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Por que o "VAR" da F-1 puniu Vettel e como será a apelação da Ferrari

Hamilton puxa Vettel para o lugar mais alto do pódio no GP do Canadá -  Charles Coates/Getty Images/AFP
Hamilton puxa Vettel para o lugar mais alto do pódio no GP do Canadá Imagem: Charles Coates/Getty Images/AFP

Julianne Cerasoli

Do UOL, em Montreal (CAN)

10/06/2019 15h01

A Ferrari já anunciou que vai apelar da punição que tirou a vitória do GP do Canadá das mãos de Sebastian Vettel. O alemão cruzou a linha de chegada em primeiro lugar, mas teve 5s acrescidos a seu tempo final, o que deu a vitória para Lewis Hamilton. Com o resultado, o inglês abriu 25 pontos na liderança do campeonato após sete provas disputadas.

O lance que ocasionou a punição ocorreu na volta 48. Sob pressão de Hamilton, Vettel cometeu um erro, saiu da pista na curva três, mas conseguiu se manter à frente.

Os comissários entenderam que Vettel não voltou à pista de maneira segura e ainda por cima jogou Hamilton para fora da pista, e lhe deram os 5s e mais dois pontos de punição - os pilotos que somam pelo menos 12 pontos em um período de 12 meses são suspensos por uma prova, e Vettel no momento tem 7.

A punição de Vettel, que ficou muito irritado com a decisão, é justificada pelo artigo 27.3 do regulamento esportivo, cujo texto dá conta de que, se o piloto sai da pista, ele pode voltar "somente quando isso for seguro e sem ganhar vantagem duradoura". Além disso, os comissários entederam que Hamilton teve de frear e sair da pista com os quatro pneus para evitar bater em Vettel.

Mas como eles chegaram a essa conclusão? O "VAR" da F-1 é um sistema bem mais complexo que o do futebol - e, até por isso, costuma demorar muito mais tempo. Os comissários, que variam a cada prova e contam sempre com um ex-piloto, têm acesso às mesmas câmeras da transmissão, como também das câmeras de segurança do circuito, e por isso podem ver o incidente de diferentes ângulos. Além disso, eles têm acesso à telemetria dos carros - no caso do incidente do último domingo, por exemplo, eles puderam ver o que Hamilton teve de fazer para evitar o carro de Vettel.

Mas o mais importante do processo decisório é o software que permite o acesso a decisões passadas em lances parecidos - como, neste caso, a punição dada a Max Verstappen pelo mesmo tipo de ofensa no Japão ano passado. O UOL Esporte teve acesso a esse programa, em que é possível achar, rapidamente, todas as punições por nome de piloto, por tipo de ofensa, por circuito, etc. O peso dessa ferramenta é grande porque a maior dificuldade na F-1 é manter a consistência nas decisões principalmente porque, ao contrário do futebol, em que o campo é o mesmo, cada circuito tem sua particularidade.

É justamente por isso que a Ferrari acenou que vai apelar da decisão. O argumento de Vettel é de que ele estava "tentando evitar um acidente", sem o controle do carro, e por isso voltou à pista daquela maneira. "Eu perdi a traseira do carro, obviamente não fui voluntariamente para fora da pista sem saber como eu voltaria. Acho que estava muito claro que eu estava no limite. Então, eu estava na grama e acredito que seja bastante comum que a grama seja escorregadia. Só estava tentando ter o controle do carro. E só então olhei meu espelho e vi Lewis atrás de mim."

Ou seja, o argumento que a Ferrari vai apresentar é de que ele não tinha controle do carro no momento da fechada. Mas acredita-se que as imagens das câmeras de segurança mostrem o contrário - que ele olhou e continuou diminuindo o espaço do inglês.

A Scuderia tem 96h após a corrida para apelar formalmente, já com as provas a seu favor, e só então a FIA vai decidir quando será o julgamento.

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