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Hamilton questiona engenheiro no rádio, mas vê Bono como segredo de sucesso

Lewis Hamilton celebra após vencer o GP da Hungria - Mark Thompson/Getty Images
Lewis Hamilton celebra após vencer o GP da Hungria Imagem: Mark Thompson/Getty Images

Julianne Cerasoli

Do UOL, em Londres (ING)

08/08/2019 04h00

"O quê? Você disse que ele fez 19s5?", perguntava um incrédulo Lewis Hamilton, comparando seus tempos com os do rival Max Verstappen nas voltas finais do GP da Hungria, no último domingo (4). Em uma estratégia diferente - e que ele duvidava que funcionaria - ele tinha de tirar 1s por volta do holandês, que em determinado momento estava conseguindo fazer os mesmos tempos que ele. "Não se preocupe, Lewis, os pneus deles chegarão ao limite", respondia Pete Bonnington, mais conhecido como Bono, engenheiro de pista do inglês.

É normal ouvir Hamilton questionando a estratégia e reclamando das decisões da Mercedes via rádio. Quem tem de filtrar tudo é Bono, o elo entre o piloto e as diversas áreas da equipe. Por conta disso, há quem possa imaginar que a relação entre os dois é tensa, mas é justamente o contrário: depois de sete anos trabalhando com o engenheiro, Hamilton reconhece que a parceria é um dos pontos importantes de seu sucesso.

"Trabalhei com engenheiros diferentes no passado, mas nunca trabalhei com alguém tão bom, alguém tão devotado", disse o inglês ao UOL Esporte. "É uma relação muito crucial porque ele tem de me entender mesmo nunca tendo pilotado um carro de F-1. Mas hoje já aprendemos muitas lições juntos, então nos conhecemos muito bem. Nunca tivemos uma briga sequer e sempre estamos buscando o mesmo. Eu adoro o Bono e não quero trabalhar com mais ninguém."

No caso específico da Hungria, as mensagens de incentivo para Hamilton, mesmo quando a própria equipe duvidava que ele faria a estratégia funcionar e passaria Verstappen, o que acabou acontecendo com quatro voltas para o fim, eram passadas por Bono, mas tinham outra origem, como explicou o chefe Toto Wolff.

"Estávamos em dúvida se daria porque sabíamos que ele tinha que tirar um segundo por volta. E houve um momento em que Max estava usando tudo do motor e estava no mesmo ritmo de Lewis, e quando o Bono falava com ele dava para sentir o tom de incredulidade dele. Uma coisa que o pai dele me disse é que você só precisa falar para ele uma frase: 'você consegue'. Mesmo que as nossas contas mostrassem que ele precisava de mais voltas, falamos para ele que ele ia conseguir. E foi o que aconteceu."

Para que estratégias como esta funcionem, a confiança construída em sete temporadas trabalhando juntos, desde que Hamilton foi para a Mercedes, é fundamental. "Não sei como é com os outros pilotos, mas é a primeira vez que tenho estabilidade com um engenheiro", contou Hamilton. "Já são sete anos com o Bono. Tivemos altos e baixos e uma jornada incrível juntos, mas o mais incrível é trabalhar com gente que investe tanto emocionalmente naquilo quanto você. Quando temos um final de semana difícil, nós dois vamos para casa destruídos. Ficamos mandando mensagem um para o outro, vamos repassando tudo juntos para que, quando voltamos à fábrica, estejamos já caminhando na mesma direção."

Foi trabalhando com Bono que Hamilton conquistou quatro de seus cinco títulos mundiais e, neste ano, o inglês tem 62 pontos de vantagem, o equivalente a mais de duas vitórias, com nove corridas para o fim.

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