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Como a França se mantém viva na F1 23 anos depois da última vitória

Largada da etapa da França, em Paul Ricard - Mark Thompson/Getty Images
Largada da etapa da França, em Paul Ricard Imagem: Mark Thompson/Getty Images

Julianne Cerasoli

Do UOL, em Paul Ricard (FRA)

22/06/2019 08h29

"Eu tinha três meses", diz um dos dois representantes da França no grid, Pierre Gasly, sobre a última vitória do país na Fórmula 1. "Para mim não importa se a última vitória da França foi há dois anos ou a 23 anos. O fato é que faz tempo demais desde que tivemos o hino francês no pódio pela vitória de um piloto e o que eu quero é ser o cara que vai fazer isso."

De fato, o piloto da Red Bull é o que estaria mais próximo de acabar com a maior seca de vitórias de um país dentre os mais tradicionais da Fórmula 1: o último título de um piloto francês foi em 1993, com Alain Prost, e a última vitória foi em 1996, ano de nascimento de Gasly, com Olivier Panis, em Mônaco, sob forte chuva.

"Eu lembro muito bem!", diz o outro francês do grid, Romain Grosjean. "Uma corrida maluca, com só três carros chegando no final. Mas vitória é vitória!"

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Grosjean é cercado por crianças no paddock em Paul Ricard
Imagem: Julianne Cerasoli

Grosjean foi o responsável pelos últimos pódios franceses na Fórmula 1, quando estava na Lotus. Mas o último deles foi em 2015 e, hoje na Haas, suas chances de repetir o feito seriam em uma nova corrida maluca, como a da vitória de Panis, também com uma equipe do meio do pelotão.

Grosjean admite que a falta de bons resultados não ajuda o crescimento da F-1 na França, mas acredita que o maior fator é a ausência da categoria na TV aberta desde 2013.

"São dois fatores: hoje em dia a F1 está na TV paga [quatro corridas no ano também são mostradas na TV aberta], então perdemos muitos seguidores por conta disso, o que dá para entender. Isso foi muito ruim, ainda que o Netflix tenha ajudado a recuperar um pouco. E é claro que não ter um francês vencendo também afeta. Eu fiz 10 pódios e, para mim, parece que faz muito tempo que isso aconteceu. Mas tive algumas boas corridas e tomara que consiga voltar ao pódio - seria o máximo que eu conseguiria almejar."

Embora a seca de vitórias e títulos tenha deixado suas marcas, a presença da França na Fórmula 1 continua sendo importante. O país tem uma equipe e fornecedora de motores, a Renault, uma fornecedora de combustível - Total - dois pilotos e um GP, que voltou ao calendário ano passado depois de 10 anos fora e conta com apoio governamental.

Não foi sempre assim. Em 2011, o país atingiu seu pior momento: sem GP, sem pilotos no grid e com a Renault decidindo vender a equipe para um grupo de investidores. A montadora, contudo, manteve seu forte investimento nas categorias de base, mantendo campeonatos fortes na França e colaborando para que o desenvolvimento de pilotos continuasse.

Com uma base forte em seu próprio país e na vizinha Itália, os pilotos continuaram aparecendo, e em 2016 a Renault mudou novamente sua política e comprou a equipe de volta. E, dois anos depois, o GP voltou, algo que demorou a acontecer devido a pressões políticas, já que o governo anterior não queria promover um evento de automobilismo.

A fim de conquistar as novas gerações, os promotores do GP têm usado a quinta-feira anterior à prova, dia dedicado às entrevistas, para receber escolas no paddock e, neste ano, 10 mil crianças e adolescentes tiveram a chance de encontrar seus ídolos. Mais um passo para manter a França no mapa da F1 e, um dia, voltar a ouvir a Marselhesa no pódio.

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