Ida de Gasly para a Red Bull expõe seca de programa que revelou Vettel
Ninguém duvida que os programas de desenvolvimento de pilotos são atualmente a melhor porta de entrada da Fórmula 1. Afinal, tanto aqueles que hoje lutam por vitórias, como Lewis Hamilton (McLaren), Sebastian Vettel e Max Verstappen (Red Bull), quanto os que estão cotados para estrear ano que vem - George Russell (Mercedes) e Lando Norris (McLaren) - têm ou tiveram alguma relação desse tipo. Dentre esses programas, o mais grandioso é o da Red Bull, com um orçamento anual cotado em 80 milhões de dólares (quase 320 milhões de reais). Mas a recente promoção de Pierre Gasly, aos 22 anos e com apenas 17 GPs disputados na categoria ao time principal da empresa austríaca, indica uma seca da fórmula.
O programa da Red Bull sempre teve forte associação com Helmut Marko, ex-piloto de F1, empresário e dono de equipe em categorias menores. Foi por meio de uma parceria com o time de Marko na extinta Fórmula 3000 que o programa criou suas bases, no início dos anos 2000. O primeiro piloto Red Bull a chegar à F-1 foi Christian Klien, em 2004.
Demoraria quatro anos para que um piloto do programa vencesse um GP: e foi aquele que, até hoje, é seu grande “garoto-propaganda”, ainda que tenha sido fortemente apoiado pela BMW também: Sebastian Vettel, que se tornaria tetracampeão do mundo entre 2010 e 2013. Além de Vettel, também passaram pelo programa Daniel Ricciardo e Max Verstappen, sendo que, dentre seus três grandes expoentes, apenas o australiano foi apoiado desde bem cedo.
Apesar de a Red Bull não ter sido pioneira neste tipo de ação - Mercedes, BMW e McLaren já faziam isso nos anos 1990 - a estrutura montada pela empresa austríaca foi a maior já vista, incluindo um degrau dentro da própria F-1, com a compra da Toro Rosso. Basicamente, há mais de 10 anos, são quatro as vagas da Red Bull na categoria.
Mesmo assim, o programa passou por uma fase de inchaço e nomes promissores acabaram sendo dispensados, especialmente com o último degrau “travado” com Vettel e Mark Webber permanecendo como companheiros na Red Bull por cinco anos. Ao todo, 71 pilotos já passaram pela Red Bull. Só seis chegaram até a Toro Rosso e outros sete alcançaram a Red Bull.
Foi nessa fase da dupla Vettel e Webber, por exemplo, que pilotos como Sebastien Buemi, Jean-Eric Vergne e Brendon Hartley foram dispensados. E todos eles conquistaram resultados importantes em outras modalidades do automobilismo nos anos seguintes.
Mas, se antes o problema era o excesso de pilotos e a falta de vagas, o cenário agora é completamente inverso. Ano passado, Hartley foi resgatado ao programa para substituir Kvyat, dispensado pela Toro Rosso no meio da temporada, e Gasly subiu antes do previsto para cobrir o empréstimo de Carlos Sainz à Renault. E agora é Vergne quem está sendo sondado justamente para o lugar de Hartley.
'Culpa' de Verstappen
A seca no programa da Red Bull, curiosamente, tem muito a ver com seu último fenômeno, Max Verstappen. Depois de ter sido contratado aos 16 anos para correr na F-1, o holandês acabou gerando uma regra que dificulta que pilotos obtenham a chamada superlicença, necessária para que andem com carros da categoria: primeiro, o piloto tem de ter pelo menos 18 anos e, mais difícil, 40 pontos, algo baseado em sua posição em outros campeonatos.
A questão é que poucos campeonatos dão pontuação tão alta. Na base, isso praticamente obriga os postulantes à vaga a correrem na F-2, onde estão Russell e Norris, ou em outros campeonatos fortes, como o WEC (onde Hartley conseguiu seus pontos) e Fórmula E (caso de Vergne). Porém, nestas categorias, os pilotos são mais experientes e já não fazem parte dos programas de jovens.
Surpreendida pela saída de Ricciardo do time principal e tendo menosprezado a F-2 por anos, a Red Bull hoje não tem nenhum piloto com pontos suficientes para ocupar o lugar de Gasly na Toro Rosso, além de estar insatisfeita com o rendimento de Hartley. De repente, preencher quatro vagas na F-1 se tornou um problema e tanto.
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