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Pietro Fittipaldi nasceu nos EUA, mas amor por farofa entrega brasilidade

Pietro Fittipaldi na Haas  - Divulgação
Pietro Fittipaldi na Haas Imagem: Divulgação

Julianne Cerasoli

Do UOL, em Londres (ING)

03/03/2019 04h00

O nome é italiano, a cidade de nascimento fica nos EUA e até o capacete tem motivos norte-americanos. Mas o coração de Pietro Fittipaldi é movido a feijão preto e farofa, como todo brasileiro. Palmeirense roxo, o neto de Emerson Fittipaldi, que é piloto de testes da equipe Haas na Fórmula 1, conta que, embora tenha dupla nacionalidade - americana e brasileira - jamais cogitou correr pelo país em que nasceu.

"Nunca tive essa dúvida. Desde que comecei no kart, com 4 ou 5 anos, sempre tive a bandeira do Brasil no meu kart. Sempre foi assim", revelou o piloto em entrevista exclusiva ao UOL Esporte.

"Nasci em Miami porque meus pais estavam morando lá. É uma cidade bem latina e eu, inclusive, aprendi espanhol na escola antes do inglês. Mas eu sempre tive vários amigos brasileiros e sinto que meu coração é brasileiro. Por isso que tenho essa vontade de representar o Brasil no automobilismo, que carrego a bandeira brasileira no macacão e no meu carro." 

Pietro é filho de Juliane Fittipaldi, filha do bicampeão de Fórmula 1, e Carlos DeCruz, 'responsável' pela paixão pelo Palmeiras. "Sou palmeirense roxo desde pequeno, por influência do meu pai. Tem sido mais difícil acompanhar nos últimos anos, depois que eu mudei para a Europa [em 2013], mas quando eu estava nos EUA, assistia a quase todo jogo. Quando não conseguia achar na TV, via pela internet mesmo, naquele tempo real que fazem nos sites". 

Então, Pietro, o Palmeiras tem mundial? "Tem, claro que tem!", diz o piloto, que sente por não conseguir acompanhar tão de perto a boa fase atual do clube, mas diz que ficou marcado pela geração de Valdívia, especialmente na segunda passagem do chileno pelo time.

Além de acompanhar o time do coração, outro desafio para Pietro é conseguir comer o arroz, a feijão e a farofa de que é fã. Quando a mãe visita ele e o irmão, Enzo, que também é piloto, eles aproveitam para matar a saudade.

"Gosto muito de feijoada e a gente sempre come arroz e feijão - meu irmão, na verdade, só come isso! Mesmo morando na Itália hoje em dia. Quando minha mãe vai para lá, ela faz para ele. Mas, quando estamos sozinhos, geralmente eu que cozinho - porque ele não sabe - então ele tem que comer massa com uma latinha de atum e um pouco de vegetal. O feijão de lá é aquele de lata, não fica do mesmo jeito."

Outra comida bem brasileira da qual ele sente falta é fraldinha, algo fácil de encontrar nos rodízios brasileiros em Miami, mas bem mais rara na Itália. Isso sem contar na farofa, que também fica para quando ele volta para casa.

Pietro mora com Enzo em Maranello, perto da fábrica da Ferrari. Isso porque um dos simuladores usados pela Haas é o ferrarista - o outro é da Dallara e também fica na Itália - e Enzo está atualmente na F-3 e é piloto da academia da Ferrari.

Brasileiro também na hora de xingar?

Apesar da vida em Miami, as visitas ao Brasil eram pelo menos anuais, para encontrar a família do pai e a avó materna, que mora em São Paulo. Pietro só não teve, contudo, a chance de passar um Carnaval no Brasil. "Gosto de Carnaval, mas nunca fui, nunca estava lá na época. É uma coisa que queria muito fazer." 

Com seus compromissos na Fórmula 1 e o objetivo de se tornar piloto titular na categoria, contudo, a meta de estar no Brasil nesta época do ano vai ter que esperar alguns anos, uma vez que os pilotos estão focados na preparação para a temporada, que começa dia 17 de março, na Austrália.

Nos testes da pré-temporada, realizados na segunda quinzena de fevereiro em Barcelona, lá estava Pietro no carro da Haas, sendo elogiado por seu retorno técnico, algo que é ajudado pelo fato de falar inglês com naturalidade. Até mesmo nas entrevistas, ele muitas vezes usa alguns termos específicos de automobilismo na língua estrangeira, algo comum entre os pilotos brasileiros, que vão cada vez mais cedo para fora do país por conta da carreira.

Por isso, Pietro admite que é impossível não pensar em inglês quando está no carro. Mas, na hora de xingar, não tem dúvida. "Em coisas mais técnicas, quando estou na pista, falando com os engenheiros, penso em inglês porque é a língua que você usa para se comunicar em qualquer equipe. Mas, se eu estou bravo e vou xingar alguém, eu penso em português", disse o piloto, rindo.

Depois de ter participado dos testes da pré-temporada, Fittipaldi deve estar presente também em algumas sessões de treinos livres às sexta-feiras ao longo do campeonato. O piloto deve, ainda, disputar algumas corridas em outra categoria, mas ainda não divulgou qual será seu calendário.

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