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Problema era a Honda? McLaren decepciona e vê Alonso 'salvando a pátria'

Fernando Alonso, da McLaren - Mark Thompson/Getty Images
Fernando Alonso, da McLaren Imagem: Mark Thompson/Getty Images

Julianne Cerasoli

Do UOL, em São Paulo

03/05/2018 04h00

A tabela do campeonato pode mostrar a McLaren no quarto lugar no Mundial de Construtores e Fernando Alonso em sexto entre os pilotos. Teoricamente, não é nada mal para quem terminou o ano passado com um vexatório nono lugar entre 10 equipes. Mas um olhar mais apurado mostra que a equipe está longe de onde esperava neste início de temporada.

O próprio chefe, Eric Boullier, cuja posição está ameaçada, credita a quarta colocação ao trabalho de Alonso na pista. Sabendo que o rendimento da McLaren está aquém do esperado mesmo depois da troca do motor Honda pelo Renault, o espanhol tem focado em terminar as corridas, sabendo que as primeiras provas do ano costumam ser mais caóticas.

Uma grande prova disso foi o GP do Azerbaijão, como relembra Boullier. “Por todo o final de semana ele nos dizia: ‘Nada é mais importante do que terminar a corrida. Será um caos. Precisamos sobreviver ao caos e terminar a corrida, e então pontuaremos.”

Alonso já foi a Baku sabendo que teria dificuldades. Isso porque o carro da McLaren gera muito arrasto, o que acaba ajudando nas curvas, mas prejudica muito a velocidade máxima. Na classificação no Azerbaijão, por exemplo, a melhor McLaren foi 17km/h mais lenta que o carro mais veloz, um Red Bull, que utiliza o mesmo motor Renault. Nos anos anteriores, essa deficiência de velocidade final era colocada na conta do motor Honda. Agora ficou claro que o chassi do time inglês também era parte do problema.

Tanto, que o diretor técnico, Tim Goss, foi afastado antes da corrida de Baku. O britânico ocupava o cargo desde 2014 com a missão de fazer o time retomar o caminho das vitórias. A McLaren, porém, segue sem vencer desde o GP do Brasil de 2012.

O última chance de Goss era o carro de 2018 e havia motivos para acreditar que a McLaren voltaria a lutar por pódios neste ano. Isso porque dados de GPS mostravam que o chassi do ano passado andava no ritmo dos ponteiros em curvas de baixa velocidade, onde a falta de potência do motor Honda tinha menos influência e a alta pressão aerodinâmica do carro falava mais alto. No entanto, após as quatro primeiras etapas da temporada, ficou claro que o chassi não é tão completo assim, e que a falta de velocidade de reta não era totalmente de responsabilidade dos japoneses.

Já começam a existir boatos de que Alonso vai se aposentar ao final da temporada por estar cansado das promessas de um carro mais competitivo. Recentemente, o espanhol reconheceu que pensou em deixar a F-1 no final do ano passado, mas acabou desistindo da ideia porque “sabia que me arrependeria pelo resto da minha vida e teria esse gosto amargo na boca pelo resto da minha carreira.”

Da mesma forma, Alonso deixou claro nos últimos meses que só ficaria na F-1 para lutar na ponta do pelotão. Sua última esperança é de que a McLaren melhore seu carro. Enquanto isso, como explica Boullier, vai somando os pontos mesmo com um carro abaixo do esperado.

“Eu o comparo com um tubarão quando sente o cheiro de sangue no mar e então começa a perseguir [a caça]. Fernando é igual.”

Enquanto a McLaren segue perdida, Alonso se prepara para um aniversário nada agradável: no sábado antes do GP da Espanha, próxima etapa do campeonato, serão completados cinco anos desde sua última vitória, ainda pela Ferrari, justamente na etapa espanhola de 2013.

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