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Volante que entrou como emergência no Corinthians ajuda a explicar ascensão

Presença de Bruno Henrique fez Corinthians evoluir nas últimas partidas  - Daniel Augusto Jr/Agência Corinthians
Presença de Bruno Henrique fez Corinthians evoluir nas últimas partidas Imagem: Daniel Augusto Jr/Agência Corinthians

Dassler Marques

Do UOL, em São Paulo

08/07/2015 06h00

A decisão de escalar Bruno Henrique como único volante diante do Figueirense foi emergencial do Corinthians. Mas, três jogos depois, essa virou uma das principais explicações para a evolução recente da equipe. No período, foram duas vitórias, um empate e bom futebol apresentado. Em parte, graças a Bruno, que naquele dia só jogou porque Tite possuía quatro desfalques no meio.

Com ele como primeiro volante no lugar de Ralf e o retorno de Elias da seleção brasileira, a qualidade da saída de bola ficou maior e reduziu a dependência de Jadson e Renato Augusto na criação. Mas, a própria comissão técnica do Corinthians assume, Bruno Henrique não era visto como o jogador ideal para realizar esse papel. "Desde o Londrina e a Portuguesa, ele jogava como segundo volante", explica o auxiliar Fábio Carille.

Em entrevistas nos primeiros meses do ano, Tite chegou a declarar que Bruno era segundo volante. O diagnóstico era uma herança de Mano Menezes e da comissão de 2014 - Carille também estava. Escalado durante o Brasileiro passado como primeiro homem de meio-campo, ele fez dez partidas consecutivas, teve alguns bons momentos, mas a conclusão de Mano era de que teve dificuldades para entender o posicionamento defensivo que deveria executar. Até por isso, Ralf retornou ao time titular na ocasião.

Carille explica que Bruno Henrique tem sido instruído sobre como deve se comportar taticamente. Uma coisa é clara: a liberdade para avançar diminuiu. Por outro lado, o posicionamento é diferente, sobretudo porque o Corinthians joga no 4-1-4-1 e ele é o único jogador à frente da linha defensiva. "Ele não deve perseguir o meia do adversário, não pode ir tanto para a beirada do campo. Não pode se afastar tanto dos zagueiros", conta o auxiliar corintiano desde 2010.

"Por já ter jogado ali, me adaptei, eu sei o que tenho que fazer", diz Bruno Henrique. "Como o Tite sempre fala, jogo a jogo vai crescendo e tendo o conhecimento da posição. Estou me adaptando bem, tentando fazer o que meu jogo que é de pegar a bola e fazer o time jogar. Minha característica é de segundo volante e isso, para ser primeiro, ajuda, porque sou técnico", declarou o volante.

Os números também confirmam que a presença de Bruno Henrique, na prática, significa ter mais um jogador que pode ajudar na construção de jogadas. No Brasileiro, segundo dados do Footstats, Bruno tem média de 39,3 passes e 0,8 assistência para finalizações por jogo. O índice de Ralf é de 27,1 passes e apenas 0,1 assistência para finalização a cada partida.

Um desafio claro para Bruno Henrique é manter a estabilidade defensiva que o campeão mundial e ex-capitão oferecia. A média de desarmes de Ralf, por jogo, é bem superior: 3,9 bolas roubadas contra 2,6. Isso, cabe frisar, de maneira quase sempre leal, com média de apenas 1,1 falta por jogo. Bruno tem índice maior - 1,8.

Visto como a alternativa ideal para Ralf, o experiente Cristian retornou aos treinamentos em campo na terça-feira, mas deverá recomeçar do zero na busca por um lugar entre os titulares. A satisfação com Bruno Henrique é clara: em três jogos como titular, ele errou apenas 12 passes e não comprometeu na marcação. Ajuda a explicar como o Corinthians saiu da crise e se aproximou ao G-4.

Bruno Henrique sobre Ralf

"Ele é sem palavras. Representa muito para o time e a torcida, um dos maiores ídolos que o clube já teve. É um peso muito grande substituí-lo, mas estou trabalhando dia a dia para fazer um bom papel naquela função".