Topo

Fórmula 1

Estreante na F-1, Miami ganha status de GP de Mônaco e gera crise

GP de Mônaco é hoje único que não paga taxa para receber a F-1 - Haas/LAT
GP de Mônaco é hoje único que não paga taxa para receber a F-1 Imagem: Haas/LAT

Julianne Cerasoli

Do UOL, em Londres (ING)

01/06/2018 04h00

A entrada de Miami no campeonato da Fórmula 1 ainda não está confirmada, mas já está dando o que falar. Isso porque a prova nas ruas da cidade norte-americana, que tem tudo para estrear já no ano que vem, terá uma regalia que era exclusividade do tradicional GP de Mônaco: não pagará a taxa milionária que a categoria cobra apenas pelo direito de ter uma corrida.

A exceção é feita a Mônaco por seu valor histórico - a prova é realizada desde o início da disputa do campeonato da F-1, em 1950 - e também pelo valor agregado que a prova traz para a categoria.

Mas a história para todos os demais é bem diferente: ainda que os números não sejam divulgados oficialmente, calcula-se que a média seja de 30 milhões de dólares por prova, quantia que varia muito de acordo com as negociações feitas com o ex-chefão da F-1 Bernie Ecclestone.

Enquanto provas mais novas no calendário, como Azerbaijão e Rússia, puxam a conta para cima, pagando perto de 60 milhões de dólares por ano para receber a Fórmula 1, as etapas europeias desembolsam pouco mais de 20.

Mas nem os “caçulas” do calendário, nem os europeus estão contentes com essa concessão aberta a Miami, que acabou se tornando a única solução mais imediata para o grupo Liberty Media, que assumiu de Ecclestone o controle da categoria ano passado, de adicionar uma segunda prova nos Estados Unidos, ao lado de Austin.

No último final de semana, o promotor do GP do Azerbaijão, Arif  Rahimov, esteve em Monte Carlo durante a disputa da sexta etapa do campeonato a fim de renegociar seu contrato, que inicialmente prevê a realização de cinco provas começando em 2016, com a renovação automática por mais cinco. O promotor avisou, contudo, que pode quebrar o contrato caso a taxa não seja diminuída.

“Não ativamos a quebra de contrato, mas estamos negociando a segunda parte dele. Queremos pelo menos nos aproximar do valor pago pelas outras corridas realizadas fora da Europa. E também queremos uma abordagem bilateral que torne a prova viável para nós.”

Lewis Hamilton, da Mercedes, no circuito de Hockenheim, durante o GP da Alemanha - AP Photo/Jens Meyer - AP Photo/Jens Meyer
Lewis Hamilton, da Mercedes, no circuito de Hockenheim, durante o GP da Alemanha
Imagem: AP Photo/Jens Meyer
Europeus ameaçam sair do campeonato

É o mesmo que pedem os organizadores do GP da Alemanha, em Hockenheim, e de Silverstone, na Inglaterra. Mesmo pagando menos, os europeus sofrem com a falta de incentivo governamental e vêm enfrentando prejuízos sucessivos, uma vez que só têm a venda de ingressos como fonte de renda para pagar as taxas milionárias, pois a F-1 fica com o restante dos lucros.

“Nós queremos manter o GP, mas não com o risco atual”, disse Jorn Teske, promotor alemão. “Acho que precisamos reestruturar o modelo de negócio. O mais fácil seria a F-1 alugar a pista, mas também poderíamos dividir os lucros dos ingressos e também os custos. Com o risco atual é inviável para nós.”

O contrato atual da Alemanha termina neste ano, mesmo acontecendo com a Inglaterra, que também tinha uma cláusula que permitia a quebra de contrato a partir de 2019 e ativou ano passado. Pelo atual cenário, não dá GP da Inglaterra ano que vem caso o atual modelo não seja renegociado.

Além destes dois grandes contratos, a concessão dada a Miami interfere em todas as demais renegociações que estão feitas no momento: outros sete circuitos, incluindo o Brasil, têm acordos válidos até 2020.

É fácil entender como essa discussão pode impactar no futuro da categoria: o lucro total anual está na casa de 1,38 bilhão de dólares, com as taxas pagas pelos promotores respondendo por mais de 600 milhões desse montante.

Fórmula 1