Com Vandoorne, Fernando Alonso confirma fama de "moedor" de companheiros

A classificação do campeonato mostra oito pontos para Stoffel Vandoorne contra 44 do companheiro de McLaren, Fernando Alonso. Em classificações, os números são ainda mais impressionantes: o belga não conseguiu superar o espanhol em nenhuma das 12 definições de grid de largada disputadas até aqui. Tais números, contudo, não são novidade. Há 10 anos, Alonso tem dominado amplamente as disputas internas com seus companheiros.

Foi assim com o então estreante Nelsinho Piquet em 2008 até a metade da temporada seguinte, quando o brasileiro foi demitido. Neste período, o bicampeão fez 74 pontos pela Renault e o brasileiro, 19.

A partir do GP da Hungria daquele ano, Piquet, que chegou até a bater de propósito para ajudar Alonso a vencer em Cingapura no ano anterior, foi substituído por Romain Grosjean, outro novato, que não conseguiu superar Alonso em classificações até o fim daquela temporada ou marcar um ponto sequer. O francês acabou ficando de fora da F-1, voltando a ser titular só em 2012.

Vandoorne pode ter destino parecido. Sua continuidade na McLaren é pouco provável, uma vez que o time não esconde negociar com outros pilotos. “Carlos Sainz está bem no alto de nossa lista”, disse o CEO da McLaren, Zak Brown. “Nós temos contratos de longa duração tanto com Stoffel, quanto com Fernando, mas como vocês podem imaginar, há vários elementos nestes contratos”, explicou o dirigente, que afirmou recentemente que a McLaren negociou com Daniel Ricciardo para levá-lo ao time, mas o australiano acabou assinando com a Renault para a temporada 2019.

O próprio Vandoorne reconhece que o momento não é bom. Desde o GP da Inglaterra, ele vem sentindo falta de aderência no carro, o que levou a equipe a, inclusive, trocar seu chassi para o GP da Hungria. “Quando você analisa os dados e vê que não consegue ser nem igual a Fernando em nenhuma curva, começa a questionar tudo”, disse o belga. Os resultados, porém, não melhoraram, e Vandoorne foi mais de meio segundo mais lento que Alonso na classificação em Budapeste, abandonando a corrida por problemas de câmbio.

Fama de centralizador

 Há quem culpe o estilo centralizador de Alonso pela maneira como ele domina os duelos internos - um dos motivos foi o parceria traumática com Lewis Hamilton na mesma McLaren em 2007. O espanhol é conhecido por demandar que quaisquer novidades estejam primeiro em seu carro, e muitas vezes o papel de testar soluções fica a cargo do companheiro, enquanto o bicampeão foca na preparação da corrida.

Essa era uma das queixas de Felipe Massa nos quatro anos em que o brasileiro dividiu a Ferrari com Alonso. Mesmo sendo mais experiente que Piquet, Grosjean e Vandoorne, o piloto também pontuou bem menos e sofreu nas classificações frente ao espanhol. “A equipe era muito equilibrada entre ele e Kimi em 2009. Quando ele voltou depois do acidente, encontrou um time totalmente focado em Fernando e esse foi o problema dele”, disse ao UOL Esporte o engenheiro de pista de Massa dos tempos de Ferrari, Rob Smedley.

O mesmo aconteceu com o próprio Raikkonen em 2014, quando ele retornou à Ferrari para dividir o time com Alonso e fez apenas 55 pontos, contra 161 do espanhol.

Com o mercado de pilotos agitado para 2019, é possível que Vandoorne consiga uma vaga, mas em uma equipe menor. Pouco para quem chegou à F-1 muito bem cotado depois de um título fácil na hoje F-2, mas um destino que tem sido comum para quem divide a equipe com aquele que é considerado um dos melhores de sua geração e tem fama de arrasar com seus companheiros.