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Filho de Schumi será o próximo? "DNA" ajuda, mas não garante sucesso na F-1

Mick Schumacher comemora vitória na etapa da Bélgica da Fórmula 3 Europeia - Divulgação
Mick Schumacher comemora vitória na etapa da Bélgica da Fórmula 3 Europeia Imagem: Divulgação

Do UOL, em São Paulo

27/09/2018 04h00

Com apenas 19 anos, Mick Schumacher começa aos poucos a ganhar notoriedade no noticiário do automobilismo, seja por sua performance na pista, seja pela questão inevitável que surge: o caminho do filho do heptacampeão Michael já está pavimentado para a Fórmula 1? O histórico da categoria mostra que é frequente a presença de herdeiros no grid, mas o "DNA" está longe de ser garantia de sucesso.

Os casos mais emblemáticos de "dinastias" que vingaram na Fórmula 1 são os de Nico Rosberg (2016), Damon Hill (1996) e Jacques Villeneuve (1997), todos campeões mundiais e filhos de pilotos que deixaram o nome gravado na história da categoria. Dois deles, inclusive, repetindo os feitos dos pais Keke Rosberg (título de 1982) e Graham Hill (1962 e 1968) com a conquista de títulos mundiais. Jacques Villeneuve também foi campeão, superando o vice de seu pai Gilles, que morreu em 1982 aos 32 anos.

Exemplos que podem guiar Mick Schumacher neste caminho que já começa a ser preparado. O jovem piloto já admitiu que sonha com a categoria e o chefe de equipe da Ferrari, Maurizio Arrivabene, afirmou neste mês de setembro que o filho de Michael tem portas abertas na equipe. Declaração que abriu a discussão sobre a possível presença de Mick na Fórmula 1 em um futuro não tão longínquo e se fortaleceu depois de sua evolução na temporada de Fórmula 3 Europeia.

O filho de Michael Schumacher assumiu a liderança do campeonato no último fim de semana e, apesar de insinuações de favorecimento por parte de um concorrente, ganhou holofotes depois de uma carreira opaca até o momento nas categorias de base. Ele já correu por dois anos na F-4 e esteve na F-2000 antes de migrar para a F-3 em 2017. Ainda não conquistou títulos, mas os sinais de evolução podem facilitar um caminho já recorrente na Fórmula 1: a de herdeiros tentando seguir os passos do pai.

Nico Rosberg - Luca Bruno/AP - Luca Bruno/AP
Nico Rosberg igualou o feito de seu pai em 2016
Imagem: Luca Bruno/AP

Presença constante de herdeiros na F-1

Nico Rosberg, Damon Hill e Jacques Villeneuve podem ser a inspiração a longo prazo para Mick, mas a simples presença no grid gera exemplos mais factíveis. No grid de 2017, por exemplo, o holandês Max Verstappen e o dinamarquês Kevin Magnussen são filhos de dois ex-pilotos com passagens discretas pela categoria (Jos e Jan, respectivamente). Max, inclusive, é apontado por muitos como futuro campeão, embora as polêmicas e a estreia precoce – com apenas 17 anos – tenham deixado a impressão de que etapas possam ter sido queimadas.

Para Mick Schumacher, um possível ingresso na Fórmula 1 viria carregado de pressão pelo peso do sobrenome, o que não aconteceu com Max Verstappen. Situação vivenciada por outros filhos de campeões que chegaram à categoria mesmo sem uma performance que impressionasse nas categorias de base. E muitos não perduraram.

Nelsinho Piquet ao lado de Alonso na Renault: sem o sucesso do pai - Rubio/EFE - Rubio/EFE
Nelsinho Piquet ao lado de Alonso na Renault: sem o sucesso do pai
Imagem: Rubio/EFE
Filho do tricampeão Nelson Piquet, o brasileiro Nelsinho estreou na Fórmula 1 aos 22 anos e ao longo das duas temporadas na Renault teve como melhor resultado um segundo lugar no GP da Alemanha de 2008. Um brilho solitário na categoria para um piloto que deu continuidade na carreira na Nascar.

Outro tricampeão, o australiano Jack Brabham viu dois filhos correrem na categoria, sendo que nenhum deles vingou. David ainda disputou duas temporadas (1990 e 1994), mas seu irmão Gary sequer conseguiu se classificar para as corridas defendendo a equipe Life em duas provas em 1990.

Já Christian Fittipaldi correu por três temporadas na Minardi e Footwork Ford, de 1992 a 1994, carregando o sobrenome de outros dois pilotos da categoria. Seu pai Wilson Jr. disputou 38 GPs na década de 1970, mas a grande referência era a do tio Emerson, bicampeão que se sagrou o primeiro brasileiro a levantar o título da Fórmula 1.

Curiosamente, o terceiro e último campeão brasileiro na categoria também teve um familiar nas pistas. Sobrinho do tricampeão Ayrton, Bruno Senna correu entre 2010 e 2012 por três equipes diferentes (Hispania, Lotus e Williams) sem nunca ter ido além de um sexto lugar.

Tal retrospecto indica que a presença de Mick Schumacher na Fórmula 1 no futuro não causará surpresa. Mas um sucesso, mesmo que tardio como no caso de Nico Rosberg – campeão apenas em sua 11ª temporada - reservará ao piloto um lugar em um seleto grupo dos que se mostraram à altura de seus pais.

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