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Punição a Grosjean na Itália mostra "espionagem" das equipes na Fórmula 1

Haas voltou ao quinto lugar entre os construtores depois de protesto de rival - AFP PHOTO / GIUSEPPE CACACE
Haas voltou ao quinto lugar entre os construtores depois de protesto de rival Imagem: AFP PHOTO / GIUSEPPE CACACE

Julianne Cerasoli

Do UOL, em Londres (ING)

06/09/2018 04h00

O sexto lugar de Romain Grosjean no GP da Itália fez com que a Haas roubasse a quarta colocação da Renault no Mundial de Construtores. Mas só por algumas horas: o time francês apresentou fotos à Federação Internacional de Automobilismo que demonstravam uma irregularidade no carro da equipe norte-americana e o resultado de Grosjean foi excluído.

É normal que as equipes fiquem de olho nos carros umas das outras, principalmente quando há uma luta direta, como no caso de Haas e Renault. Quando os carros estão sendo preparados no grid, por exemplo, é comum ver até os diretores técnicos "inspecionando" carro a carro. E isso tem dois motivos simples: o primeiro é copiar soluções dos adversários, e o segundo é denunciar possíveis irregularidades.

Isso porque a FIA faz checagens aleatórias nos carros e pode pedir mudanças, mas o protesto de algum resultado vem das equipes, uma vez que o foco das vistorias pós-corrida é o peso e as amostras de combustível, e não medidas ou outras variáveis que podem estar fora de regulamento.

No caso da Haas, a FIA inclusive sabia que o carro estava irregular em Monza. O problema era a prancha localizada no assoalho e que funciona como um limite para que ele não esteja baixo demais - por conta disso, o desgaste dessa prancha tem de obedecer limites. No caso da Haas, não foi esse o limite infringido, mas sim do raio observado em relação ao solo em sua parte frontal, que era menor que os 50mm (com tolerância de mais ou menos 2mm) permitidos.

Sabendo que algumas equipes tinham pranchas irregulares, a FIA lançou uma diretiva técnica dia 25 de julho pedindo que os assoalhos fossem modificados até o GP da Bélgica. A Haas argumentou que não poderia fazer a alteração antes de Cingapura, que é a próxima etapa. A FIA aceitou o argumento, mas deixou claro que o time ficaria exposto a um protesto rival em Monza.

Dito e feito: a Renault sabia da dificuldade da Haas fazer uma nova peça a tempo, esperou a corrida para ter as evidências fotográficas e, assim que a prova acabou, entrou com o protesto. E ganhou.

A Haas divulgou que vai apelar da decisão, mas é muito difícil que ela seja revertida. O prejuízo do time foi grande: aproveitando a brecha deixada pelos rivais, a Renault retomou a quarta colocação no mundial e agora tem 10 pontos de vantagem para os norte-americanos. A mudança no resultado do GP da Itália também fez com que a Force India passasse a Toro Rosso e deu o primeiro ponto da carreira ao piloto da Williams, Sergey Sirotkin.

Na próxima prova, a Haas já deve ter seu novo assoalho. A 15ª etapa será realizada dia 16 de setembro, em Cingapura.

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