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Britney, Bruno Mars e festa em Miami: F-1 faz ofensiva para conquistar EUA

Usain Bolt e Lewis Hamilton no pódio do GP dos EUA - Mark Thompson/Getty Images
Usain Bolt e Lewis Hamilton no pódio do GP dos EUA Imagem: Mark Thompson/Getty Images

Julianne Cerasoli

Do UOL, em Austin (EUA)

18/10/2018 04h00

Que a Fórmula 1 sempre esteve de olho no mercado norte-americano, não é novidade. A categoria fará a 48ª prova nos Estados Unidos neste final de semana, em Austin, que é a décima casa diferente do GP dos Estados Unidos na história e recebe a etapa desde 2012. Mas a maneira de tentar atrair os norte-americanos está mudando sob o comando da também americana Liberty Media, que assumiu o controle da F-1 no começo do ano passado. Em vez de usar os próprios carros e pilotos para fazer o esporte crescer na América, a nova estratégia é bem conhecida nos EUA: vender entretenimento.

Tudo começou com o show de Taylor Swift no GP dos EUA de 2016. Os organizadores abriram o cofre para ter uma das poucas apresentações da cantora naquele ano, e bateram recorde de público. No ano seguinte, a receita foi repetida com Justin Timberlake, ao mesmo tempo em que a Liberty apostou forte em entretenimento na chamada fanzone e fez um show à parte no grid, com os pilotos sendo apresentados pelo narrador de lutas de boxe Michael Buffer, além de colocar um touro mecânico no paddock.

Já em 2018, o GP dos Estados Unidos terá shows em dose dupla: Britney Spears tocará no sábado e Bruno Mars, no domingo. Como todas as pessoas que comprarem ingressos para os três dias terão direito de acompanhar ambos os shows, isso significa que, por 700 reais - preço do ingresso mais barato para três dias - é possível ver a corrida e as apresentações.

Convidar artistas para tocar durante o evento não é exclusividade do GP dos EUA. Países com pouca tradição no automobilismo, como Bahrein, Abu Dhabi e Singapura, costumam usar estratégia parecida. A diferença em relação a Austin é o investimento alto em artistas bastante populares, fazendo com que muitos comprem os ingressos somente para os shows. Tanto que, nos últimos dois anos, a pista esteve mais cheia no sábado - quando Justin e Swift se apresentaram - do que no domingo.

Do lado da Liberty Media, neste ano será realizado o primeiro fan fest em Miami. O evento será no final de semana da corrida e contará com carros da Red Bull e da Renault, além de Emerson Fittipaldi andando com o McLaren M23, com o qual venceu seu segundo título mundial. O evento terá telões mostrando a ação na pista em Austin, e também contará com os shows de Silk City, Diplo e Mark Ronson.

Audiência em alta
Na TV, o esporte vem ganhando espaço. Ao longo dos cinco anos em que transmitiu a F-1, a NBC teve crescimento de 70% nos números de audiência. Mas a emissora perdeu o contrato para a ABC/ESPN no final do ano passado. A nova casa da F-1 transmite as corridas na ABC, ESPN e ESPN2, dependendo da etapa. Ou seja, há corridas transmitidas via TV a cabo, e outras na TV aberta.

Mesmo com a mudança, a tendência de crescimento continua, e o GP da Itália, inclusive, bateu o recorde da F-1 em TV fechada nos EUA dos últimos 20 anos, com 876 mil espectadores. Quando as corridas são transmitidas pela ABC, os números de audiência batem em 2,4 milhões de espectadores. Tais números fazem dos EUA o segundo mercado em que a F-1 mais cresce, atrás apenas do México.

Um fator que ajudou nesse crescimento foi a mudança no horário das largadas da maioria das provas, atrasada em uma hora justamente para se adequar melhor ao mercado americano. Já o próximo passo é realizar mais uma corrida no país. Neste ano, a inclusão de Miami chegou a ser anunciada, mas não saiu do papel, e agora a Liberty busca alternativas.

O que também pode ajudar é o fato de Lewis Hamilton, que é o piloto mais popular nos EUA, ter a chance de conquistar o pentacampeonato já neste final de semana. O inglês precisa abrir mais oito pontos em relação a Sebastian Vettel, ou seja, se ganhar e seu rival não passar de terceiro, Hamilton é campeão por antecipação.

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