Topo

Fórmula 1

Bottas fala em decepção por 2018 e aposta em cara de mau para bater Lewis

Marco Canoniero/LightRocket via Getty Images
Imagem: Marco Canoniero/LightRocket via Getty Images

Julianne Cerasoli

Do UOL, em Londres (ING)

02/03/2019 04h00

Não é só a barba - que ele já avisou que vai manter "porque me faz economizar tempo" - que confere a Valtteri Bottas um visual mais agressivo neste ano. Mesmo mantendo sua fala calma, o finlandês de 29 anos voltou das férias determinado a mudar o curso da sua história dentro da Fórmula 1. Sabendo que esta pode ser sua última temporada na Mercedes, que tem como reserva Esteban Ocon, piloto muito bem conceituado pelo chefe Toto Wolff, Bottas quer deixar a fama de bom moço para trás.

"Percebi que tenho só uma carreira e não quero me arrepender de nada, não quero pensar que não forcei o bastante ou não aproveitei as oportunidades. Acho que ano passado foi para eu acordar. Desde criança, eu sonho em lutar por vitórias e campeonatos. E percebi que, se há um momento em que eu posso fazer as coisas de uma maneira melhor, é agora", definiu o finlandês em entrevista ao UOL Esporte.

Quando chegou à Mercedes às pressas para substituir Nico Rosberg, no início de 2017, Bottas tinha como álibi a falta de experiência não apenas na Mercedes em si, como também em uma equipe que luta por campeonatos. Naquele momento, qualquer desempenho que não comprometesse a conquista do Mundial de Construtores já era válida, e os dias em que conseguia superar Lewis Hamilton, um lucro. Foram 13 pódios e três vitórias, com direito a um final de ano melhor o do companheiro já tetracampeão do mundo.

Em 2018, Bottas sofreu menos que Hamilton com a adaptação a um carro temperamental no trato com os pneus da Mercedes, mas não conseguiu transformar isso em resultados, conviveu com azar em momentos importantes e, da metade para o final do ano, enquanto o companheiro arrasava a Ferrari de Sebastian Vettel, só conseguiu três pódios. 

Após a temporada, veio a autoanálise - e ele explica que não teve ajuda externa: "simplesmente olhei para o espelho". E o diagnóstico de que faltou agressividade em 2018. "O principal é minha atitude nas corridas e realmente aproveitar as oportunidades - às vezes, pensar um pouco mais a curto prazo nas decisões que tomo nas corridas", explicou.

"Definitivamente, foi uma temporada decepcionante e até fiquei bravo comigo mesmo por estar há seis anos na F-1 agora e ainda não ter atingido a minha meta. Obviamente, eu tenho tempo, mas estou começando a perceber que só tenho uma carreira e não quero estar, de novo, nessa situação, questionando se eu poderia ter feito algo melhor. Só quero me certificar que, neste ano, vou atingir minhas metas e vou fazer o que for necessário para isso".

Tática para bater Hamilton

Mas como Bottas vai superar aquele que é considerado um dos melhores pilotos de todos os tempos da Fórmula 1? O finlandês revelou que já identificou as áreas em que precisa focar para não deixar o filme de 2017 e, principalmente, 2018, se repetir.

"Tenho passado por um bom processo com os novos engenheiros para saber em que pontos tenho que focar na minha pilotagem: onde eu normalmente perco para Lewis e quais são meus pontos fortes. Já nos testes, começamos a trabalhar em algumas áreas e melhoramos algumas coisas. São alguns detalhes: a tendência é que Lewis seja mais forte em algumas partes das curvas de baixa velocidade, então estamos trabalhando nisso. E também em acertos diferentes em determinadas corridas".

A confiança de que é bom o bastante para bater Hamilton vem das corridas em que foi melhor que o inglês nestes dois anos de Mercedes, ainda que o próximo passo seja o mais difícil para um piloto: ser rápido de forma consistente. "Esse esporte é muito focado em detalhes, e tenho que ser o melhor 'eu'. Sei o que posso fazer se render o meu melhor. Já consegui ficar na frente ou no mesmo nível de Lewis em classificações e ritmo de corrida. Sei que posso fazer isso. Agora é só trabalhar duro para estar nesse nível de forma mais consistente".

Mas e as ordens de equipe? Com a promessa de outra luta apertada contra a Ferrari, que já no lançamento deixou claro que a prioridade é de Sebastian Vettel frente ao novato na Scuderia Charles Leclerc, pelo menos até o monegasco provar que merece o contrário, será que a Mercedes não será obrigada a também apostar em Hamilton logo de cara? A tranquilidade de Bottas em relação a isso vem do fato que só uma pessoa pode evitar isso: ele mesmo.

"Isso não me preocupa porque chegamos a um acordo já há alguns anos e vai depender da minha performance. Ano passado, as coisas foram diferentes porque havia uma diferença muito grande entre mim e Lewis no campeonato. Mas depende de mim e, por isso, não me preocupo".

Não é a toa que o "novo" Valtteri Bottas, mesmo sem ter vencido nenhuma corrida sequer em 2018, mira alto: "Minha meta para esse ano é vencer o máximo possível e ir atrás do campeonato".

Fórmula 1