Topo

Fórmula 1

Brasileiro mais perto da F-1 vive desafio na equipe de protegido da McLaren

Sergio Sette Camara no pódio da F-2 no Bahrein - Divulgação
Sergio Sette Camara no pódio da F-2 no Bahrein Imagem: Divulgação

Julianne Cerasoli

Do UOL, em Manama (Bahrein)

09/04/2018 04h00

Há duas maneiras de olhar a situação de Sergio Sette Camara, brasileiro mais próximo de chegar à F-1, na temporada 2018: em seu segundo ano na Fórmula 2, o piloto de 19 anos está em posição privilegiada, na equipe que tem tudo para ser a mais forte do campeonato, a Carlin. Por outro lado, enfrenta dentro de seu time o nome mais badalado da categoria, o protegido da McLaren Lando Norris.

“Pode ser uma situação positiva ou negativa. Todo mundo queria estar no meu lugar. É uma vitrine muito grande para mim por estar andando do lado de um piloto que tem muita mídia, muita estrutura por trás. Se eu for bem, um pouco do holofote dele também vai brilhar em mim. Isso é importante porque o problema desse esporte é passar despercebido, fazer uma atuação boa da qual ninguém lembra”, disse o piloto em entrevista exclusiva ao UOL Esporte.

Na primeira rodada dupla, no último final de semana no Bahrein, Sette Camara foi segundo na primeira corrida, que dá mais pontos, e terceiro na segunda, tendo largado em sétimo devido ao grid invertido entre os oito primeiros. E, de quebra, segurou justamente Norris nas voltas finais da segunda prova.

“É como se eu tivesse dito 'pera aí, eu também quero lutar'. Seu eu deixasse passar ou se a equipe pedisse para deixar passar ficaria ruim. Então foi legal ter defendido e ele ter tentado e, mesmo assim, não ter conseguido passar. Prefiro muito mais manter um clima legal dentro da equipe e, assim, os dois vão bem. Não acho que um tem que atrapalhar o outro para ir bem."

Como Norris venceu a primeira prova, o inglês está na frente no campeonato, com 39 pontos. Sette Camara é terceiro, com 28.

Objetivo é o título
Mesmo com o companheiro famoso, que é visto como substituto de Fernando Alonso na McLaren quando o espanhol se aposentar, Sette Camara mira o título em sua segunda temporada na F-2, depois de vencer uma corrida, em Spa-Francorchamps, na Bélgica, no ano de estreia por uma equipe do meio do pelotão.

“O objetivo do ano passado era me apresentar de uma forma que me desse a oportunidade de estar em uma equipe neste ano, e parece que a gente conseguiu. Agora, o objetivo é mais alto, é brigar pelo campeonato. E ser mais constante do que eu fui até aqui na minha carreira. Mas sinto que estou mais maduro, que passou aquela época de revolta de adolescente dos tempos de Red Bull.”

Sette Camara se refere ao ano de 2016, quando estava na F-3 e fazia parte do programa de desenvolvimento de pilotos da Red Bull, o mesmo que levou nomes como Sebastian Vettel, Daniel Ricciardo e Max Verstappen à F-1. A dispensa ao fim daquele ano devido à inconstância de sua temporada acabou dificultando sua caminhada rumo à categoria principal do automobilismo, mas o mineiro, ao mesmo tempo que busca o título da F-2, está de olho nas novas portas que podem se abrir.

“Chegamos a iniciar conversas ano passado com equipes de F-1, mas eles querem um dinheiro absurdo e acho que o piloto tem de ser mais importante que o patrocínio. Porque caso contrário, se o dinheiro acaba, o piloto vai embora. E não quero chegar assim na F-1, não quero fazer uma temporada e ir embora. Quero chegar para ter uma carreira.”

Falando em patrocínios, Sette Camara revelou que o apoio de empresas brasileiras aumentou agora que o país não tem mais representantes na F-1. “Mas queria destacar que, sei a Lei de Incentivo fiscal, minha carreira inteira não teria sido possível.”
Mas o piloto quer que as vantagens por ser o brasileiro mais próximo da categoria principal parem por aí. “Quero ter visibilidade por meus resultados”, afirmou.

A próxima prova da Fórmula 2 será junto da etapa da F-1 no Azerbaijão, em 28 e 29 de abril.

Fórmula 1