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Rosberg se arrisca como youtuber e vende até sorvete para aumentar fortuna

Nico Rosberg levanta o troféu Laureus de "revelação do ano" em 2017 - Matthew Lewis/Getty Images for Laureus
Nico Rosberg levanta o troféu Laureus de "revelação do ano" em 2017 Imagem: Matthew Lewis/Getty Images for Laureus

Marcus Alves

Colaboração para o UOL, de Mônaco (FRA)

20/02/2019 04h00

Em um lugar com menos de 40 mil habitantes, o ex-piloto Nico Rosberg é uma figura relativamente fácil de esbarrar pelas ruas de Mônaco. Aposentado das corridas desde a conquista do título mundial de Fórmula 1 em 2016, o alemão mantém, entre outras atividades, o cargo de embaixador do Laureus, tradicional prêmio conhecido como Oscar do Esporte e cuja badalada cerimônia, com direito a tapete vermelho e lendas internacionais, aconteceu na última segunda-feira (18).

Da varanda de um de seus apartamentos, Rosberg chegou a escutar, inclusive, o histórico discurso feito pela lenda sul-africana Nelson Mandela, em 2000, e ainda hoje relembrado. A memória segue viva em sua mente enquanto atende a reportagem do UOL Esporte durante mais uma edição da premiação "no quintal de sua casa", no principado.

Rosberg ganhou o prêmio revelação do ano no Laureus de 2017. Coincidentemente, o mesmo ano em que se aposentou. Fora das pistas, atualmente é um dos donos da Fórmula E, está organizando um festival ambiental em Berlim, na Alemanha, reforma imóveis para revenda em Mônaco, investe em startups e até vende sorvetes naturais em Ibiza, na Espanha. Quando sobra um pouco de tempo, ainda se arrisca como youtuber.

"Eu também vou fazer as corridas como comentarista da emissora Sky Sports neste ano", avisa, como se já não fizesse o bastante.

Poliglota, Rosberg fala cinco idiomas diferentes. Em uma de suas últimas provas antes de pendurar o capacete, em Interlagos, em São Paulo, chegou a pedir para os jornalistas realizarem perguntas em português para ver como se virava. Segundo ele, o resultado não foi desastroso.

"É porque eu falo italiano, francês e espanhol, então, se você sabe se virar nesses três, você consegue sacar o português, mas eu não falo português, na verdade, nunca aprendi. De qualquer forma, amo o Brasil, venci duas corridas em São Paulo, é um lugar muito especial para mim também", explica.

Em paralelo a tudo que tem feito, o ex-piloto chegou a participar de palestras no ano passado falando sobre como saltar de um ambiente de adrenalina total, caso da Fórmula 1, para outro em que tudo se move mais lentamente. Foi essa a motivação de sua aparição no Web Summit, maior feira de tecnologia do mundo que aconteceu em Lisboa, em Portugal.

Não significa, contudo, que ele leve essa mudança ao pé da letra em sua rotina agora como empresário.

"Então, na realidade, como eu vim desse outro ambiente (da Fórmula 1), esse é um dos meus pontos fortes no momento, o poder de tomada de decisão sob pressão. Estou trazendo esse ritmo acelerado para o mundo corporativo, que é muito mais devagar. É uma grande vantagem porque eu sou duas vezes mais rápido que a maioria das pessoas, então, facilita para desenvolver os negócios", conta.

"Agora mesmo, estou organizando o Green Tech Festival, que tem sido realmente o meu foco. E teremos também a nossa premiação, será mais como ou menos como o Laureus no esporte, mas, em nosso caso, para as tecnologias verdes", prossegue.

"Sou co-fundador dessa feira e faremos um evento no fim de maio, próximo a uma etapa em Berlim da Fórmula E, em que também estou envolvido como um de seus donos e apoiamos o movimento por carros elétricos. Por trás de tudo isso, queremos ter um impacto e acelerar uma mudança positiva no mundo", completa.

Em reportagem recente, a emissora norte-americana CNN chegou a se referir a Rosberg como um modelo atual na luta pela preservação do meio ambiente, ressaltando a ironia que permeia a sua transformação: afinal de contas, até pouco tempo atrás, ele guiava carros na Fórmula 1, responsáveis pela liberação excessiva de gases na atmosfera.

Por essas e por outras, enquanto pensa em seu canal no Youtube, comenta uma corrida de Lewis Hamilton e saboreia um sorvete natural, a ideia de voltar a competir aos 33 anos passa longe de sua mente.

"Eu? Não, não, estou definitivamente fora das corridas", conclui.

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