty Media, empresa que assumiu o controle da F-1 no início do ano passado, mostra bem a frustração do ex-manda-chuva da categoria com a nova administração.

Na ocasião, a lenda do mundo das lutas, Michael Buffer, fez a apresentação dos pilotos, com a participação das cheerleaders do Dallas Cowboys, Usain Bolt e Bill Clinton, entre outros convidados famosos.

“Ainda não vi nenhuma ideia deles que faça sentido, estão fazendo tudo mal. Querem apagar com o meu legado”. disse Ecclestone.

E a tendência é que o inglês de 87 anos, que esteve no poder por mais de quatro décadas, primeiro como representante das equipes e depois à frente da FOM, que rege os direitos comerciais da F-1, se decepcione ainda mais daqui em diante. Ainda que as mudanças mais sérias - como a retirada das regalias de equipes como a Ferrari e a adoção de um teto orçamentário - não tenham saído do papel até aqui, a categoria já sentiu as consequências da mudança de comando em um ano.

O que mudou na F-1 um ano após saída de Ecclestone:

Fim da linha dura com mídias sociais: uma das primeiras medidas da Liberty Media foi permitir que os pilotos e equipes divulgassem filmagens de dentro do paddock, algo que era proibido na era Ecclestone. Focando muito mais nos vídeos e nas mídias sociais, a categoria viu o número de seguidores crescer em quase 50%.

Troca de grid girls para grid kids: Na mudança mais polêmica divulgada pela Liberty Media, as corridas deixarão de contar com modelos segurando as placas com os números dos pilotos e as bandeiras de seus países. Elas serão substituídas por crianças e adolescentes, escolhidos por mérito pelas autoridades automobilísticas locais ou por sorteio.

Fim de briga nos tribunais: Desde 2015, corria na Comissão da União Europeia uma reclamação formal de Force India e Sauber em relação à distribuição do dinheiro vindo dos direitos de transmissão - algo negociado diretamente por Ecclestone. As equipes alegavam que a distrubuição afetava a competitividade do campeonato. Em janeiro de 2018, ambos os times divulgaram terem retirado as acusações.

Horário das provas “para inglês ver”: Há décadas a maioria das corridas do campeonato tinha largada às 14h locais, o que significava 13h na Grã-Bretanha, horário considerado positivo para a audiência da F-1 no país. Nos últimos anos da era Ecclestone, a partir de 2008, até os horários de provas na Ásia e Oriente Médio começaram a ser alterados para chegarem pelo menos perto das 13h britânicas. Mas pesquisa da Liberty Media mostrou que a largada 1h10 mais tarde seria melhor para a audiência global - incluindo a costa leste dos EUA, mercado no qual os donos norte-americanos estão de olho - e a alteração passa a valer para a maioria das provas, inclusive o GP do Brasil, em 2018.

Menos GP da Índia e mais GP da Holanda: Uma mudança que está em curso é em relação ao calendário. Enquanto o foco de Ecclestone estava em abrir espaço para novos mercados, o que levou a F-1 a circuitos na Coreia do Sul e na Índia, que em pouco tempo se tornaram elefantes brancos, a ideia agora é mesclar corridas de rua em locais que também sejam atrativos aos torcedores por conta do turismo - fala-se em Hanói, no Vietnã, Nova Jersey, nos EUA, e Copenhagem, na Dinamarca, por exemplo - com o retorno a locais mais tradicionais, como a Holanda. A temporada de 2018, inclusive, marca a volta da França após 10 anos.

A pré-temporada da F-1 começa dia 26 de fevereiro, no Circuito da Catalunha, na Espanha. A primeira etapa do campeonato será dia 25 de março, na Austrália.

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