Topo

Santos faz acordo verbal com Ney Franco, mas auxiliar polêmico é entrave

Ney Franco não abre mão de seu auxiliar Éder Bastos, e Santos prioriza comissão técnica fixa - Fernando Donasci/UOL
Ney Franco não abre mão de seu auxiliar Éder Bastos, e Santos prioriza comissão técnica fixa Imagem: Fernando Donasci/UOL

Samir Carvalho*

Do UOL, em Santos (SP)

15/11/2013 06h00

Não é por acaso que o técnico Claudinei Oliveira não está animado com sua permanência no Santos após o vencimento de seu contrato, que termina no fim de dezembro. O UOL Esporte apurou que o Comitê Gestor do clube já tem um acordo verbal com Ney Franco, ex-São Paulo e que atualmente comanda o Vitória, da Bahia.

O acordo é para que o novo treinador inicie o seu trabalho em janeiro de 2014, porém não existe nenhum documento assinado por causa de um empecilho na formação da comissão técnica. Isso porque Ney Franco quer trazer seu auxiliar, Éder Bastos, enquanto os dirigentes santistas preferem economizar e priorizar a permanência de sua comissão fixa.

Além de questões financeiras, o histórico polêmico do auxiliar, principalmente na passagem de Ney Franco no São Paulo, é levado em conta pela cúpula santista. No Morumbi, Éder Bastos ganhou a fama de mandar até mais que o técnico.

Ney Franco possui um método europeu de trabalhar. Ele vai pouco ao campo e só prioriza os treinos táticos. Sendo assim, o seu auxiliar comanda os trabalhos técnicos e recreativos e, por isso, acaba obtendo mais contato com o elenco.

Segundo alguns jogadores que trabalharam com a dupla, Éder Bastos influencia o treinador a escalar atletas de quem ele gosta. O volante Cícero, artilheiro do Santos na temporada 2013, com 21 gols, enfrentou problemas internos com o auxiliar de Ney Franco, quando os três defendiam o São Paulo.

Em contrapartida, Santos e Ney Franco já resolveram a questão financeira. A diretoria santista seduziu o treinador, que faz uma boa campanha com Vitória no Brasileirão e tem boas possibilidades de classificação para a Libertadores de 2014, com uma proposta salarial vantajosa, cerca de R$ 350 mil mensais.

O montante, inclusive, é o mesmo valor que o clube desembolsa mensalmente para pagar a multa rescisória de Muricy Ramalho, demitido em maio deste ano. A última parcela para o atual técnico do São Paulo será paga em dezembro.

Ney Franco até priorizava sua permanência no Vitória, mas a oferta santista é quase o dobro de seu salário atual. O treinador recebe cerca de R$ 200 mil mensais no clube baiano.

Com o salário acertado, clube e técnico só precisam resolver o empecilho em relação a comissão técnica. O treinador considera fundamental o trabalho de seu auxiliar e não está disposto a abrir mão no embate.

O acordo verbal com Ney Franco faz parte de uma estratégia da diretoria do Santos para economizar até o fim do ano, já que o clube passa por problemas financeiros e deve fechar no “vermelho”. Claudinei Oliveira só seria demitido antes de dezembro caso o time sofresse contra o rebaixamento. Assim o clube economizou durante o pagamento da multa rescisória de Muricy.

Questionado sobre Ney Franco, a diretoria santista adotou a política de não falar sobre treinador para a próxima temporada, já que o clube disputa a reta final do Campeonato Brasileiro. "A gente está em um campeonato que precisamos pontuar. Não teria nenhum sentido, seria lamentável, se estivéssemos falando de novo treinador. Seria um desastre para o ambiente interno do elenco", afirmou Odílio Rodrigues, presidente em exercício do Santos.

"Nós temos o planejamento, só não vamos anunciar, não vamos falar de 2014. Não posso, porque teríamos que falar quem vai, quem fica, quem sai. Se formos falar de outro técnico, o Claudinei será o primeiro a saber", finalizou o presidente. 

*colaborou Vanderlei Lima