Único negro, Hamilton se entristece com falta de diversidade na Fórmula 1
Em 2008, Lewis Hamilton se tornou o primeiro negro a ser campeão de Fórmula 1. Nem poderia ser diferente. Naquela época, era o único piloto que não era branco em todo o grid. Uma década se passou e o inglês continua exceção. É o único negro na categoria, uma situação que o incomoda.
“Eu caminho ao redor e percebo como há pouca diversidade [no ambiente da categoria]”, disse Hamilton, em São Paulo, em entrevista ao UOL Esporte.
A situação não é exclusiva da Fórmula 1 ou da fase adulta de Hamilton. "Isso é uma coisa que convivo desde o dia que eu comecei no kart", lembra o piloto, que começou no automobilismo aos oito anos, em 1993. E o que mais incomoda o piloto é que o número de pessoas envolvidas na categoria aumenta, mas o paddock continua monocromático. E Hamilton não fala apenas do grid de pilotos, onde ele é a exceção.
“Desde que eu cheguei à Fórmula 1, abriram tantas vagas, há mais postos de trabalho e vejo tão pouca diversidade. Isto é bem triste neste esporte”.
Inspirado em Nelson Mandela
Por causa disso, o piloto comemora os cinco títulos conquistados, mas acredita que pode causar mais impacto atuando em outras frentes. “Vencer títulos é realmente ótimo. Mas não vai mudar o mundo. Eu sinto que estou somente arranhando a superfície. Qual é o meu propósito aqui? Isto que estou tentando descobrir. O que eu posso fazer para ajudar outras pessoas que querem mudar o mundo?”
Na hora de nomear uma inspiração na busca por mais diversidade no paddock, Hamilton cita um nome que é sinônimo da luta negra. “Quem me inspira? Se eu dissesse alguém seria Nelson Mandela. Ele era o líder nesse sentido [da busca por diversidade]. Eu li sobre ele quando era criança e eu percebi que foi um dos homens mais influentes de todos os tempos.”
Mandela foi o líder do povo da África do Sul que lutou contra a política de segregação racial conhecida como apartheid. A atuação política levou a 27 anos de prisão ordenados por autoridades que proibiam negros e brancos até de dividir o mesmo banco na praça. Libertado, ele se tornou presidente do país e trabalhou para evitar que os oprimidos buscassem vingança contra os opressores, permitindo a pacificação da África do Sul. O líder morreu em 2013 aos 95 anos.
Fórmula 1 ignorou apartheid
A situação da África do Sul se tornou tão dramática que o mundo passou a condenar um regime que tratava as pessoas de forma diferente por causa da cor da pele. O movimento incluiu eventos esportivos que passaram a vetar etapas na África do Sul. A única exceção foi a Fórmula 1. O Grande Prêmio mais icônico deste período foi o de 1985.
A pressão internacional era tamanha que a França proibiu as equipes sediadas neste país de levar os carros para a África do Sul, determinação seguida pelas equipes francesas Renault e Ligier. Governantes pressionaram os chefes de equipe a não correr, mas os dirigentes da categoria decidiram manter a corrida.
Nigel Mansell foi o vencedor da prova que teve somente 18 carros largando. A pressão internacional não surtiu resultado em 1985, mas acabou por ser vitoriosa. Este foi o último ano de um Grande Prêmio enquanto o apartheid existiu. A Fórmula 1 voltou para a África do Sul somente em 1992, ano seguinte ao fim da segregação e dois anos depois da libertação de Nelson Mandela.
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