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Montadoras tentam manter regras de motor para evitar ameaça da Porsche

Toto Wolff e Niki Lauda, da Mercedes, conversam com Maurizio Arrivabene, da Ferrari no paddock da F-1 - Clive Mason/Getty Images
Toto Wolff e Niki Lauda, da Mercedes, conversam com Maurizio Arrivabene, da Ferrari no paddock da F-1 Imagem: Clive Mason/Getty Images

Julianne Cerasoli

Do UOL, em Londres (ING)

17/07/2018 07h03

Motores mais baratos, barulhentos e simples, especialmente sem o complicado sistema que transforma o calor dissipado pela turbina em potência. Esses pareciam ser os únicos pontos pacíficos no novo regulamento que a Fórmula 1 vai implementar em 2021. Mas as quatro montadoras que cedem propulsores às equipes atualmente - Mercedes, Ferrari, Renault e Honda - vêm fazendo um forte lobby para que tudo continue como está. E, com isso, estão afastando outras interessadas, como a Porsche, Aston Martin e Jaguar, presentes nas reuniões.

As diretrizes foram anunciadas em outubro do ano passado e, desde então, um dos grupos liderados por Ross Brawn busca chegar na melhor fórmula para a categoria - enquanto o outro é focado em mudanças no chassi para aumentar o número de ultrapassagens.

No geral, o motor seria ainda um V6 turbo híbrido, mas com algumas diferenças fundamentais: o caro e complicado MGU-H ficaria de fora, o limitador de giros subiria de 15.000rpm para 18.000rpm, o que já seria o suficiente para melhorar a questão do barulho, e várias peças, como as baterias, seriam padronizadas, a fim de diminuir os custos.

Mas o regulamento ainda está longe de sair do papel e o tempo já é curto, especialmente se uma nova montadora resolver entrar na F-1. Quando os motores mudaram pela última vez, em 2014, a Mercedes dedicou três anos de estudos para criar o que seria a melhor unidade de potência disparada do grid, que só agora tem uma rival à altura na Ferrari, com Renault e Honda, que entrou em 2015, ainda atrás.

Não é por acaso que a pressão de Mercedes, Ferrari, Renault e Honda é grande para que a Federação Internacional de Automobilismo e a Liberty Media, que comanda os direitos comerciais da categoria, desistam das mudanças, especialmente do fim do MGU-H, fonte de grande investimento nos últimos anos.

Mas há outro fator: as montadoras temem especialmente o projeto da Porsche, que tem grande conhecimento em tecnologias híbridas depois de anos disputando o Mundial de Endurance entre os protótipos. E sabem que, quanto mais conseguirem protelar uma decisão, menor a chance dos alemães entrarem na F-1.

Não por acaso, a pressão é grande dos chefes para uma definição imediata e a manutenção basicamente do mesmo motor, com a possibilidade de aumentar os giros e padronizar certas peças.

“Precisamos saber o que vai acontecer em 2021, como serão as regras de motores e de chassi para fazer as peças se mexerem e evitarmos uma escalada dos custos de fazer tudo em cima da hora”, afirmou o chefe da Mercedes, Toto Wolff.

Até mesmo quem ainda não conseguiu fazer um motor tão forte quanto os rivais da era híbrida, como a Renault, segue na mesma linha. “Acho que subestimamos o benefício da estabilidade de custos para todos - equipes, montadoras - e também para o show, porque queremos disputas mais próximas”, defendeu Cyril Abiteboul.

Ainda sem um caminho definido para o futuro de seus motores, a F-1 faz a 11ª etapa da temporada 2018 neste final de semana, na Alemanha.

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