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Botafogo irrita rivais com velocidade de gandulas e pode levar multa

Técnico Dunga briga com gandula após reposição rápida de bola durante o empate entre Inter e Botafogo - Fernando Soutello/AGIF
Técnico Dunga briga com gandula após reposição rápida de bola durante o empate entre Inter e Botafogo Imagem: Fernando Soutello/AGIF

Bernardo Gentile e Luiz Gabriel Ribeiro

Do UOL, no Rio de Janeiro

24/09/2013 06h06

A ajuda de gandulas ao Botafogo parece ser notícia velha, mas o episódio tem se repetido e já irrita jogadores e técnicos rivais. Mesmo após a CBF ter endurecido as regras para reposição de bola - justamente por causa do lance envolvendo a musa alvinegra Fernanda Maia na final da Taça Rio 2012 -, o clube de General Severiano tem contado com seu "12º jogador", que acelera o jogo para o time de Oswaldo de Oliveira e desrespeita orientações técnicas dadas em 2012.

O STJD (Superior Tribunal de Justiça Desportiva) afirma observar o comportamento dos gandulas escalados pelo Botafogo e não descarta punir clube e Ferj (Federação de Futebol do Rio de Janeiro) com multa de R$ 100 a R$ 100 mil por dificultar ou deixar de cumprir o regulamento. De acordo com o procurador-geral Paulo Schmitt, uma punição pode ser determinada caso haja denúncia e análise a partir de súmulas ou vídeos.

O gandula que descumprir a regra pode ser julgado com base em artigo que fala sobre conduta contrária à disciplina ou à ética desportiva. Neste caso, ele seria suspenso pelo prazo de 15 a 180 dias.

Clube e entidade são os responsáveis pelo trabalho dos gandulas no Maracanã – a Ferj diz não se envolver com a escala, feita pelo Botafogo, nestes casos, antes das partidas. Procurado pelo UOL Esporte, o Botafogo afirma que determina aos gandulas que respeitem as orientações previstas no Regulamento Geral das Competições e na Circular 017, elaborada e emitida pela Comissão de Arbitragem da Confederação Brasileira de Futebol, através da qual fizeram constar as novas orientações técnicas e disciplinares para a atuação dos gandulas, entre outras questões.

Na partida contra o Internacional, em que terminou em empate por 3 a 3, um gandula irritou o técnico Dunga. O comandante colorado perdeu a paciência quando o seu time tinha a vantagem por 2 a 1 sobre o Botafogo e resolveu tirar satisfações com o pegador de bola.

“Essa discussão já está mais do que clara. O gandula tem que botar a bola no chão e não jogar junto. Não sei quem controla. Mas eles fazem parte do espetáculo”, criticou o ex-técnico da seleção brasileira. Pelas determinações da CBF, gandulas não podem devolver bolas nas mãos dos jogadores. Elas devem ser colocadas ou roladas no chão – este foi o alvo da reclamação de Dunga na partida disputada no dia 15 de agosto, pelo Brasileirão.

Contra Coritiba e Corinthians, outros episódios relacionados ao trabalho dos gandulas irritaram treinadores e jogadores adversários. Com o Botafogo em desvantagem ou empatado, eles atuavam com velocidade. Quando o placar era favorável ao clube, eles seguravam a bola por mais tempo.

No domingo, a partida contra o Bahia – em que o Botafogo esteve em vantagem durante boa parte do jogo e sofreu a virada por 2 a 1 no fim – teve mais polêmicas. No final do primeiro tempo, um gandula foi expulso pelo árbitro Leandro Pedro Vuaden, que fez uma reunião na volta do intervalo para explicar como deveria ser a atitude dos pegadores durante a partida. O técnico Cristóvão Borges se indispôs e chegou a pegar a bola das mãos de um outro pegador para acelerar a retomada do jogo.

Em 2012, a gandula Fernanda Maia ficou famosa por ter “ajudado” o Botafogo a marcar um gol sobre o Vasco, na final da Taça Rio. Ela jogou a bola rapidamente para cobrança de lateral, o que foi determinante para pegar a defesa cruzmaltina desorganizada em um contra-ataque. O lance terminou em gol de Loco Abreu. Esse episódio foi um dos motivos para a CBF agir e divulgar um “protocolo de procedimentos” para os gandulas, que vale desde a temporada passada.