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Com subsídio da F1, promotor garante GP Brasil até 2020 e fala em renovação

Sebastian Vettel foi o vencedor do GP do Brasil ano passado - Mark Thompson/Getty Images
Sebastian Vettel foi o vencedor do GP do Brasil ano passado Imagem: Mark Thompson/Getty Images

Julianne Cerasoli

Do UOL, em São Paulo

08/11/2018 15h49

O futuro do Grande Prêmio do Brasil está assegurado até 2020 e independe da privatização do Autódromo de Interlagos. Essa é a posição dos promotores da prova brasileira em meio a um processo de venda já iniciado na Câmara de Vereadores de São Paulo e a boatos a respeito da saúde financeira do evento.

Mesmo assim, o vice-presidente de marketing do GP, Gabriel Rohonyi, reconhece que as finanças da prova são “complexas”. Em entrevista ao UOL Esporte, ele negou a informação publicada recentemente pelo site Racefans.net de que o Brasil não pague à F1 pela prova, condição que seria praticamente única dentro do campeonato. Mas reconheceu que a quantia paga é inferior à de outras provas. Os valores variam de 20 a 60 milhões de dólares, dependendo do contrato.

“Não sei de onde tiraram isso. Não corresponde à verdade. A matemática financeira do GP é complexa: existe um subsídio por parte da FOM, caso contrário não seria possível”, ressaltou Rohonyi.

O contrato atual garante as etapas deste final de semana, em 2019 e 2020, mas o prefeito de São Paulo, Bruno Covas (PSDB), afirmou em evento realizado em Interlagos semana passada que a renovação pode começar a ser negociada. Isso, mesmo com o processo de privatização em andamento. No entendimento dos promotores, isso é factível.

“No nosso entendimento e no de pessoas ligadas à prefeitura, é possível. Principalmente porque é do interesse da cidade. Antes mesmo da prova você já vê uma presença maior de estrangeiros na cidade, então é um evento que movimenta a rede hoteleira, restaurantes, serviços, táxis, etc. e, por isso, é um evento visto como estratégico para a cidade”, afirmou Rohonyi, que destacou a necessidade de apoio governamental para a continuidade do evento.

“É importante salientar que a manutenção de Interlagos não é só para receber a F1, mas sim todo um ecossistema do automobilismo. É a escola de mecânica, fornecedores, autopeças. Existe toda uma economia que gira por conta do autódromo. Não tem de ser visto como um gasto por parte do governo, e sim um investimento nesse ecossistema. Mas como seria um autódromo privatizado? Não sei. Mas é fato que apoio estatal existe na grande maioria das provas, mesmo que o circuito seja privado. Até mesmo nos Estados Unidos, o governo do Texas dá grande apoio.”

Para além de 2020, é difícil que o subsídio ao qual o Brasil tem direito atualmente continue valendo, uma vez que o contrato foi feito por Bernie Ecclestone, que não comanda mais a categoria. Porém, vários promotores estão descontentes com o atual modelo, que prevê muitas vezes um reajuste anual das taxas cobradas por GP e é visto como não-sustentável. E o Brasil observa essa mudança para tentar um acordo com outras bases.

“O futuro pós-2020, com a nova configuração da F1, é uma questão em aberto. O pilar antigo era de promotores, televisão e patrocinadores, mas hoje a natureza do negócio é mais ligada aos palcos, não necessariamente tendo uma receita absurda, de onde se gera conteúdo altamente monetizável. É cada vez mais difícil um país bancar esses valores. Aqui certamente estamos vindo de dois anos de crise econômica, então é complicado correr atrás desses valores.”

Sobre a mudança no governo federal, Rohonyi disse que isso não afeta a corrida em Interlagos, uma vez que o evento é ligado à prefeitura de São Paulo. Já do lado da Fórmula 1, existe o interesse de seguir no Brasil, que é de longe o maior mercado da categoria. Com a ida das transmissões para a TV fechada na Europa, o Brasil, que tem as corridas exibidas pela Globo, tem mais que o dobro de espectadores em comparação com a segunda colocada, a Itália.

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