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Ex-médico do Flu afirma que o Engenhão não estava capacitado para atender R. Gomes

Michel Simoni (à direita), foi médico do Flu na época de Cuca. Ele criticou o atendimento ao técnico Ricardo Gomes no Engenhão - Photocamera
Michel Simoni (à direita), foi médico do Flu na época de Cuca. Ele criticou o atendimento ao técnico Ricardo Gomes no Engenhão Imagem: Photocamera

Do UOL Esporte

No Rio de Janeiro

29/08/2011 21h09

Michel Simoni, ex-médico do Fluminense, afirmou que a ambulância do Engenhão não teria capacidade para atender um paciente com o quadro de Ricardo Gomes: um AVC (Acidente vascular Cerebral) hemorrágico. O médico deu entrevista nesta segunda-feira à Rádio Manchete. O diretor do Centro Médico do Engenhão, Alex Bousquet, negou a informação, mas admitiu falhas no socorro dentro de campo.

"No final do ano passado, formamos uma comissão nacional de médicos do futebol para que pudéssemos fazer um suporte para as necessidades de segurança do atendimento médico para jogadores, árbitros e torcedores. Durante muito tempo não houve uma preocupação de como vamos dar suporte aos milhares de presentes no estádio e aos que estão trabalhando no campo. Já foi conversado sobre a cobertura aos árbitros e à comissão técnica. Esse assunto tem que ser motivo de preocupação da CBF e das pessoas que estão envolvidas nesse processo".

Segundo o médico, o tempo de chegado ao Hospital Pasteur foi considerado rápido, mas poderia ter sido mais ágil se o atendimento ao técnico Ricardo Gomes tivesse sido feito na ambulância:

PERSONALIDADES APOIAM


Tô torcendo pela recuperação Ricardo Gomes. Grande amigo, foi meu companheiro na Seleção, treinador no Fluminense. Vamos orar por ele.

Romário, via twitter


O mundo do futebol pede e nós repetimos aqui com vocês: Força, Ricardo Gomes

Mano Menezes

"A gente parte do pressuposto de que a ambulância tenha equipamento de suporte básico completo. O que me chamou a atenção foi a demora da ambulância e a necessidade de os médicos levarem ele ao centro médico para fazer esse suporte. Teoricamente o atendimento deveria ter sido feito dentro da ambulância. Na entrevista do Dr. Clóvis (médico do Vasco) ficou muito claro que essa ambulância não tinha capacidade. Isso é muito importante porque se ganha tempo", e continuou:

"As coisas até foram rápidas, o Hospital Pasteur é preparado e equipado para o atendimento. O tempo foi até bastante ágil. A transição dentro do estádio é que foi lenta", afirmou Simoni.

Já o diretor do Centro Médico do Engenhão, Alex Bousquet, negou que o estádio e as ambulâncias não tivessem capacidade para atender Gomes, mas confessou que o socorro no campo foi confuso e dividiu a culpa com a Saver, responsável pela ambulância. O diretor, no entanto, culpa os "ânimos exaltados" por problemas nas arquibancadas. Segundo ele, um confronto entre torcedores e a polícia teria feito muitos feridos e atrapalhado o atendimento. 

O ex-médico do Fluminense, Michel Simoni, disse ainda que é preciso haver uma mudança de mentalidade em relação ao conceito de segurança dos profissionais do futebol:

"Esses conceitos de segurança têm que ser revistos. As pessoas dentro do futebol têm que entender que a saúde é importante. Em prol da paixão pelo futebol as pessoas não querem gastar com a saúde, até porque gastam com o objetivo de não usar. É preciso olhar com mais carinho. Os acidentes se repetem e continuamos com um despreparo na parte do atendimento grave. Está na hora de as pessoas olharem a saúde do atleta de uma forma diferente", finalizou o médico.

  • ComoTudoFunciona/Reprodução

    O acidente vascular hemorrágico acontece quando um vaso do cérebro se rompe e extravasa sangue para dentro do cérebro ou para dentro do liquor

Entenda o caso:

Após passar mal no segundo tempo do clássico contra o Flamengo, no último domingo, Ricardo Gomes foi atendido em uma ambulância do estádio e  levado ao centro médico para receber o atendimento básico. Depois, foi encaminhado ao Hospital Pasteur, onde foi diagnosticado com AVC (Acidente Vascular Cerebral) hemorrágico. Ele foi operado para drenar o sangramento que, segundo os médicos, ocupava 70% do cérebro do treinador. 

Os médicos ainda não sabem se o comandante ficará com sequelas, mas há o risco de que o problema afete o lado direito e a fala de Ricardo Gomes. Ele deve ficar, pelo menos, dez dias em acompanhamento no hospital.