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Mesmo com mais que dobro do público do GP Brasil, Inglaterra corre risco

Lewis Hamilton com a torcida inglesa em SIlverstone - Clive Mason/Getty Images
Lewis Hamilton com a torcida inglesa em SIlverstone Imagem: Clive Mason/Getty Images

Julianne Cerasoli

Do UOL, em Londres (ING)

10/07/2018 11h18

O GP da Grã-Bretanha foi onde tudo começou na história da F-1, em 1950. De lá para cá, a corrida sempre esteve no calendário e, ainda que tenha mudado de endereço em algumas oportunidades, tem no circuito de Silverstone sua grande casa. Nele, foram disputadas 49 corridas valendo por campeonatos nos 68 anos de história da categoria.

Não que Silverstone viva de seu passado e tradição. A corrida do último final de semana atraiu 340.000 espectadores no total, sendo mais de 140.000 apenas no domingo. Os números estão entre os melhores do campeonato e, para efeito de comparação, são muito superiores ao da etapa de São Paulo, no também tradicional circuito de Interlagos. Em 2017, o GP do Brasil reuniu 141.000 torcedores.

Como explicar, então, que o GP da Grã-Bretanha está seriamente ameaçado, sem contrato para além de 2019?

Depois de cancelar o restante do acordo que iria até 2026 ano passado, os administradores de Silverstone vêm tentando negociar um novo contrato com a Liberty Media, que assumiu o controle da F-1 em 2017. Porém, embora haja a vontade de se chegar a um acordo de ambos os lados, isso não parece perto de acontecer.

Os administradores querem ampliar as fontes de receita e diminuir a taxa anual paga para sediar o GP da Grã-Bretanha. Isso porque, mesmo com o ótimo público, tiveram prejuízo de cerca de 3,5 milhões de dólares anualmente nas últimas temporadas.

A realidade é semelhante a outras etapas europeias, como da Alemanha. A grande diferença em relação ao Brasil é a ausência total de incentivos governamentais para a realização das corridas, o que faz com que o dinheiro ganho com a venda de ingressos não seja suficiente.

Além disso, os contratos feitos pelo ex-chefão da F-1, Bernie Ecclestone, previam o aumento anual da taxa para realização da prova. No caso de Silverstone, o antigo contrato de 17 anos que valeria até 2026 previa o pagamento de 16 milhões de dólares em 2010, subindo até 34,5 milhões no fim do acordo. 

A Liberty Media está negociando com Silverstone um contrato para 2020 e demonstra o desejo de manter uma prova tão popular e tradicional, ao mesmo tempo em que estuda outras possibilidades para o GP da Grã-Bretanha, como uma prova nas ruas de Londres.

Segundo Ross Brawn, CEO da parte esportiva da F-1, o grande empecilho tem sido a maneira como os administradores de Silverstone estão lidando com as negociações.

“Tenho certeza de que vamos encontrar uma solução para Silverstone porque não podemos deixá-la para trás. Minha frustração é que as negociações estão sendo feitas em público”, reclamou o dirigente à TV britânica Sky Sports.

“Todos os outros circuitos com os quais negociamos o fazemos de portas fechadas e funciona. Por algum motivo, Silverstone escolheu tornar tudo público, o que traz mais dificuldades, mas vamos encontrar uma solução. É uma corrida muito importante para a F-1.”

No entanto, existe a possibilidade do novo acordo de Silverstone mudar as condições dos organizadores, caso a Liberty ceda e não só diminua o valor das taxas, como também conceda mais fontes de receita fora a venda de ingressos.

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